** No ano passado, a taxa de desocupação média no estado (15,4%) ficou bem abaixo da registrada em 2021 (19,5%) e foi a menor desde 2015 (12,4%). Ainda assim, foi a maior do país, onde o indicador ficou em 9,3%;
** A taxa de desocupação na Bahia cedeu em razão da conjunção de dois movimentos positivos. Por um lado, houve aumento expressivo de pessoas trabalhando (+7,2%), que chegaram a 5,991 milhões. Por outro, o total de desocupados no estado teve uma queda recorde (-19,0%), interrompendo uma sequência de sete altas anuais consecutivas, e chegando a 1,092 milhão de pessoas;
** De 2021 para 2022 também houve avanço recorde da carteira de trabalho no estado (+12,4%), que contabilizou 1,523 milhão de empregados com carteira assinada, maior contingente desde 2017;
** Ainda assim, o número de trabalhadores informais também cresceu (+4,1%), puxado quase exclusivamente pelo aumento de 11,7% nos empregados sem carteira, que bateram novo recorde na séria histórica, somando 1,178 milhão;
** Na Bahia, a ocupação cresceu em 9 das 10 atividades econômicas, entre 2021 e 2022, lideradas pela administração pública (+94 mil trabalhadores). Só houve recuou de ocupados nos transportes (-14 mil);
** De 2021 para 2022, o rendimento médio real dos trabalhadores baianos caiu pelo 2º ano consecutivo (-1,6%), tornando-se o mais baixo da série histórica e o 2º menor do país: R$ 1.750;
** Todas as informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) Trimestral, do IBGE, que completou dez anos em 2022.
No 4º trimestre de 2022, a taxa de desocupação na Bahia mostrou seu terceiro recuo seguido frente ao trimestre anterior, indo a 13,5%. Ficou significativamente abaixo do indicador do 3º trimestre (15,1%) e foi a menor taxa para um 4º trimestre, no estado, em sete anos, desde 2015, quando havia sido de 12,4%.
Ainda assim, a taxa de desocupação baiana continuou a maior do país, nos últimos três meses de 2022, posto que ocupou ao longo de todos os quatro trimestres de 2022. Seguiu também muito acima do indicador nacional (7,9% no 4º tri/22).
Com isso, em 2022, a taxa média de desocupação no estado foi de 15,4%. Embora tenha sido a menor em sete anos, desde 2015, quando havia ficado em 12,4%, foi a maior do país, bem acima da taxa média nacional, de 9,3%, e quase quatro vezes o valor da menor taxa, de Santa Catarina (3,9%).
Nos 11 anos de série histórica da PNADC (2012 a 2022), a Bahia esteve sempre entre as cinco maiores taxas de desocupação, tendo liderado o ranking dos estados em 4 anos: 2015, 2016, 2020 e 2022.
Considerando os extremos da série, a taxa de desocupação na Bahia cresceu 38,3% de 2012 (quando tinha sido 11,2%) a 2022 (15,4%). Foi o quatro maior aumento percentual nesse indicador entre os estados, abaixo apenas dos crescimentos de Rio de Janeiro (+67,9%), Pernambuco (+55,6%) e Piauí (+44,3%). Todos esses estados, porém, tiveram em 2022 taxas de desocupação menores do que a baiana. No Brasil como um todo, a taxa de desocupação aumentou 25,0% entre 2012 e 2022.
No 4º trimestre de 2022, o município de Salvador registrou uma taxa de desocupação de 14,5%, maior do que a do estado como um todo, mas que também teve queda importante frente ao 3º trimestre, quando havia ficado em 17,9%. Foi a menor taxa para um 4º trimestre em cinco anos, desde 2017 (quando havia sido de 13,6%).
Ainda assim, no 4º trimestre de 2022, a taxa desocupação de Salvador continuou a maior entre as capitais brasileiras pelo terceiro trimestre consecutivo, desde que as informações da PNAD Contínua Trimestral voltaram a ser divulgadas para as capitais e regiões metropolitanas.
Na Região Metropolitana de Salvador, por sua vez, a taxa de desocupação ficou ainda maior do que no estado e na capital de forma isolada: 15,4% no 4º trimestre de 2022. Caiu frente ao trimestre anterior (quando havia sido de 19,4%) e foi a mais baixa para o período em sete anos, desde o 4º trimestre de 2015 (14,9%).
Apesar do recuo, também continuou a mais elevada entre todas as regiões metropolitanas do Brasil, como já havia sido no 2º e 3º trimestres.
Como as informações para capitais e regiões metropolitanas só voltaram a ser divulgadas no 2º trimestre de 2022, não há dados consolidados do ano passado como um todo para esses dois recortes territoriais.
