Nossos avós são sempre referência na vida da gente, quando não são pai e mãe para muitos. Sobre os meus, tenho boas lembranças. Mas tudo começou com um fato trágico para meu pai. Eu acabara de nascer no Hospital da Sagrada Família e um primo chegava com a notícia da morte do meu avô Chico, pai de Seu Zeca – que estava entre a alegria do nascimento do primeiro filho e a tristeza da perda do pai. Herdei o nome Francisco.
Meu outro avô, Seu Cruz, era enfermeiro. Visitava quase que diariamente nossa casa no Terceiro Barreiro. Era ele quem cuidava de cortes meus e dos meus irmãos, que tirava espinho de pina-uma dos meus pés, que dava ponto, injeção. Certa vez, com talvez doze anos, tive vários abcessos entre pescoço e pernas. Um deles, no antebraço, inchou demais e provocava dores intensas. Seu Cruz foi chamado para me ajudar. Me disse:
– Feche os olhos que vou ter que forçar um pouco para espremer.
Fechei os olhos e ele cuidadosamente abriu o abcesso com um bisturi que habitava sua maletinha de utensílios médicos que carregava para tudo quanto é canto. Fiquei bom. Obrigado, vô!
De vó Ana, ou Naninha, mãe de Seu Zeca, lembro que era uma força da natureza. Com mais de 80 anos dava a volta no mundo entre as casas dos filhos. Não tinha pouso certo. Ficava mais tempo com Tia Nina, em Sete de Abril, mas ia para Feira de Santana, Candeias, Amélia Rodrigues, sempre com muita disposição e sempre levando lembrancinhas para os netos, que podia, ser um sabonete, um pente… Lá em casa ficava seu oratório, que eu admirava e olhava constantemente os santos ali residentes. Era boa rezadeira. Resolveu muitos problemas de dores da gente. Nos deixou aos 99 anos.
Por último, Vó Filu. Delicadeza em pessoa. Maiorzinho, eu adorava ir à sua casa, e ia obrigatoriamente todos os dias fazendo minha vez de “telefone” entre ela e minha mãe. Na época, ter um telefone em casa era luxo e eu levava, trazia recados. Levava, trazia marmitas. Conversava muito com ela e a ajudava a cuidar de suas plantas, hábito que herdei. Lembro também do abacateiro que tinha na vila onde morava e que a deixava orgulhosa de dar os frutos a parentes e amigos. Ainda hoje amo abacates!
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#chicossauro_rex
Oi Chico, mesmo com a partida do seu avô que você herdou o nome e que não o conheceu mas deixou o seu pai triste, você tem boas e belas lembranças dos seus avós. Como é bom fecharmos os olhos e lembrarmos de coisas como por exemplo as gentilezas, os cuidados, os carinhos e os dengos dos avós. Você foi privilegiado, eu nao tive essa oportunidade de conhecer os meus, mas como avó e futura bisa mim sinto feliz e realizada. Te desejo vida longa para curtir os seus netos. Beijos da prima Chica.
Prima, que bom ler seu comentário. Obrigado pelo carinho. Beijos