Fazer uma tatuagem que há tempo deseja ou micropigmentar a sobrancelha para ganhar um design mais bonito podem ser decisões prazerosas, gratificantes e até divertidas, e sempre rodeadas de grandes expectativas. Porém, esse é apenas um lado da moeda quando o assunto são procedimentos que pigmentam a pele de forma permanente ou semipermanente. Basta notar o percentual de pessoas que buscam serviços de remoção a laser para apagar aquela “decisão” da pele.
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, cerca de 5% das pessoas que fazem tatuagem no Brasil se arrependem e buscam procedimentos de remoção ou despigmentação. Conhecido mundialmente pela qualidade e criatividade dos tatuadores, que se destacam em competições internacionais, o mercado de tatuagens brasileiro só faz crescer. O mesmo acontece com o serviço de micropigmentação de sobrancelhas, que se desenvolveu muito nos últimos anos com avanços importantes das técnicas e dos materiais utilizados, a exemplo dos pigmentos, suas tonalidades e durabilidade.
“Os pigmentos de tatuagem são usados em tatuagens convencionais e são inseridos na camada dérmica da pele. Eles são compostos por partículas coloridas que permanecem na pele por um longo período de tempo e são projetados para serem duradouros e resistentes ao desbotamento. Já os de microblading são utilizados em um procedimento semi permanente de pigmentação das sobrancelhas. Nesse processo, pequenas incisões são feitas na camada superior da pele e os pigmentos são aplicados nessas incisões, resultando em fios finos que imitam o aspecto natural das sobrancelhas”, explica Narjara Vieira, que tem técnica de micropigmentação de sobrancelhas aplicada em mais de 20 países
Autoestima abalada – Narjara revela que muitas mulheres procuram a remoção à laser porque fizeram a micropigmentação há um tempo e hoje não estão mais satisfeitas com o desenho, exatamente porque as técnicas avançaram, e, com elas, os resultados. Existem casos em que a técnica não acompanha o formato original da sobrancelha, ficando perceptível e assimétrica, e outros em que o pigmento perdeu a tonalidade original. Mas também existem ocorrências mais graves, que causam lesões na pele e afetam a saúde e a autoestima da mulher.
“Trabalhar com a imagem de pessoas, sem dúvidas, é muito delicado, um resultado ruim traz efeitos desastrosos e, muitas vezes, irreparáveis. Mesmo após a correção, algumas clientes ainda sofrem com inseguranças com a própria imagem. Escuto muitos relatos aqui, uma das minhas clientes revelou que chegou a pensar em tirar a própria vida tamanha foi a frustração com o resultado da técnica”, ressalta a profissional que é a única brasileira com uma técnica autoral de micropigmentação reconhecida pela conceituada escola internacional de beleza, a Phi Academy, situada na Sérvia e respeitada mundialmente
Nesses casos, além de remover, Narjara propõe uma nova micropigmentação quando a pele estiver completamente cicatrizada e recuperada: ”Quando o desenho está muito inadequado, precisamos remover por completo todo o pigmento para fazer um novo formato. Mas quando o pigmento está na área do formato natural das sobrancelhas, podemos pensar numa cobertura, sem a remoção completa da técnica aplicada anteriormente”.
Em remoções mais simples, em que a pessoa quer atualizar a técnica ou adequar melhor o design, uma única sessão de laser pode resolver. Em casos mais graves, a remoção pode durar um número maior de sessões, com intervalos de seis e oito semanas. “Às vezes esse tempo frustra as clientes, que já chegam desgastadas com todo o processo, então eu sempre digo que o melhor é prevenir, buscando um estabelecimento sério e com boas avaliações”, realça Narjara.
A demanda é tão grande, tanto para remoção de micropigmentação quanto para tatuagem, que Narjara acabou de adquirir mais um laser, o Inkie, que é mais moderno em potencializar os resultados e atender casos mais complexos. O seu estúdio, que leva o seu nome, inclusive oferece curso de remoção a laser, o primeiro em Salvador, para profissionais que buscam essa especialização num mercado que só cresce. A profissional já tem data marcada para dar o mesmo curso em Portugal.
Tatuagens
Diferente de fazer uma tatuagem que, mesmo grande, às vezes é concluída num único dia, a remoção é complexa. Vale lembrar que o laser age quebrando as partículas da tinta em fragmentos menores, que são absorvidos pelo sistema imunológico do organismo, por isso depende também da resposta do corpo.
“Não é um processo instantâneo e requer um compromisso a longo prazo do cliente em relação ao tratamento”, reforça Narjara. Ela conta que são diversos os motivos que fazem uma pessoa querer deletar aquela tattoo, entre eles a mudança de visão de mundo no decorrer dos anos, um novo posicionamento profissional, uma nova religião e até um novo relacionamento, que leva a querer deletar o nome da ex ou do ex.
“Os próprios tatuadores enviam seus clientes para remoção, porque, hoje em dia, eles estão muito mais resistentes em cobrir aquela tatuagem indesejada com outro desenho, porque compromete muito o resultado. Então eles encaminham para a remoção e, apenas depois de completamente removida, fazem a nova sonhada tatuagem”, finaliza.