A taxa de desocupação mede a proporção de pessoas de 14 anos ou mais de idade que estão desocupadas (não trabalharam e procuraram trabalho) em relação ao total de pessoas que estão na força de trabalho, seja trabalhando (pessoas ocupadas) ou procurando (desocupadas).
De 2021 a 2022, Bahia teve queda recorde no número de desocupados (-19,0%), mas ainda havia 1,092 milhão de pessoas procurando trabalho
Entre 2021 e 2022, a taxa de desocupação na Bahia cedeu em razão da conjunção de dois movimentos positivos. Por um lado, houve aumento expressivo no número de pessoas trabalhando fosse em ocupações formais ou informais (população ocupada). Por outro lado, o total de desocupados (quem não estava trabalhando, procurou trabalho e poderia ter assumido caso tivesse encontrado) teve uma queda recorde.
Em um ano, o número de trabalhadores no estado cresceu 7,2%, chegando a 5,991 milhões de pessoas, o que representou mais 403,5 mil trabalhadores no período. Foi o segundo maior avanço, em termos percentuais, e o maior crescimento absoluto da população ocupada na Bahia desde o início da série da PNADC, em 2012.
Com isso, o número de trabalhadores chegou, em 2022, ao seu maior patamar em sete anos, desde 2015, quando havia 6,310 milhões pessoas ocupadas no estado.
Além disso, na Bahia, a população desocupada (ou desempregada) teve a maior queda de toda a série histórica da PNADC, recuando 19,0% frente a 2021, chegando a 1,092 milhão de pessoas, com menos 255,8 mil desocupados em um ano.
O recuo interrompeu uma sequência de sete anos consecutivos de crescimento da população que procura trabalho e levou esse contingente a seu menor patamar no estado desde 2015, quando havia 895 mil pessoas desocupadas na Bahia.
Já a população que estava fora da força de trabalho (pessoas que por algum motivo não estavam trabalhando nem procuraram trabalho) diminuiu em 2022 pelo segundo ano consecutivo, no estado.
Ficou em 4,987 milhões de pessoas, 2,3% menor do que em 2021, mas ainda maior do que o registrado no pré-pandemia, em 2019 (quando havia 4,750 milhões de pessoas fora da força de trabalho na Bahia).
Dentre os que estão fora da força de trabalho, os desalentados também continuaram em queda em 2022, mostrando um segundo recuo consecutivo frente ao ano anterior. No ano passado, 611 mil pessoas podiam ser consideradas desalentadas na Bahia, 14,5% a menos do que em 2021 (menos 103,8 mil desalentados em um ano) e o menor contingente desde 2016, quando esse grupo somava 528 mil pessoas.
Apesar da redução, a Bahia continuou em 2022 com o maior número de desalentados do Brasil, liderança que sustenta ao longo de toda a série histórica da PNADC. Em todo o país, no ano passado, havia 4,278 milhões de pessoas desalentadas, 19,9% a menos do que em 2021.
A população desalentada é aquela que está fora da força de trabalho por uma das seguintes razões: não conseguia trabalho, ou não tinha experiência, ou era muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho na localidade. Entretanto, se tivesse conseguido trabalho, estaria disponível para assumir a vaga
Em 2022, BA tem avanço recorde da carteira assinada (+12,4%), mas cresce também nº de informais, puxados pelos empregados sem carteira (+11,7%)
Entre 2021 e 2022, o aumento da população ocupada na Bahia foi bem disseminado pelas diversas formas de inserção no mercado de trabalho. Só duas das seis posições na ocupação tiveram saldos negativos de um ano para o outro: os trabalhadores familiares auxiliares (-8,2%, ou menos 17,3 mil pessoas, chegando a 193 mil) e os empregadores (-2,9%, ou menos 5,3 mil pessoas, chegando a um total de 178 mil).
O principal destaque positivo veio dos empregados no setor privado com carteira assinada. Eles tiveram crescimento recorde, de 12,4%, ou mais 168,5 mil pessoas, chegando a 1,523 milhão de trabalhadores – o maior contingente desde 2017, quando havia 1,541 milhão de empregados com carteira no estado. De 2021 para 2022, 4 em cada 10 pessoas que passaram a trabalhar na Bahia tinham carteira assinada.
Ainda assim, também aumentou o número de trabalhadores informais,pelo segundo ano consecutivo, puxados quase exclusivamente pelos empregados do setor privado sem carteira assinada.
Esse grupo teve o segundo crescimento absoluto mais importante no estado, com mais 123,5 mil trabalhadores (+11,7%) entre 2021 e 2022, chegando a um novo recorde, de 1,178 milhão de empregados sem carteira. De um ano para o outro, 3 em cada 10 pessoas que passaram a trabalhar na Bahia eram empregados sem carteira.
