Segunda doença que mais mata no Brasil (221,8 mil óbitos em 2018), o câncer ainda assusta muito mais do que uma doença cardíaca, por exemplo, embora essa última seja responsável por mais óbitos (358 mil).
Quase 600 mil pessoas foram diagnosticadas com câncer no Brasil em 2018, segundo números do Ministério da Saúde. No ano anterior, 218,6 mil morreram vítimas da doença.
O câncer, de fato, não é uma única doença, mas uma denominação genérica de mais de cem doenças. As prinicpais características em comum entre elas são a reprodução descontrolada de células doentes em órgãos e tecidos (neoplásicas) e a chance de se reproduzirem em locais distantes do tumor original (metástase).
Apesar de o câncer sempre ser motivo de preocupação, a falta de informação e a disseminação de fatos distorcidos aumentam o estigma.
O R7 selecionou dez afirmações que costumam ser repetidas sobre o câncer e pediu ao médico Walter Moises, hematologista da EPM/Unifesp (Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo), especialista em mieloma múltiplo, que comentasse se são verdade ou mito.
As pessoas estão tendo mais câncer hoje do que no passado – VERDADE
“A gente tem visto que sim. Estamos tendo mais diagnósticos do que no passado, porque os exames melhoraram, e então conseguimos fazer diagnósticos mais precoces. Também tem um aumento da população idosa, que é mais propensa a ter câncer. Além disso, existem fatores da sociedade moderna, urbana, que levam a condições para o desenvolvimento de câncer.”
Ninguém se cura do câncer, ele sempre vai voltar – MITO
“Não se pode generalizar a palavra câncer. Temos cânceres que são perfeitamente curáveis, como câncer de mama, leucemia, linfomas… a grande maioria é curável.”
Qualquer um pode ter câncer, independentemente do estilo de vida – VERDADE
“Todos nós, em qualquer idade, estamos predispostos a ter câncer. O organismo é bombardeado diariamente por radiação, vírus, bactérias, produtos químicos, agentes que podem levar a lesões no material genético e predispor a formação de células cancerígenas. Quando envelhecemos, os mecanismos que combatem essas mudanças no material genético enfraquecem. Por isso, pessoas mais velhas costumam ter mais câncer.”
A genética determina se alguém vai ter câncer antes dos 40 anos – PARCIALMENTE VERDADE
“Em geral, o câncer não é uma doença hereditária. Cerca de 30% dos cânceres são genéticos. Os outros 70% são por questões ambientais.”
O tratamento contra o câncer é agressivo – MITO
“Há diversos tipos de tratamento para os diversos tipos de câncer. Tem câncer que é controlado apenas com comprimidos. Outros, como o câncer de próstata, podem ser retirados por cirurgia, a depender do estágio. Hoje em dia tem sido muito utilizadas as chamadas terapia-alvo, quimioterapia com menos efeitos colaterais. Estamos rumando para que um dia deixemos de fazer essa quimioterapia convencional, com muitos efeitos colaterais.”
A ciência avançou muito nos últimos anos em pesquisas sobre câncer, inclusive nas formas de combatê-lo – VERDADE
“Os linfomas Hodgkin e não-Hodgkin têm mais de 90% dos casos curados, sem reincidência. Existem tratamentos novos, como a imunoterapia e a terapia celular.”
Quanto mais cedo descobrir um tumor, maior é a chance de cura – VERDADE
“Apesar disso, alguns cânceres não são curáveis, mas podem ser controlados, como é o caso das leucemias crônicas.”
Qualquer órgão pode ser afetado por células cancerígenas – VERDADE
“Tem tumores que são mais raros, como os neurológicos, e outros mais comuns, por exemplo, de mama, da próstata e de pulmão.”
Obesidade é um fator de risco para alguns tipos de câncer – VERDADE
“Hoje, a obesidade e o sobrepeso são considerados a segunda causa reversível de risco de desenvolvimento de câncer. Só perde para o cigarro.”
Ainda existe muita desinformação sobre o câncer por parte da sociedade – VERDADE
“Existe muito estigma relacionado à palavra câncer. Uma tendência é que o próprio serviço de saúde encare todos os tipos de câncer como se fosse uma doença só. São várias doenças, com origem biológica diferente, com tratamentos diferentes, apresentações clínicas diferentes.”
R7