A greve dos bancos, deflagrada no dia 6 de setembro, já é a maior do setor desde 2004 e pune somente o trabalhador. Ainda assim, parece que o influente Sindicato dos Bancários insiste em manter os mesmos métodos utilizados pelos proletários do início da Revolução Industrial, no Século 18.
A greve surge no sistema capitalista como mecanismo de pressão dos sindicatos laborais sobre os patrões; provoca-se prejuízos ao capitalista até que ele ceda. Em uma fábrica, que necessita de operários e linha de produção constante, a idéia logra êxito, pois, ao se interromper a produção de mercadorias, o prejuízo é imediato e sentido pelo patrão.
A demora na negociação entre patrão e empregado também é outro motivo de barganha para o grevista, já que com a produção parada ou reduzida, menos dinheiro deixará de ser faturado pela fábrica.
Por outro lado, no setor público, ou de serviços, sobretudo aqueles em que a população mais dependa, como bancos ou escolas, por exemplo, a greve, como realizada nas fábricas, tem pouco ou nenhum efeito. Uma vez que não há uma linha de produção para ser interrompida. Restam somente trabalhadores que dependem do serviço dessas instituições a serem prejudicados.
Nessa perspectiva, a greve é inócua. Além de, sob o ponto de vista da opinião pública, causa danos à imagem dos grevistas e minora a solidariedade entre as categorias não envolvidas, não ao detentor do capital, como planejado inicialmente pelo movimento grevista; o tiro sai pela culatra!
Outra agravante, é a automatização dos bancos, um dos fatores favoráveis aos banqueiros, que, com greve ou não, mantêm lucros sempre crescentes.
Do lado dos usuários, os boletos dos endividados terão que ser honrados, mais cedo ou mais tarde, presencialmente ou por meio eletrônico, acrescido de juros, claro! Quanto ao dinheiro de cheques e demais títulos, por exemplo, só será repassado ao portador no final da greve, na agência, depois de ficar aplicado pelos banqueiros durante o tempo em que durar a paralisação. Em resumo, a greve é lucrativa para quem se pretende tirar o lucro.
E para aumentar o desastre, com a deliberação da greve – religiosamente anuais e em início de mês; data de pagamento de salários – os bancários que aderiram à paralisação desviam do alvo em questão: os banqueiros e punem outras categorias, que ficarão com o cheque do seu salário guardado, enquanto o banqueiro, com o dinheiro desses trabalhadores em seu caixa, irá fazer o que faz melhor: aplicará os proventos do trabalhador e, com a volta do funcionamento das agências, lucrará ainda mais com o atraso de contas.
Já para uma parcela privilegiada dos cidadãos: os grandes investidores, pouco importa bancos de portas abertas ou fechadas. Isso porque as instituições financeiras, mesmo com a greve, não são impedidas de movimentar grandes quantias no interior das agências. Outro fator para que, na contra mão da crise, instituições bancárias lucrem milhões todos os anos.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional, (FMI), em 2013, em meio à turbulência vivida pela economia brasileira naquele ano, que levo o país a registrar a primeira recessão após a crise mundial de 2009, o lucro do setor registrado por quatro bancos brasileiros chegou a aproximadamente US$ 20,5 bilhões. Este valor é maior que o Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 83 países no mesmo ano, segundo levantamento do próprio FMI.
Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) , revelou que, em 2014, os cinco maiores bancos do Brasil bateram recordes de lucro. Os ganhos das instituições foram oriundas da cobranças de taxas e serviços.
Ainda de acordo com o levantamento, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander tiveram lucro de R$ 60,3 bilhões. Isto significa 18,5% a mais que em 2013.
Para o Dieese, o sucesso dos bancos veio de um tripé: a alta taxa Selic, incremento da cobrança via taxas e serviços, e a redução do número de trabalhadores ano após ano.
O Itaú, por exemplo, lucrou R$ 20,6 bilhões, o maior lucro da história de uma empresa do setor no Brasil. Apenas dois bancos: Itaú e Bradesco, responderam por 60% do total embolsado pelos bancos em 2014.
Lucros dos bancos em 2014:
– Itaú – R$ 20,6 bilhões
– Bradesco – R$ 15,3 bilhões
– Banco do Brasil – R$ 11,3 bilhões
– Caixa – R$ 7,1 bilhões
– Santander – R$ 5,8 bilhões
Aumento das taxas e serviços – Pode parecer pouco, mas somente com a cobrança de taxas e prestação de serviços, os cinco maiores bancos arrecadaram R$ 104,1 bilhões, 10,9% a mais do que o ano anterior. Este valor deu para bancar, com sobra, todos os gastos com os 451 mil bancários, que em 2014 custaram R$ 74,6 bilhões – com a soma de salários, encargos, treinamentos e cursos.
