A participação do agronegócio no PIB brasileiro alcançou a marca de 26,6%, no último ano, e estimativas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento revelam que a produção agrícola brasileira deve crescer mais de 20% até 2030. O panorama nacional, no entanto, mostra que o salto em produtividade não deve estar desvinculado de cadeias mais sustentáveis e iniciativas de responsabilidade ambiental, social e governança corporativa – as chamadas “práticas ESG”.
Para garantir vantagens competitivas e ampliar a janela de oportunidades – seguindo as tendências do digital e atendendo à busca por marcas social e ambientalmente responsáveis – o setor deve fornecer sistemas e soluções que sejam revertidos em eficiência, controle agrícola e melhorias ao plantio. Ou seja, o ecossistema de inovação pode ser um aliado para a perenidade no mercado. “O agronegócio é um dos principais setores do país. Nos últimos anos, o Brasil vem dando saltos em tecnologia, produtividade (…). Têm crescido os investimentos, a nível nacional e internacional. O agro tem crescido inclusive mais do que outros setores, e o papel das startups, nesse sentido, é fundamental”, observa Rodrigo Paolilo, co-fundador e CEO do Grupo Rede+, um hub de inovação corporativa, referência, na capital baiana, em conectar empreendedores e negócios.
Segundo Paolilo, quanto mais cedo as empresas – de pequeno, médio ou grande porte – se prepararem para os desafios do mercado, maiores serão as chances de sucesso em perspectivas para o futuro. No setor do agronegócio – aponta – soluções criativas podem ser incorporadas tanto em logística de aquisição de insumos quanto em controle de qualidade e manejo da produtividade no campo. “A gente ajudou startups do Brasil inteiro. Startups do agro puderam se conectar com outros programas fortes e outras startups do mundo”, destaca o CEO da Rede+, grupo que acelerou mais de 220 projetos e atua, desde 2014, com programas de pré-aceleração, aceleração, mentorias, capacitações, internacionalização e conexão com universo de inovação e startups.
Já participaram de programas da Rede+ a Safe Drinking Water For All (SDW), elencada pela Revista Exame como uma das “50 startups que mudam o Brasil”, além da DigiFarmz, campeã da etapa brasileira na final do “Get in the Ring Meetup 2021” (competição com mais de 100 países), e a Arpac, responsável pela maior frota de drones para pulverização agrícola no Brasil.
A iniciativa não é isolada. O levantamento do Radar Agtech Brasil mostra que, em 2020, o número de startups do agro cresceu 40%, no comparativo com 2019. Com o apoio de instituições para pré-aceleração, aceleração e investimentos, essas startups vêm ocupando papel de destaque; no país, são mais de 1500 voltadas ao segmento e, na região Nordeste, o quantitativo de “Agtechs” quase dobrou no ano passado.
Como se conectar a esse mercado?
Para unir atores do ecossistema de inovação, com soluções para o agronegócio que representem avanços também em sustentabilidade e impacto ao consumidor final, é preciso construir relações que abarquem as demandas do dia a dia do setor, colaborem para a tomada de decisões e otimizem os processos e recursos – desafio que, segundo o CEO da Rede+, exige adaptação, conexão e capacitação para desenvolvimento.
“O primeiro ponto é entender diretamente as dores do agro, se conectar com os produtores, com o ecossistema do agronegócio. Existem diferentes demandas, seja na área de logística, de comercialização, acesso ao mercado ou conexão internacional. Estudar e se conectar efetivamente é o ponto de partida. Buscar soluções replicáveis também é importante. E outro ponto é participar de programas que ajudem essa turma a dar um salto qualitativo na organização do seu negócio, no desenvolvimento de tecnologia, e assim por diante”, afirma Rodrigo Paolilo.
Case de sucesso: SDW leva água potável para o semiárido
Única tecnologia do mundo para o tratamento de água pluvial de cisternas em regiões remotas e quentes a partir apenas da exposição ao sol, o dispositivo “Aqualuz”, da startup Safe Drinking Water for All (SDW), criada pela baiana Anna Luisa Beserra, faz parte de iniciativas que vêm revolucionando o mercado através de soluções que impactam diretamente a vida das pessoas.
Com baixo custo, fácil manutenção e durabilidade, o dispositivo já impactou mais de 500 famílias do semiárido brasileiro. Os desafios para o desenvolvimento da tecnologia, o investimento, a ampliação do acesso e a gestão empresarial do negócio, no entanto, – aponta a CEO da SDW – sempre existiram. Segundo ela, as acelerações, mentorias, a formação empreendedora e a resiliência foram fundamentais para o networking e para potencializar o impacto da startup.
“A gente sempre busca participar de programas de aceleração, entendendo que cada um tem o seu foco. Isso tem feito com que a gente consiga ganhar maturidade e até uma certa robustez para que o crescimento se torne mais seguro, minimizando os riscos. (…) E há também o próprio networking. Uma das acelerações em que a participamos deu origem a clientes, e isso é fantástico pra nós. Com a Rede+, é antigo o contato, praticamente desde o início da SDW. O primeiro programa de pré-aceleração do qual participamos aconteceu dentro de Rede+”, afirma Anna Luisa Beserra.
A startup já trabalha também com novas tecnologias, como o “Aquapluvi” – pia híbrida que facilita a higienização das mãos –, além de outras soluções baseadas na viabilidade econômica e sustentabilidade. De acordo com a CEO da SDW, a meta é totalizar 10 tecnologias no portfólio, até 2024, e impactar 1 milhão de pessoas até 2025.
Sobre a Rede+
Mais que uma aceleradora, a Rede+ é um hub de inovação corporativa para empresas públicas e privadas, além de órgãos governamentais, startups, entidades e instituições de ensino. Presente desde 2014 no mercado, a Rede+ atua como um polo de serviços, oferece soluções personalizadas de inovação corporativa. O Grupo acelerou mais de 220 projetos e impulsionou iniciativas promissoras, na Bahia.