A infecção urinária é realmente mais frequente em mulheres? Sim. Segundo a uroginecologista Lilian Fiorelli, da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, isso ocorre devido à anatomia da mulher que tem a uretra menor, o que facilita a entrada de bactérias, e localizada próxima ao ânus. A infecção urinária é causada por bactérias do trato intestinal. “Cerca de 70% das mulheres terão infecção urinária pelo menos uma vez na vida”, afirma.
É possível ter infecção urinária sem sintomas? Sim. A uroginecologista explica que algumas mulheres podem ter a infecção sem sintomas, como gestantes, idosas ou portadoras de doenças autoimunes. “Essas são as pacientes mais suscetíveis à chamada bacteriúria assintomática, a infecção urinária sem sintomas”, diz. Devido à imunidade mais baixa, o corpo não responde à infecção, não gerando sintomas nem combatendo a infecção.
Se pode não manifestar sintomas em grávidas e idosos, como saber se têm o problema? Na gestante, o ideal é que sejam feitos exames para investigar a infecção urinária uma vez por mês, no idoso, a cada seis meses, além de observar mudanças de comportamento como indisposição, fraqueza e princípio de tristeza, que podem estar relacionados ao problema.
Quais são os sintomas? Ardor ao fazer xixi, sensação de que a bexiga não esvaziou completamente após urinar, ter vontade de ir ao banheiro toda hora e quando chega no vaso sai uma quantidade muito pequena de xixi e acordar à noite para urinar. Geralmente não há febre, mas pode ocorrer. A uroginecologista explica que basta um desses sintomas para haver suspeita de infecção urinária. “Mas a infecção urinária clássica apresenta esses três sintomas: ardor ao urinar, ir ao banheiro toda hora e acordar para urinar”, afirma.
Diabéticos e mulheres na menopausa também têm mais risco de infecção urinária? Sim. No casos dos diabéticos, está relacionado a uma imunidade mais baixa que os torna mais suscetíveis a infecções em geral, segundo Fiorelli. Já em relação a mulheres na menopausa, a mucosa da região genital fica mais fina, tornando mais fácil a entrada de bactérias.
Por que o exame de urina para diagnosticar a infecção urinária demora tanto para ficar pronto? Leva de 5 a 7 dias que é o tempo para a bactéria se proliferar em meio de cultura em laboratório. Para o diagnóstico, são pedidos exame de Urina 1 e Urocultura. O diagnóstico definitivo é obtido por meio da Urocultura e Antibiograma, que direciona para antibiótico correto para tratamento. Como esse exame demora para ficar pronto, se solicita o Urina 1, cujo resultado sai no mesmo dia, que já fornece alguns dados. Por exemplo: o nitrito positivo é indicativo da doença, já que não é produzido pelo corpo, mas sim por bactérias. Outro indicativo são leucócitos aumentados acima de 1 milhão, que são as células de defesa do organismo, explica a médica. Assim já é possível começar com o tratamento.
Se o tratamento é com antibiótico, como a gestante pode fazer esse tratamento? A uroginecologista explica que existem antibióticos que combatem a infecção urinária que são permitidos para grávidas. “Se a gestante tem o segundo episódio de infecção urinária, fica cada vez mais grave a chance de evoluir para uma pielonefrite, doença infecciosa que atinge o rim. Então, nesses casos, se faz uma profilaxia, além de indicação de cranberry”, diz. Uma das formas de profilaxia é o uso prolongado de antibióticos em baixa dose, ressaltando que isso é feito somente com prescrição médica.
Então o suco de cranberry realmente ajuda a prevenir a infecção urinária? O suco de cranberry dificulta que a bactéria se fixe na parede da bexiga e ainda diminui os episódios e a gravidade da doença. Pode ser usado também por gestantes. Mas a médica ressalta que o suco sozinho não faz milagre, é preciso ter hábitos de higiene (higienização após o xixi deve ser feita da frente para trás) e manter a imunidade alta para prevenir do problema.
Sucos de frutas ácidas, como laranja, limão e abacaxi, favorecem a infecção urinária? Os alimentos ácidos deixam a bexiga mais sensível. A bexiga tem uma camada interna que protege contra ácidos normais do órgão. Ao ingerir alimentos muito ácidos, essa camada fica cada vez mais frágil, facilitando a adesão de bactérias e agravando os sintomas, caso haja uma infecção urinária, segundo Fiorelli. “Para pessoas com infecção urinária de repetição, recomenda-se a redução no consumo”.
O que é “cistite de lua-de-mel”? Segundo a médica, é como é conhecida a cistite após a relação sexual. A orientação para prevenir é fazer xixi após o ato sexual. Isso porque previne que a bactéria do trato intestinal entre no canal urinário. A cistite é uma inflamação da bexiga que pode ou não ter uma infecção urinária, explica Fiorelli.
Há risco de contrair infecção urinária em banheiros? Segundo Fiorelli, sim, mas é raro. Outros tipos de bactéria são mais incidentes, por exemplo, a que causa a uretrite, inflamação na uretra, também caracterizado por ardor ao fazer xixi.
O que fazer em caso de infecções urinárias repetidas? Duas infecções em seis meses ou três infecções em um ano são consideradas de repetição, de acordo com Fiorelli. Para infecções urinárias de repetição, existe o chamado imunomodulador, espécie de vacina utilizada na profilaxia (prevenção). A médica explica que já existem medicamentos prontos para isso. Se seleciona a cápsula da bactéria, se retira esse micro-organismo de dentro e se elabora um comprimido. Ao ingeri-lo, o corpo aumenta a imunidade contra aquela bactéria.
Quais são as causas da infecção urinária? “Quando se tem só uma vez a culpa é da bactéria. Mas, quando se torna de repetição, a culpa é de um corpo fraco”, explica a uroginecologista. Segundo ela, nesse caso é preciso investigar para descobrir as causas. Pode ser imunidade baixa, doença descompensada ou hábitos do dia a dia, como higiene. Para se proteger da infecção, a flora vaginal deve estar equilibrada em relação a lactobacilos, bactérias do bem. Para garantir isso, pode-se ingerir probióticos.
Beber bastante água previne o problema? A bactéria pode não conseguir aderir à bexiga, portanto tomar bastante água e ir bastante ao banheiro ajuda a prevenir a infecção urinária, segundo a médica. Segurar o xixi não é recomendável. O ideal é que vá ao banheiro a cada três horas. Quando a urina fica parada dentro da bexiga, se torna um meio de cultura. A incontinência urinária facilita a entrada de bactérias. Por essa razão recomenda-se exercícios pélvicos que fortaleçam a musculatura vaginal, segundo Fiorelli.
R7