Perdeu o emprego, não consegue mais pagar as contas, ficou com o nome sujo? Você não está sozinho: 61,7 milhões de pessoas estão com o nome negativado no país, de acordo com pesquisa do SPC Brasil do mês de fevereiro. O número representa 40,5% da população com idade entre 18 e 95 anos. Segundo a Serasa, o número é um pouco menor: 60,5 milhões de inadimplentes.
Para o superintendente de Finanças do SPC Brasil, Flávio Borges, o número ainda é reflexo do alto índice de desemprego no país, que bateu recorde em 2017.
Prazo para sujar o nome
Segundo Carolina Aragão, gerente da Serasa Consumidor, o credor pode enviar o nome dos consumidores para a lista negra a partir do primeiro dia de inadimplência. “Mas normalmente a empresa demora cerca de 30 dias para fazer isso”, diz.
Uma vez que a empresa notifique a Serasa, a Boa Vista SCPC e SPC Brasil, essas empresas devem enviar uma carta avisando o consumidor que ele irá ficar com o nome sujo caso não quite a dívida. “Será dado um prazo entre 10 e 20 dias para que ele regularize a situação, dependendo do Estado”, explica Borges.
Se não pagar, o nome vai ficar no cadastro de inadimplentes por até 5 anos. Depois desse prazo, o nome obrigatoriamente é retirado da lista, mas isso não significa que a dívida acabou. “Ela poderá continuar sendo cobrada na Justiça”, afirma o advogado especializado em Direito Bancário Alexandre Berthe.
Como limpar o nome?
“Quem não tem de onde tirar dinheiro, não tem jeito: vai continuar com o nome sujo. Mas a crise econômica está diminuindo, o que permite que algumas pessoas já possam limpar o nome e voltar a ter crédito”, diz Berthe.
Se você já está em condições de pagar as dívidas ou pelo menos renegociar parte delas, veja essas dicas dos especialistas para limpar o nome:
Verifique quem é o credor. Se não sabe quem sujou seu nome, é possível descobrir fazendo uma busca no CPF nos bancos de dados da Serasa, Boa Vista SCPC e SPC Brasil.
- Serasa: consulta gratuita pela internet e nos postos de atendimento
- Boa Vista SCPC: consulta gratuita pela internet e nos postos de atendimento
- SPC Brasil: consulta paga pela internet (R$ 9,90 para o próprio CPF) ou gratuita nos postos de atendimento
Se o nome foi negativado indevidamente, cabe até indenização por danos morais.
Antes de propor uma renegociação com o credor, verifique seu orçamento. Quanto gasta por mês? Quanto ganha? Saiba tudo o que tem de receita e despesa. Faça uma lista de tudo o que deve no cheque especial, cartão de crédito, contas, empréstimos, boletos, financiamentos.
É preciso saber exatamente onde está gastando e o que pode cortar para ver quanto dinheiro sobra de forma que você possa pagar o total ou parte da dívida.
Considere ainda que é preciso deixar uma reserva para imprevistos – não comprometa todas as contas da casa pagando a dívida sem deixar nenhuma folga no orçamento.
Se recebeu R$ 1.000 e tem dívidas de R$ 2.000, escolha o que vai dar mais prejuízo se não pagar. Um exemplo é a dívida da casa própria e do plano de saúde. Se ficar inadimplente com a prestação da casa, pode perder o imóvel em três meses.
“Se não pagar o plano de saúde, o plano pode ser cancelado depois de 60 dias de atraso – sejam eles consecutivos ou não”, explica o advogado Alexandre Berthe.
Outra dívida que não deve ser atrasada é a pensão alimentícia, já que ela é a garantia do sustento de outra pessoa, e ainda pode levar à prisão.
- Qual será o desconto, em percentual, sobre a dívida total?
- Se pagar a vista, posso ter um desconto maior?
- Se parcelar, quais serão os juros?
- Depois de pagar, em quanto tempo terei minha situação regularizada?
- Quando pagar, vou receber uma carta de quitação?
Uma outra dica é não decidir nada por impulso. “Peça para que a proposta de negociação seja feita por escrito, leve para casa, discuta com a família e volte depois com uma contraproposta ou, se houver concordância, para assinar o contrato de negociação”, informa a instituição.
Mesmo que não tenha como quitar a dívida toda, renegocie com o credor até chegar a um acordo sobre como pagá-la. “Às vezes o devedor não tem condições de pagar tudo, mas se essa dívida for parcelada, se for alongada, se tiver desconto nos juros, o consumidor consegue colocar as contas em dia”, afirma Borges. “O credor tem todo interesse em receber também”, diz Berthe.
Em fevereiro, os juros cobrados no cheque especial estavam, em média de 12,18% ao mês, ou 297,18% ao ano. Os de um empréstimo pessoal eram bem menores: de 4,22% ao mês ou 64,22% ao ano, segundo pesquisa da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
Ao pagar uma dívida ou renegociar, tenha sempre um documento que comprove, como um termo de quitação ou um novo contrato de renegociação da dívida, aconselha o advogado Alexandre Berthe.
Assim que a dívida é quitada ou for paga a primeira parcela do acordo, os cadastros de inadimplentes têm até 5 dias para tirar o nome do consumidor da lista negra.
R7