Um dos países mais armamentistas do mundo, os Estados Unidos estão aos poucos mudando a regulamentação e controle de armas. Em 2018, ano em que os tiroteio em massa tiveram um aumento, alguns estados começaram a discutir formas de tornar o acesso e compra de armamentos mais difícil, mas ainda é fácil conseguir comprar uma pistola no país.
Segundo um mapa divulgado pela Pew Research, instituição de pesquisa norte-americana, 11 estados governados por democratas e 14 estados governados por republicanos passaram ao menos uma lei de armamento em 2018.
As mais populares foram de pesquisa de antecedente, a proibição do bump stock, ordem de proteção de extremo risco, programas de violência urbana e violência doméstica.
As discussões sobre enrijecer a lei de armamento nos Estados Unidos são um tema sensível para a população.
Estima-se que existam entre 265 a 393 milhões de armas nas mãos de civis, em um país com 328 milhões de habitantes. Os militares contam com um arsenal de 4 milhões de armas e as forças de segurança dispõem de 1 milhão.
Enquanto uma parcela da população acredita que mais armas equivalem a mais violência, organiza protestos pedindo maior rigor no controle de armas e considera os números de homicídios e tiroteios em massa — em que mais de 4 pessoas são mortas ou feridas — alarmantes, outra parte defende a Segunda Emenda da Constituição, assinada em 1787, que garante que os cidadãos têm direito a posse de armas para segurança.
Mesmo com tamanha divisão em torno do assunto, 25 dos 50 estados americanos, sendo 14 estados governados por republicanos (que em geral apoiam o armamento da população), aprovaram recentemente leis que enrijecem o acesso a armas.
Na Flórida, que conta com um alto índice de violência e é governada por republicanos, foi aprovada a pesquisa de antecedentes mais completa antes de liberar a compra e programas para reduzir a violência urbana. Porém, outras 10 leis que facilitam o acesso foram assinadas.
As mudanças começaram depois do massacre em um escola de Parkland, na Flórida, em 14 de fevereiro de 2018. O atentado cometido por um ex-aluno deixou 17 vítimas fatais.
Lideranças estudantis surgidas entre os sobreviventes de Parkland organizaram protestos que tomaram o país poucos meses depois, pedindo um maior controle e regulamentação de armas, e receberam apoio e protestos semelhantes ao redor dos EUA.
Mais de 260 tiroteios e atentados aconteceram em escolas e universidades do país desde 2012, quando 20 jovens e seis funcionários de um colégio em Newton, no estado de Connecticut, foram assassinados.
Para o grupo, as armas garantem a proteção e segurança do cidadão, e a proibição delas deixaria os indivíduos mais vulneráveis a crimes. A Associação também é um dos lobbies mais poderosos do país e possui orçamento para conseguir influenciar membros do Congresso a favor de armas.
Vermont, um dos estados com legislação sobre armas mais liberal dos EUA, também aprovou diversas medidas anti armamentistas, como proibição de armas em escolas primárias e secundárias; a lei de “bandeira vermelha”, em que familiares e policiais podem entrar com uma petição para confiscar temporariamente armas de alguém que seja considerada um perigo para si mesmo e aos outros; uma lei que permite pesquisas de antecedentes mais completas e a proibição do bump stock, dispositivo que permite que armas semiautomáticas operem como automáticas.
Essas medidas foram criticadas pelos moradores do estado, que chamaram o governador republicano Phil Scott de traidor, além da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), que faz campanha contra todas as formas de proibição e regulamentação nas leis de armamento.
A Califórnia aprovou, em 2013, uma lei de restrição e confisco para pessoas que tem antecedentes criminais ou problemas mentais, porém, o estado está sofrendo para conseguir aplicar a lei. Por questões orçamentárias e falta de pessoal, a ideia original era conseguir confiscar 20 mil armas em três anos e tinha USS$ 24 milhões (cerca de R$ 92 milhões) para custear toda a operação. Porém, em seis anos, ainda existem 9 mil armas soltas no estado, e mais entrando nesta lista anualmente.
O Havaí é um dos estados com as leis mais restritivas e uma das menores taxas de violência armada nos Estados Unidos é também um dos mais armados. O estado tem cerca de 1.6 milhões de armas registradas, 150 mil a mais que o número total de habitantes da ilha. Segundo o legislador Karl Rhoads, os moradores têm motivos para ter armas em casa devido o problema de porcos selvagens.
R7