Equipes da Polícia Civil e do Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizaram, na quarta-feira (28), a reconstituição do caso da médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo, que caiu do 5º andar de um prédio em Salvador, durante uma briga com o companheiro, o também médico Rodolfo Cordeiro Lucas.
O inquérito havia sido concluído no dia 3 de setembro, quando Rodolfo Cordeiro foi indiciado por tentativa de feminicídio. Entretanto, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) devolveu à Polícia Civil o inquérito, e pediu a reconstituição do caso, além de novas diligências e testemunhas.
Sáttia e Rodolfo não participaram da simulação feita na quarta-feira. Durante a reprodução simulada, foram analisados posicionamentos da vítima, de objetos na cena do crime e de testemunhas nos imóveis vizinhos.
A titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), de Brotas, delegada Bianca Torres, acompanhou o trabalho dos técnicos. Para ela, com a simulação será possível a chegar a um melhor entendimento do que ocorreu no dia da queda, além de atender à solicitação do MP-BA.
Participaram da reprodução simulada, três peritos criminais e um técnico, além da delegada Maraci Menezes Lima e dois investigadores da Polícia Civil
A polícia informou que, como solicitado pelo Ministério Público, já foram ouvidas outras pessoas que também irão complementar a nova fase das investigações.
A reprodução simulada teve o acompanhamento do promotor de Justiça Antônio Luciano Silva Assis. O resultado será emitido pelo DPT e irá compor as diligências solicitadas pelo (MP-BA). A previsão é que o laudo saia em até 30 dias.
Caso
O caso aconteceu na madrugada do dia 20 de agosto, durante uma discussão do casal no prédio onde eles moravam, no bairro de Armação. Sáttia Lorena chegou a ficar em coma induzido e foi ouvida pela polícia cerca de um mês depois do ocorrido. Segundo a polícia, o trauma que ela sofreu comprometeu a memória recente da médica. O teor do depoimento dela, no entanto, não foi divulgado.
O companheiro de Sáttia, Rodolfo Lucas, chegou a ser preso em flagrante pelo crime, mas foi solto por decisão judicial.
Além da própria Sáttia, o suspeito também foi ouvido. Testemunhas prestaram depoimentos e laudos de perícia técnica fizeram parte das investigações e do inquérito.
Investigação
A principal suspeita da polícia é de que Sáttia tenha sido empurrada do apartamento pelo companheiro dela.
Em depoimento na Delegacia de Atendimento Especial à Mulher, o médico Rodolfo Lucas negou que tenha jogado Sáttia do apartamento e disse que a médica se dopava e estava depressiva, versão negada pela família dela. Ele disse à polícia que a médica se pendurou na janela do apartamento e que ele ainda tentou ajudá-la, segurando as mãos dela, mas mesmo assim ela caiu.
Familiares de Sáttia disseram que acreditam que ela foi jogada do apartamento pelo companheiro, e relataram que a médica vivia em um relacionamento abusivo. Uma vizinha do prédio em que Sáttia morava antes de se mudar com o companheiro também relatou que relação do casal era marcada por brigas, e que chegou a ver a médica pedir socorro.
A irmã de Sáttia disse, em depoimento à polícia, que a médica desabafou sobre humilhações que o médico Rodolfo Cordeiro Lucas a submetia. Jacqueline Aleixo afirmou que Rodolfo Lucas controlava as roupas de Sáttia e que ela teve que sair da academia de ginástica e desativar redes sociais por causa do ciúme do companheiro.
Imagens da câmera de segurança mostraram a médica Sáttia Lorena Patrocínio Aleixo no elevador, horas antes de cair do quinto andar do prédio. No vídeo, é possível ver que a médica gesticulava bastante ao telefone, como se estivesse em discussão, por volta das 16h40 do dia 19 de julho.
G1