A Organização Não Governamental (ONG) União de Proteção Salvador, que atua no bairro de Piatã, na orla de Salvador, identificou a morte de um gato após o incêndio que atingiu a colônia na região, na tarde de domingo (4). Além disso, um outro animal precisou ser internado com problemas respiratórios por ter inalado fumaça durante o incêndio.
Cerca de 300 animais ocupam o local, quase todos tendo sido abandonados por antigos donos. Durante o incêndio, 35 filhotes foram retirados da colônia, entre bebês e filhotes maiores de até dois meses. Além das duas situações mais graves, um terceiro gato foi levado por uma voluntária e permanece em observação.
A médica veterinária Ilka Gonçalves, que atuou na ocorrência com os animais, explicou que alguns filhotes ainda mamavam e ainda nem chegaram a abrir os olhos. Outros maiores conseguiram correr, mas tiveram a saúde afetada por ter inalado fumaça.
“A preocupação maior era chegar aqui e ter filhote morto. E realmente tinha. Tinham gatinhos que nem tinham aberto os olhos ainda, estavam mamando. E outros já de dois meses, gripados, não estavam muito bem de saúde. Já tinham o trato respiratório comprometido”, disse.
A médica informou que os gatos foram levados por voluntários, que receberam orientação de como tratar os animais e estão sendo monitorados pela equipe de veterinários.
Ilka acrescentou que, por mais que exista trabalhos de voluntários e castração dos animais, uma das maiores causas de problemas com os gatos na região é o abandono. Ação, inclusive, que é crime tipificado no Código Penal Brasileiro.
“Todos os dias têm abandono nesse local. Todos os dias! Os moradores de rua que ficam por aqui dizem que quando eles estão aqui na frente, as pessoas abandonam do lado de trás. Precisa ter uma fiscalização em toda essa região para parar o abandono”, comentou a veterinária.
“Precisa ser entendido que animal é uma vida. Ele tem sentimentos. E a partir do momento que você pega ele, ele cria um vínculo com você. Abandonar, dar a outra pessoa, é algo que não deve nem passar pela cabeça da pessoa. A gente não faz isso com um parente. E o animal tem esse mesmo vínculo com a gente. Isso precisa ser tirado da cabeça das pessoas”
Ação voluntária
Márcia Meneses é uma das representantes das ONGs que atendem aos animais abandonados na colônia. Ela disse que atua no local há cerca de três anos e faz campanhas para que voluntários ajudem no cuidado com os gatos na região, na orla de Piatã. Além disso, a organização também coleta informações para conseguir adoção e novos lares para os bichinhos. Tudo feito pelas redes sociais.
Segundo ela, a entidade não recebe aporte financeiro de órgão público nem de empresa privada e usa as redes sociais para conseguir as doações.
“Nós atuamos desde 2018. Fazemos campanha de arrecadação de ração, assistência aos que precisam de atendimento veterinário. A gente faz todo o trabalho de campanha nas redes sociais para conseguir doação para esses animais”, explicou.
De acordo com Márcia, é necessária a criação de políticas públicas para uma campanha em massa de castração, para evitar a procriação dos gatos. Além disso, ela pede um monitoramento na região onde há a colônia para que não haja mais abandonos de animais no local.
“A gente precisa de políticas públicas. Uma campanha massiva de castração. Que a prefeitura, o estado, se comprometam em fazer essa campanha e as pessoas levem seus animais para serem castrados. E precisamos de monitoramento neste local”, disse a voluntária.
Além disso, ela explica que a região da orla onde existe a colônia é uma área de mata e não é propício para gatos viverem ali e classifica a situação como um problema de saúde pública.
“O necessário seria retirar os animais daqui. Essa área não é adequada para ter gatos. É uma área de vegetação. A gente já tem problemas sérios de verminoses, problemas de pele. É uma questão de saúde pública. O ideal é que eles sejam retirados daqui e exista um monitoramento policial para que outras pessoas não continuem abandonando”, finalizou.