Em 2014, esses bancos cortaram 5.104 empregos. Segundo o levantamento, “Santander, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil reduziram os quadros de funcionários em 8.390 postos de trabalho. O resultado só não foi pior porque foram abertos 3.286 novos postos na Caixa”, aponta o Dieese.
Pelos números de crescimento contínuo dos bancos – com crise, greve ou os dois – apresentados pelo Dieese, é evidente que a paralisação imposta pelo Sindicato dos Bancários só atinge pequenos comerciantes, atrasa recebimento de títulos e, sobretudo, pagamentos de benefícios sociais e de aposentados.
Grandes investidores não dependem do atendimento presencial feito nas agências e, pra variar, a conta é paga pelas classes menos abastadas da nossa sociedade enquanto dirigentes sindicais esbravejam defesa de luta de classes, sob o foco de câmeras de televisão, massiva mídia espontânea para aferição de popularidade junto aos trabalhadores de seu seguimento.
Altas movimentações financeiras são feitas, todos os dias, das confortáveis agências modelo, destinadas a clientes com mais zeros à direita em suas contas, através de simples telefonemas ou via internet.
Diante disso, para que a greve dos bancários não nos pareça um grande engodo; um palanque antecipado para promoção de lideranças sindicais que almejam Assembléias Legislativas e Câmaras Federais, já é hora de os dirigentes desse movimento pensarem em um método que puna verdadeiramente os donos do grande capital. Pois, as ações encampadas todos os anos pelo movimento, têm se mostrado, sobretudo na área de serviços, ineficazes, em um mundo onde a informática e a automação superaram, há tempos, velhas táticas proletárias de pressão do Século 18.
Wagner Ferreira é Jornalista especialista em Jornalismo Científico pela Ufba
Ainda de acordo com o levantamento, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander tiveram lucro de R$ 60,3 bilhões. Isto significa 18,5% a mais que em 2013.
Para o Dieese, o sucesso dos bancos veio de um tripé: a alta taxa Selic, incremento da cobrança via taxas e serviços, e a redução do número de trabalhadores ano após ano.
O Itaú, por exemplo, lucrou R$ 20,6 bilhões, o maior lucro da história de uma empresa do setor no Brasil. Apenas dois bancos: Itaú e Bradesco, responderam por 60% do total embolsado pelos bancos em 2014.
Lucros dos bancos em 2014:
– Itaú – R$ 20,6 bilhões
– Bradesco – R$ 15,3 bilhões
– Banco do Brasil – R$ 11,3 bilhões
– Caixa – R$ 7,1 bilhões
– Santander – R$ 5,8 bilhões
Aumento das taxas e serviços – Pode parecer pouco, mas somente com a cobrança de taxas e prestação de serviços, os cinco maiores bancos arrecadaram R$ 104,1 bilhões, 10,9% a mais do que o ano anterior. Este valor deu para bancar, com sobra, todos os gastos com os 451 mil bancários, que em 2014 custaram R$ 74,6 bilhões – com a soma de salários, encargos, treinamentos e cursos.
Em 2014, esses bancos cortaram 5.104 empregos. Segundo o levantamento, “Santander, Bradesco, Itaú e Banco do Brasil reduziram os quadros de funcionários em 8.390 postos de trabalho. O resultado só não foi pior porque foram abertos 3.286 novos postos na Caixa”, aponta o Dieese.
Pelos números de crescimento contínuo dos bancos – com crise, greve ou os dois – apresentados pelo Dieese, é evidente que a paralisação imposta pelo Sindicato dos Bancários só atinge pequenos comerciantes, atrasa recebimento de títulos e, sobretudo, pagamentos de benefícios sociais e de aposentados.
Grandes investidores não dependem do atendimento presencial feito nas agências e, pra variar, a conta é paga pelas classes menos abastadas da nossa sociedade enquanto dirigentes sindicais esbravejam defesa de luta de classes, sob o foco de câmeras de televisão, massiva mídia espontânea para aferição de popularidade junto aos trabalhadores de seu seguimento.
Altas movimentações financeiras são feitas, todos os dias, das confortáveis agências modelo, destinadas a clientes com mais zeros à direita em suas contas, através de simples telefonemas ou via internet.
Diante disso, para que a greve dos bancários não nos pareça um grande engodo; um palanque antecipado para promoção de lideranças sindicais que almejam Assembléias Legislativas e Câmaras Federais, já é hora de os dirigentes desse movimento pensarem em um método que puna verdadeiramente os donos do grande capital. Pois, as ações encampadas todos os anos pelo movimento, têm se mostrado, sobretudo na área de serviços, ineficazes, em um mundo onde a informática e a automação superaram, há tempos, velhas táticas proletárias de pressão do Século 18.
Wagner Ferreira é Jornalista especialista em Jornalismo Científico pela Ufba