Doença pode progredir até estágios em que apenas o transplante hepático pode ser útil
Tratar hepatites virais por meios alternativos é um equívoco. De acordo com a hepatologista, Ana Thereza Gomes, atualmente há tratamentos disponíveis altamente eficazes, em muitos casos, e com poucos efeitos colaterais. Porém, muitos pacientes erroneamente acreditam quealgumas ervas e chás podem ser tão eficientes quanto as drogas prescritas pelos médicos.
“Entretanto, é muito importante salientar que não há comprovação científica de eliminação completa dos vírus com nenhum dos tratamentos alternativos propostos”, relata a médica que integra a equipe da Assistência Multidisciplinar em Oncologia – Clínica AMO no Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, 28 de julho.
De acordo com a especialista, é importante ter o entendimento de que várias plantas podem, na verdade, ser tóxicas ao fígado, inclusive com risco de hepatite fulminante e morte em alguns casos. “Como exemplo, há casos descritos com chá verde, Kava-Kava(Piper methysticum), chá de erva cavalinha (Germander), Valerianaofficinalis,Cascara sagrada(Rhamnuspurshiana) entre muitos outros”, destaca Ana Thereza Gomes.
A hepatologista pontua que há, ainda, o risco de o paciente postergar o tratamento definitivo, em virtude das tentativas de estratégias alternativas isoladas e, a doença progredir até estágios em que apenas o transplante hepático pode ser empregado como tratamento.
Sobre mitos em torno do diagnóstico, Ana Thereza afirma que é um equívoco achar que somente tem hepatite viralaqueles que ficam com os olhos amarelados (icterícia), já que boa parte dos portadores não sente nada.
Prevenção
“Em todos esses três tipos, hepatite B, C ou D, o indivíduo pode estar doente, infectado e não sentir nada (assintomáticos). Daí a relevância de solicitar ao seu médico que faça simples testes para investigação das hepatites virais”, acentua a hepatologista.
Hepatite é um termo genérico que representa qualquer inflamação no fígado, por diversas causas como álcool, ervas usadas para chás, gordura (esteatohepatite), bactérias, etc. Dentre as causas da inflamação do fígado, um dos agentes envolvidos são os vírus.
“As hepatites virais crônicas podem evoluir silenciosamente para cirrose hepática e causar várias complicações como água na barriga (ascite), hemorragia digestiva, impotência e outros. Uma das consequências associadasàs hepatites B, C e D mais temida é o hepatocarcinoma que é o câncer do fígado”, afirma a especialista.
A médica orienta, ainda, sobre a importância de prevenir-se. Existem vacinas para evitar a infecção pelo vírus da Hepatite A, B e D (a vacina da hepatite B previne a infecção pelo vírus D, já que um depende do outro para causar a doença).
Além da vacina, é importante salientar que a forma de contaminação mais frequente é através do sexo, no caso da hepatite B e do uso de agulhas e materiais perfurantes contaminados, no caso da hepatite C. Como exemplo, os alicates de unha e lâminas de barbear, bem como as agulhas que os usuários de drogas venosas empregam e compartilham.