O período de defeso do caranguejo-uçá, que começou nesta terça-feira, 21, e segue até 27 de março, continua mobilizando ambientalistas e moradores do Condomínio Busca Vida (CBV), localizado em Camaçari, litoral norte da Bahia. Nestes dias, as atividades de pesca, caça, transporte, industrialização e comercialização dessa espécie ficam vetadas ou controladas, pois está havendo o período de reprodução, de acordo com Marcelo Dourado, síndico-administrador do CBV.
Segundo os biólogos, a espécie corre muitos riscos na natureza, pois a carne do caranguejo-uçá (catanhão, caranguejo-verdadeiro ou uçaúna) é muito apreciada na culinária e sua carapaça também é utilizada no artesanato, em cosméticos e na alimentação animal. A subespécie Ucides cordatus cordatus possui carapaça de coloração que varia do azul-celeste ao marrom escuro, patas lilás ou roxas, quando na fase juvenil, e de cor ferruginosa ou marrom-escuro em exemplares adultos; sendo encontrada em mangues, desde o estado da Flórida (EUA) até o sul do Brasil, sendo uma das espécies mais comuns nos manguezais da costa atlântica ocidental. O termo “uçá” vem do tupi u’sa (caranguejo).
Tartarugas-marinhas
A região de Busca Vida é conhecida por ser um berçário natural de tartarugas marinhas e de reprodução natural de diversas espécies e, em função disso, a Comissão de Meio Ambiente do Condomínio Busca Vida (CBV), em parceria com a sua administração e o Projeto Tamar, está realizando também mais solturas de tartarugas marinhas neste período com a participação de biólogos da entidade e voluntários do CBV. Durante a ocasião, uma rápida palestra é realizada pelos especialistas, explicando o ciclo reprodutivo e os cuidados que devemos ter com a preservação da espécie.
O Condomínio Busca Vida está localizado em uma Área de Preservação Ambiental (APA) e sua administração atua com o direcionamento de especialistas em diversas frentes, inclusive em âmbito marítimo. Isso porque a praia da localidade é uma das preferidas por diversos animais marinhos, por ser silenciosa e escura, não ter um grande volume de banhistas e com batimento leve das ondas. “É por esta razão que os humanos devem adotar uma série de cuidados nesta temporada em que há mais frequentadores, como manter a área escura ou com luzes adequadas, não deixar cadeiras, sombreiros e outros equipamentos fixos na areia, andar de coleira com os animais de estimação e não usar veículos na praia”, explicam os ambientalistas.
Com relação às tartarugas-marinhas, as fêmeas saem do mar e procuram desovar acima da linha da maré, na região da areia mais seca. Em cada ninho, são colocadas uma média de 120 ovos, que demoram cerca de 60 dias até a eclosão. Durante todo o processo, a Comissão de Meio Ambiente prepara a abertura de ninhos e o acompanhamento seguro das caminhadas de filhotes de tartarugas ao mar. Há sete espécies no mundo, todas ameaçadas de extinção, sendo que cinco delas se encontram no Brasil e quatro na Bahia. A praia de Busca Vida é importante para a tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta), tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), tartaruga oliva (Lepidochelys olivácea) e a tartaruga verde (Chelonia mydas).