Dois meses depois de a epidemia ter estacionado na capital baiana, o relacionamento de Castro e Ana Júlia tinha esfriado. Não por culpa deles. Castro era soldado da PM e vinha enfrentando rondas cada dia mais estressantes. Ana, fisioterapeuta, trabalhava na recuperação de pacientes de UTIs de dois hospitais particulares. Sabiam que a qualquer momento um poderia infectar o outro e tomavam cuidado. Evitavam beijos e nunca mais fizeram amor de forma ardente quanto o de três meses atrás. Numa segunda-feira, passando pela Praça da Piedade, Castro viu uma ambulante vendendo máscaras com escudos de clubes. Ana era flamenguista, ele torcia pro Bahia. Decidiu fazer uma surpresa. Comprou as máscaras. Ana passara a noite anterior num plantão de 12 horas e finalmente teria uma noite em casa. Jantaram juntos. Na hora de dormir, brincando, ele pôs a máscara do tricolor e disse a ela que colocasse a do rubro-negro. Que tal um jogo de Série A? Começou como uma brincadeira, mas de amistosa, a partida acabou caminhando para uma decisão de campeonato. Os beijos aconteceram, ardentes, mesmo que atrapalhados pelas máscaras. Na folga seguinte, Ana decidiu devolver a surpresa e comprou máscaras de heróis da Disney. Ela de Minie e ele de Pato Donald. Depois experimentaram Bob Esponja e Pepa Pig. Darth Vader e Miraculous… Harry Porter e Rainha Elsa. As noites de intenso amor voltaram no ritmo das máscaras. Mas a melhor de todas as noites foi o encontro entre a Mulher Maravilha e o Homem Aranha. Nunca imaginaram que misturar dois universos, o DC e o Marvel, resultaria de uma experiência tão excitante.
+++
#chicossauro_rex
digasalvador@gmail.com