Doze meses. Este é o prazo previsto para a conclusão da maior contenção de encosta já construída pelo Governo do Estado em Salvador. Orçada em R$ 20,2 milhões, a obra será realizada na Rua São José, bairro da Liberdade, onde, em 2015, quatro pessoas perderam a vida, vítimas de deslizamento. Na manhã desta segunda-feira (7), o governador Rui Costa retornou à localidade para autorizar o início imediato dos trabalhos. A intervenção integra o Programa de Execução de Obras de Contenção de Encostas em Setores de Risco Alto e Muito Alto, do Governo do Estado, e é resultado de parceria com o governo federal.
Na ocasião, o governador destacou a importância das encostas, que figuram como segurança de vida para as famílias. “Imagine você estar trabalhando preocupado com os riscos que seu filho está correndo dentre de casa. Aqui, não é só uma obra física. Mais do que o concreto e o cimento, o que vale é o cuidado com as pessoas. Isso, com certeza, é o mais importante e não tem preço”, afirmou Rui.
Rui se emocionou ao voltar ao bairro onde nasceu e lembrou as vezes em que presenciou desabamento de terra na região, como aconteceu no ano passado. “Não estou aqui só como governador, estou realizando um sonho de infância, garantindo mais segurança e qualidade de vida para todos que moram aqui nessa região”.
Sob responsabilidade da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado, órgão vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), a intervenção beneficiará 1.900 pessoas moradores. A encosta terá 504 metros de extensão. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Urbano do Estado, Carlos Martins, este é o maior investimento em encosta já realizado até o momento. “São 500 metros de extensão. Serão 17 painéis, entre cortina com tirantes e solo grampeado. Além de prevenir, teremos aqui obras de urbanização, paisagismo, água e esgoto”.
Além da obra da proteção, Rui Costa revelou que outras intervenções urbanas serão realizadas na localidade. “Já recomendei à Conder para que possamos construir quadra, praça, parque infantil, aproveitando os espaços que sobrarem da obra. Vamos utilizar cada metro quadrado para oferecer uma área de convivência para essas famílias. O governador também recomendou à empreiteira responsável por executar a obra que priorize mão de obra local. “Aqui tem muita gente que trabalha com construção civil, pedreiro, armador, que pode ser contratado na obra. Por morarem aqui, não tenho dúvida que eles vão trabalhar com ainda mais capricho e dedicação”.
A contenção ainda contempla a Rua São Domingos e toda a Baixa do Fiscal. Há quase seis décadas, a espanhola Cândida Garrido, 59, vive na localidade com a família. Ela, inclusive, perdeu o avô vítima de deslizamento de terra em 1978. “Muita gente morreu do lado de cá, onde vai ter a contenção. São lembranças tristes. Eu era menina, uma garota. Todos os que se foram são amigos, pessoas que conviveram com a gente. Pedimos a Deus que mandasse uma pessoa para fazer essa encosta. Senão, não para. São outras vidas que podemos perder. A cada chuva ninguém dorme”.
Há 28 anos, Hamilton Couto fabrica picolés e sorvetes no bairro e emprega seis pessoas. Ano passado, o pequeno empresário perdeu todo o maquinário no deslizamento ocorrido no Dia das Mães. Felizmente, foi em um domingo e não havia ninguém no momento em que a terra caiu sobre a pequena fábrica. Agora, instalado em outro ponto, mas ainda próximo do anterior, Couto está otimista com o investimento do poder público. “É uma obra importante para moradores, comerciantes. Mais segurança para todos aqui no bairro. Vai ficar muito bom. Valorização de todos daqui”.
Programa de encostas
O Programa Execução de Obras de Contenção de Encostas em Setores de Risco Alto e Muito Alto, realizado pelo Governo do Estado, selecionou 98 áreas de encostas a serem recuperadas, por oferecerem risco de vida aos moradores ou risco de desabamentos e deslizamentos de terra. Até agora, 27 delas já foram concluídas, 11 estão em fase de execução e 60 serão iniciadas até o final deste ano. No total, serão investidos recursos na ordem de R$ 156 milhões com recursos do Ministério das Cidades, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento II (PAC 2), na linha de Desastres Naturais.
Secom