A antiga diretoria executiva da Petrobrás ignorou sinais de alerta de irregularidades na contratação da sonda Titanium Explorer, em 2009, e aprovou o negócio conduzido pelo ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, Jorge Zelada, sem fazer qualquer questionamento. A conclusão é da Superintendência de Processos Sancionadores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) no primeiro processo sancionador fruto de inquéritos que investigam os reflexos societários da corrupção exposta pela Lava Jato.
Para a área técnica do órgão regulador do mercado de capitais, houve quebra do dever de diligência dos administradores José Sérgio Gabrielli (presidente), Graça Foster (Gás e Energia), Almir Barbassa (Financeiro), Guilherme Estrella (Exploração e Produção), Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços), diretores na época.
Zelada foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, por aceitar propina de US$ 31 milhões para favorecer a contratação da texana Vantage Drilling e o afretamento da Titanium Explorer pela PetrobrÁs, ao custo de US$ 1,81 bilhão. Preso desde 2015, na esfera administrativa ele é acusado de violar o dever de lealdade com a companhia.
Segundo a Superintendência de Processos Sancionadores o diretor sabia que a contratação da sonda era desnecessária. Os primeiros estudos da companhia mostravam que uma nova sonda não precisaria entrar em operação antes de 2015, ou seja, sua construção só precisaria ser fechada entre o final de 2011 e o início de 2012. Zelada pediu um novo estudo, que apresentou um cenário mais favorável ao negócio.
As investigações, que usaram provas da ação penal contra Zelada, mostraram furos como falta de uniformidade nos parâmetros de comparação entre as propostas e alteração de critérios da concorrência. Contrariando as regras de governança, a proposta da Vantage foi enviada para o e-mail do diretor.