A CBF assegura contar com um documento da Fifa deixando claro que a transferência por empréstimo do zagueiro Victor Ramos do Monterrey-MEX para o Vitória nesta temporada é nacional.
A mesma carta se encontra em posse do Inter, que, em seu requerimento apresentado no STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), acusa a CBF de distorcer o conteúdo da resposta da entidade máxima do futebol através de seus representantes Omar Ongaro, Chefe do Comitê do Estatuto do Jogador e Governança, e Gaudenz Koprio, Líder Senior do Grupo do mesmo órgão, em 24 de maio.
“Mesmo diante da clareza da resposta da Fifa, a CBF, distorcendo o conteúdo da missiva, advogou a interpretação de que a Fifa teria aprovado o fato da transferência ter sido feita apenas nacionalmente. O que se observa claramente da missiva, na verdade, é precisamente o contrário”, escreve
O departamento jurídico colorado ainda afirma que a CBF não apenas teve uma interpretação equivocada do posicionamento da Fifa como ainda tentou induzi-la a uma resposta que reforçasse a sua posição.
Segundo os gaúchos, a CBF alterou o conteúdo da pergunta feita pelo auditor responsável pelo caso, Ronaldo Piacente, hoje presidente do STJD, para que ela encaminhasse à Fifa.
Conforme os representantes do Inter, o questionamento foi realizado da seguinte forma: “intime-se a CBF para oficiar a Fifa, com fito de esclarecer se a transferência de Victor Ramos foi nacional ou internacional”.
Ao invés de reproduzir a indagação do magistrado, a CBF teria, então, alterado e enviado assim, de acordo com o clube: “(…) nosso Superior Tribunal de Justiça Desportiva está requisitando a confirmação de tal situação pela FIFA, mais especificamente que, desde que o CTI já estava no Brasil, o empréstimo acima mencionado para o Vitória não se qualificaria como uma transferênca internacional para os propósitos de registros”.
Em seu requerimento, o Inter chama a formulação do questionamento feita pela CBF de tendenciosa.
O time do Beira Rio ressalta, ainda assim, que, mesmo nessas circunstâncias, a resposta da Fifa (veja foto acima) é no sentido contrário ao interpretado pela CBF e que ela sinaliza que o procedimento pertinente não foi adotado, reconhecendo que, no fim das contas, a despeito disso, a transferência foi registrada como nacional.
A interpretação da CBF foi acolhida pelo então auditor Ronaldo Piacente, que determinou o arquivamento da notícia de infração feita pelo Bahia, um dos primeiros a se manifestar sobre o caso, em 26 de junho.
No entanto, estranhamente, a intimação foi distribuída ao Bahia somente no último dia 29 de novembro, no mesmo período em que se ventilava a possibilidade de o Inter reabrir o caso. Piacente já ocupava o cargo de presidente do STJD e não mais auditor.
Além da CBF, conforme mostrado anteriormente pelo ESPN.com.br, o Inter acusa o Vitória de ter agido com “dolo e má fé para burlar o regulamento” e ainda apresentou novas provas em torno do episódio.
“O Vitória conhecia perfeitamente qual era o procedimento correto a ser adotado, tanto que chegou a iniciá-lo (!), tendo conscientemente, dolosamente, e de má fé, decidido não prosseguir por esta via em razão de que isto não satisfaria seus interesses”, escreve o Inter.
Procurado pela reportagem, o diretor do departamento de registros da CBF, Reynaldo Buzzoni, não atendeu as ligações.
Ele insistiu, em entrevista nesta manhã à rádio Bandeirantes RS, que o defensor Victor Ramos se encontra em condição regular no Vitória. “Por que o Internacional demorou 37 rodadas para fazer esta denúncia?”, indagou.
Em caso de punição do Vitória, o Inter escapa do rebaixamento pelos pontos a serem tirados do clube baiano nas 26 partidas em que Ramos entrou em campo na Série A.
O STJD estipulou o prazo de dois dias para que CBF e rubro-negro baiano se pronunciem a respeito.
(Marcus Alves, do ESPN.com.br)