Quando o mês de junho se aproxima, os enfeites colorem as ruas, o sabor do milho, do amendoim e das outras comidas típicas ganham as mesas, sem falar nas fogueiras, que a chama propaga, aquecendo e irradiando o que estiver ao redor. Vários são os elementos que tornam as festividades juninas um momento tão afetivo e enraizado na cultura nordestina. Outro ingrediente marcante desse período é a dança, tradição que se mantém viva, especialmente, com os grupos juninos.
Em Camaçari, o Festival de Grupos Juninos tem espaço garantido no Camaforró 2024, no espaço Vila da Cultura e, este ano, nove agremiações, divididas em diferentes categorias, vão participar. A agremiação Junina Popular, de Vila de Abrantes, que desde 2019 participa dos festejos, está entre os que irão se apresentar.
Com um espetáculo que mescla elementos teatrais e de dança, abordando o tema “Amor de Ouro, a Riqueza Junina”, que fala sobre um dos elementos mais importantes da festa junina: o milho, o grupo colocará 12 casais em cena. E para encantar mais uma vez a plateia, a agremiação ensaia há dois meses, sempre às segundas e quartas-feiras, das 17h às 19h, no Centro Educacional Marquês de Abrantes.
O coreógrafo José Luís Rosário conta sobre o processo de preparação. “Desenvolvemos nos ensaios um trabalho adaptado, já que temos pessoas com mais experiência e outras com menos. A ideia é potencializar as habilidades de cada um”, destaca. Ele também pontua sobre o impacto positivo que a participação no grupo traz para a vida das crianças e jovens. “Temos pessoas de variadas idades que se entregam a este trabalho, o que reflete também na vida e na socialização delas, pois se desenvolvem, aprendem a acreditar mais em si mesmo e levam para casa mensagens, como a da paz”, afirma.
Entre os integrantes mais novos está Jhonatan Gabriel da Conceição, 12 anos, que entrou este ano no grupo. “Minha irmã já participava da quadrilha, e quando assisti a apresentação, ano passado, gostei muito. E, por isso, resolvi entrar também. É o meu primeiro contato com a dança e tenho achado muito legal, estou ansioso para me apresentar”, disse o garoto.
Jailton Souza, 20 anos, entrou na agremiação em 2023, mas este também será o primeiro ano em que irá encarar a plateia. “Ano passado ensaiei, mas não pude participar das apresentações. Por isso, a expectativa está lá em cima, para, finalmente, mostrar o resultado do meu esforço e da minha dedicação. Acho grupos juninos algo espetacular, é muito bom fazer parte disso”, afirmou.
A agremiação Junina Popular é oriunda do projeto desenvolvido pela Fanfarra Municipal Popular de Abrantes (FAMPA). Além dos ensaios, o grupo se prepara para os festejos com a confecção dos cenários e adereços, feita pelos próprios brincantes, com a supervisão de profissional da área artística. Em breve, uma equipe de costura, da própria comunidade, dará início à produção dos figurinos.
O Festival de Grupos Juninos no espaço Vila da Cultura, durante o Camaforró 2024, contará também com a participação das agremiações Pé de Moleque, Flor de Lis, Santo Antônio, Pode Misturar, Vem Que Tem, Unidos Venceremos, Poctá, além da participação especial da Fogueira Santa, uma das mais tradicionais, premiadas, e celebradas de Camaçari. A iniciativa é promovida através do edital de concurso cultural Kit Cultura Popular – 3ª edição, realizado pela Prefeitura de Camaçari, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).
Cada selecionado receberá o valor bruto de R$ 19 mil, além de logística de apoio para realização de apresentação nos festejos. O concurso cultural visa reconhecer, valorizar e premiar a atuação de grupos de Camaçari, responsáveis pela transmissão e perpetuação de saberes, celebrações e formas de expressão que compõem o patrimônio cultural imaterial do município, em toda a sua diversidade.
Foto: Tiago Pacheco/Arquivo