Assim, a população ocupada informal na Bahia cresceu 4,1%, o que representou mais 127,3 mil pessoas nessa condição entre 2021 e 2022. Isso levou a informalidade a atingir um total de 3,194 milhões de trabalhadores no ano passado, o maior contigente para o estado desde 2016, quando se iniciou a série histórica desse indicador e havia 3,214 milhões de profissionais informais na Bahia.
Entretanto, como o total de pessoas trabalhando cresceu mais do que o total de trabalhadores informais, a taxa de informalidade no estado diminuiu um pouco, de 54,9% em 2021 (a maior da série iniciada em 2016) para 53,3% em 2022. Foi a mais baixa desde 2020, quando muitos informais tiveram de parar de trabalhar em razão da pandemia, mas continuou a 5ª taxa de informalidade mais alta dentre os estados, num ranking liderado por Pará (61,5%), Maranhão (58,9%) e Amazonas (57,5%).
São considerados informais os empregados no setor privado e domésticos que não têm carteira assinada, os trabalhadores por conta própria ou empregadores sem CNPJ e as pessoas que trabalham como auxiliares em algum negócio familiar.
Na Bahia, ocupação cresceu em 9 das 10 atividades econômicas, de 2021 a 2022, lideradas pela administração pública; caiu apenas nos transportes
De 2021 para 2022, na Bahia, houve aumento do número de pessoas trabalhando em nove dos dez grupos de atividades econômicas investigados pela PNADC. Transporte, armazenagem e correio foi o único a ter saldo negativo, de menos 14 mil trabalhadores (-5,3%), no período.
Das nove atividades com alta na ocupação, os destaques, em termos absolutos, vieram da administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (mais 94 mil trabalhadores de um ano para o outro, ou +9,7%); dos serviços prestados principalmente às empresas (saldo de mais 61 mil ocupados, ou +14,2%); e do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (mais 54,3 mil trabalhadores, ou +5,1%).
Apesar deste segundo ano consecutivo de saldos positivos disseminados para a ocupação, em 2022, na Bahia, quatro dos dez grupamentos de atividades econômicas ainda tinham menos trabalhadores do que antes da pandemia, em 2019.
Esse grupo era liderado, em termos absolutos e percentuais, pela atividade de alojamento e alimentação, que, em 2022, ainda tinha menos 48 mil trabalhadores (-12,5%) do que em 2019. Em seguida vinham as atividades de transporte (menos 34 mil trabalhadores, ou -11,9%); serviços domésticos (menos 33 mil pessoas, ou -8,1%) e comércio (menos 33 mil ocupados do que em 2019, ou -2,9%).
Rendimento médio real dos trabalhadores baianos cai pelo 2º ano (-1,6%), é o mais baixo da série histórica e o 2º menor do país: R$ 1.750
Em média, no ano de 2022, o rendimento médio real (descontados os efeitos da inflação) mensal habitualmente recebido por todos os trabalhos na Bahia ficou em R$ 1.750, mostrando recuo de 1,6% frente ao valor de 2021 (R$ 1.779).
Foi a segunda queda anual consecutiva no “salário médio” no estado e, embora tenha sido bem menos intensa do que a verificada de 2020 para 2021 (-12,4%), levou o valor do rendimento médio habitual de trabalho a quebrar o recorde negativo do ano anterior e se tornar o mais baixo da série histórica da PNADC, iniciada em 2012.
Entre 2021 e 2022, o rendimento real do trabalho também recuou no Brasil como um todo (-1,0%), ficando em R$ 2.715, e em 13 das 27 unidades da Federação. Ainda que a taxa na Bahia (-1,6%) tenha sido apenas a 7a mais intensa, o estado continuou caindo no ranking nacional, de 3º para o 2º rendimento mais baixo dentre os estados. Foi superado pelo Piauí (R$ 1.920) e ficou acima somente do Maranhão (R$ 1.674).
Apesar da redução do rendimento médio, entre 2021 e 2022, como houve aumento importante do número de trabalhadores no período, a massa de rendimento real habitual de todos os trabalhos voltou a aumentar na Bahia. Cresceu 6,3% de um ano para o outro e chegou a R$ 10,138 bilhões.
Ainda assim, ficou menor do que a registrada em 2020 (R$ 10,171 bilhões) e abaixo de todos os anos do período pré-pandemia, sendo a 2a menor da série histórica.
A massa de rendimento é a soma dos rendimentos de trabalho de todas as pessoas ocupadas. Indica o volume de dinheiro em circulação.