Está pensando em iniciar o seu próprio negócio com o dinheiro do saque do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço)? Mais de 106 milhões de trabalhadores têm direito ao saque das contas ativas e inativas do Fundo, segundo a Caixa.
O valor de R$ 500 pode parecer pouco para a empreitada, mas especialistas afirmam que é possível sim abrir uma empresa com este montante e alçar voos mais altos ainda este ano.
“As ideias que dão origem às startups não têm um valor primário. Vale mais o talento para desenvolver alguma solução para resolver um problema de forma diferente, do que o valor que se tem para investir”, diz Tânia Gomes Luz, vice-presidente da Abstartups (Associação de Brasileira de Startups).
Tânia lembra a história da Airbnb, plataforma de serviço online comunitário de hospedagem, que começou pela ousadia e criatividade de dois jovens recém-formados em design, que estavam sem dinheiro para pagar o aluguel.
Brian Chesky e Joe Gebbia descobriram que haveria uma conferência de designers na cidade onde moravam, em São Francisco, nos Estados Unidos, e que todos os hotéis estavam lotados. Decidiram, então, tirar três colchões de ar do armário, inflá-los, oferecer hospedagem e cobrar pelo serviço.
A ideia, inicialmente criada para esticar o dinheiro até o fim do mês, resultou numa empresa que, atualmente, tem valor de mercado estimado em US$ 31 bilhões.
Henrique Romão, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo), aposta mais no setor de serviços do que no comércio ou indústria para iniciar um negócio com o investimento de até R$ 500.
Criatividade é a palavra de ordem para iniciar um negócio com poucos recursos, e o setor de serviços é o mais favorável por exigir menor investimento e poder permitir ao empreendedor explorar um talento natural, diz o especialista.
Entre os materiais de divulgação estão: panfleto, cartão de visita e site.
O especialista cita algumas opções de serviços que são possíveis iniciar em casa e com pouco dinheiro:
Culinária
Se você gosta de cozinhar, uma boa dica é investir na produção de brigadeiros ou de outros doces. Com R$ 500 dá para comprar insumos e pequenos equipamentos para iniciar a confecção e partir para as vendas.
Fotografia
Você é daquelas pessoas que não saem de casa sem uma câmera fotográfica para registrar todos os momentos em família e com os amigos? Já pensou em transformar a sua paixão em um negócio?
O dinheiro do saque do FGTS pode ser utilizado para criar panfletos, cartões de visita e um site para divulgar o seu trabalho.
Aqueles favores que os amigos pedem para você fotografar o aniversário do filho ou uma festinha em família podem começar a render um dinheirinho e virar o seu negócio principal.
Aula particular
Tem domínio de um outro idioma, toca algum instrumento musical ou domina planilhas de Excel ou programação?
Você pode explorar o seu lado professoral e começar a dar aulas particulares. Faça um plano de negócio e inicie a divulgação!
Passeador e cuidador de animais
Existem quase 140 milhões de animais de estimação no país, segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação). Por trás deles, donos apaixonados pelos seus bichinhos.
Gosta de animais e tem um espaço em casa para receber visitas eventuais? Já pensou em oferecer serviço de passeador de cães e de hospedagem para fins de semana, feriados ou outros dias que estiver disponível?
Serviços de reparos, jardinagem e pintura
Algumas atividades exigem mais aptidão pessoal do que dinheiro. Se você tem um lado “faz tudo” e domina a área de reparos em geral, jardinagem e pintura, pode ser uma boa começar um negócio nesse segmento.
Com o dinheiro do saque do FGTS, você pode comprar pequenos equipamentos e imprimir material para divulgar o seu trabalho.
Maquiagem, barbearia e estética
Se você tem formação na área de estética e estava buscando uma oportunidade para iniciar o seu negócio, pode ser uma boa usar o saque do FGTS para isso.
É uma das áreas que mais oferece oportunidades para os empreendedores, segundo Romão.
Vendas online
Tânia aposta no e-commerce como uma boa alternativa para começar ou expandir um negócio.
Para ela, qualquer que seja a decisão de negócio, o empreendedor precisa considerar a venda online por facilitar a abrangência do seu negócio.
“Tive um e-commerce que vendia sapatos durante três anos e, mesmo com muitos concorrestes, obtive muito sucesso. É uma área que dá muita visibilidade e retorno.”
Romão acredita, no entanto, que o e-commerce exige mais atenção do empreendedor que deseja abrir um negócio, do que o setor de serviços.
“Ele precisa avaliar a divulgação e o estoque inicial necessário para iniciar o negócio. O cálculo errado do estoque pode comprometer o pouco dinheiro disponível, caso as vendas demorem para serem efetivadas. Com isso, o negócio não vai oferecer o giro rápido que ele espera. ”
A maioria dos micro e pequenos negócios podem ser formalizados por meio do MEI (microempreendedor individual). Uma empresa legalizada passa a ter, por exemplo:
• CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica);
• Autorização para participar de processos de licitação (por ter CNPJ)
• Alvará de funcionamento;
• Acesso a financiamentos bancários;
• Benefícios sociais, como aposentadoria por idade e licença-maternidade;
• Emissão de nota fiscal, o que permite ao empreendedor comprar insumos mais baratos diretamente dos fornecedores, por exemplo;
• Ter um faturamento anual de até R$ 81 mil;
• Isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL), esse empreendedor paga apenas uma taxa mensal obrigatória, que é o DAS-MEI (Documento de Arrecadação do Simples Nacional do MEI).
Os valores variam de R$ 50,90 a R$ 55,90 (depende do tipo de atividade do MEI)
• Comércio e indústria: R$ 50,90;
• Serviços: R$ 54,90;
• Comércio + serviços: R$ 55,90.
“O MEI é o estágio inicial de uma empresa e atinge, basicamente, pessoas que vão trabalhar sozinhas. E muitas delas dependem de uma aptidão. Por isso o sistema vem se mostrado uma boa alternativa para quem quer iniciar um negócio”, conta Romão.
O cadastro pode ser feito sem burocracia diretamente no Portal do Empreendedor.
Antes de iniciar o negócio, no entanto, Romão orienta o candidato a empreendedor a se capacitar.
E destaca que o Sebrae oferece cursos e consultoria gratuita para quem deseja empreender.
R7