Me lembro no início do ano, acho que em fevereiro, a verdadeira operação de guerra para resgatar alguns brasileiros que se encontravam em Wuhan, na China, epicentro da pandemia do novo coronavírus. Chegando ao Brasil, foram isolados em quarentena e observados, antes de ser liberados para retornar ao convívio social.
De pouco adiantou. Dias depois constatava-se o primeiro caso em São Paulo, depois a primeira morte. Na Bahia, o primeiro caso de contaminação surgiu em Feira de Santana e daí foi crescendo a disseminação do vírus, com uma letalidade até pequena (1 a 3%), mas com uma capacidade de contaminação e dificuldades no tratamento que assustam o mundo. O problema que os negacionistas não foram inteligentes para perceber é o da incapacidade do sistema de saúde de atender à multiplicação dos casos.
2020 foi isso. Operações de Guerra, sustos, isolamento, lockdown, crises políticas, de saúde, sociais, pessoais. Um ano que se explica com a baixa qualidade musical, com as lives infinitas de sofrência e o grave ensurdecedor do pagofunk, que só fala em bunda. Chamam isso de evolução?
Um ano com cara de ficção científica. Um pouco de “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, um pouco de “1984”, de George Orwell, ou mesmo de “A revolução dos bichos”, do mesmo autor, ou de “Ensaio sobre a cegueira” de Saramago, quando observamos no que os homens são capazes de se transformar. Não faltaram relações diretas com filmes como o homônimo “Pandemia”, ou outros que tratam do assunto vírus letais, como o Planeta dos Macacos, “Eu Sou a Lenda”, “Caixa Preta” – claro, tirando a parte dos mortos-vivos – e tanto outros que falam em decadência da vida humana.
Decadência que ficou clara no negacionismo de alguns e nas disputas políticas travadas tendo como pano de fundo a pandemia. Fomos apresentados a curandeiros loucos que a todo momento descobriam receitas novas de cura. Fomos cobaias de remédios que não se comprovou até hoje se ajudou e outros que pelo menos serviram para limpar os parasitas dos intestinos de muitos.
Talvez ainda sejamos cobaias de vacinas pouco testadas e olha que a Sputinik V russa, desacreditada em todo o mundo, provou eficiência de mais de 90%, bem superior que outras de universidades mais bombadas. E o Brasil continua atrasado, como sempre, enquanto a América Latina já iniciou o processo de vacinação. Talvez seja o medo de uma nova geração de “jacarés”. (Eu sempre sonhei em ser um X-Man, desde a primeira revistinha lida ainda na década de 1980).
Um ano em que muitos humanos desaprenderam o sentido de humanidade; onde “empatia” virou palavra da moda, com muitos se acusando e poucos executando os preceitos nela implícitos.
2020 realmente foi atípico, palavra da moda também. Um ano sem São João, Carnaval, Festa de Largo, Shows da Virada, sem Olimpíadas, sem público nos estádios, sem grandes eventos religiosos, sem procissões, sem aulas presenciais. Foi o ano do online, das reuniões de Zoom, Google Meeting e outras ferramentas que salvaram até os telejornais.
2020 provou que de médico e louco, todo mundo tem um pouco e que temos líderes loucos em todo o mundo. Um ano de racismo exacerbado, violência contra mulheres, de extremo egoísmo. Um ano que provou que nem diante de uma crise de saúde mundial, que caminha para 2 milhões de mortos, o ser humano ainda consegue pensar no próprio umbigo, mostrar sua natureza desonesta e nefasta, desviar recursos, corromper a compra de equipamentos médicos, seringas, luvas e até caixões.
Muitos disseram que seria um ano de aprendizado. Foi um ano de evidências. Os bons mostraram que são bons e porque são bons. Os maus continuaram sendo os mesmos maus de sempre.
E eu…. Eu quero a sorte de um amor tranquilo e que no final tudo dê certo! Fiz a minha parte. Não tive medo de me sufocar usando máscara. Não estoquei cloroquina. Tive oportunidade de ajudar o próximo (e ajudei). Fui um bom menino, viu Papai Noel?!!!… E vou tomar a vacina, não para me proteger, mas para ajudar a encerrar o efeito dominó da doença.
Quando essa crise acabar, o mundo voltará a ser o mesmo. Talvez até pior, já que foi dividido. O legado disso tudo? As reuniões online que travam o tempo todo. Apenas isso! É o máximo onde consigo chegar com meu otimismo.
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#Chicossauro_Rex
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