Dela, ele conhecia apenas os olhos. Todos os dias, no mesmo horário, a via passar dentro do ônibus. Sentava-se na mesma janela. Olhos amendoados, fixos em algum ponto à frente. Os cabelos pretos, finos, balançavam levemente ao ritmo do vento que adentrava o coletivo. Apaixonou-se por ela. Parecia ter pouco mais de 20 anos. Aparentemente, séria, compenetrada. Imaginou-a profissional de saúde, preocupada com a pressão das coisas a fazer durante o dia; ou mesmo bancária, provavelmente estudante de nível superior… Imaginava como se apresentaria a ela e contaria sua admiração platônica. Todos os dias esperava ela passar. A paixão aumentava. Decidiu subir no ônibus, mesmo não sendo sua linha e finalmente conhecer a menina. Foi o que fez. Sentou-se ao lado dela, nervoso. Puxou um papo qualquer. Ela respondeu desconfiada. Educadamente, ele se apresentou:
– Olha, meu nome é Eduardo. Tenho acompanhado você passar há quase duas semanas dentro deste ônibus. Quis muito te conhecer.
Ela olhou discretamente para ele. Seus olhos brilharam. Perguntou:
– Eduardo Castro?
-Sim sou eu, você me conhece? – respondeu espantado!
– Claro, mesmo por trás dessa máscara. Sou eu, Tônia, sua prima!
Não falaram mais sobre aquele assunto.
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