Carolina Dias, nutricionista e fisioterapeuta, conta como os órgãos estão conectados e como é possível manter o equilíbrio a partir da alimentação saudável
Já percebeu que quando nosso intestino não está funcionando regularmente, ficamos mais estressados e irritados? É exatamente daí que vem a palavra dita popularmente “enfezado”. Isso acontece porque o intestino e o cérebro estão literalmente conectados e se esses órgãos não trabalham em harmonia, a saúde do corpo inteiro pode ser comprometida. De acordo com Carolina Dias, nutricionista e fundadora do programa de emagrecimento Mereço+ da Clínica Carolina Dias, a ciência mostra que o intestino é capaz de controlar diversas funções cerebrais.
“A parede intestinal abriga tanto bactérias benéficas quanto patogênicas, e para que o intestino tenha um bom funcionamento é preciso que haja um equilíbrio entre estas populações. As bactérias benéficas não só regulam a digestão como protegem o intestino de outros microrganismos causadores de doenças e ajudam na produção de hormônios importantes para o cérebro, como a dopamina e a serotonina, que são respectivamente, o hormônio da motivação e da felicidade”, explica a nutricionista.
Para manter esse equilíbrio intestinal, é fundamental adotar uma dieta rica em probióticos e prebióticos. Enquanto os probióticos são alimentos que contém bactérias boas capazes de melhorar o equilíbrio intestinal e produzir efeitos benéficos à saúde, os prebióticos são alimentos que estimulam a proliferação e a atividade dessas populações de bactérias desejáveis. Alimentos que contém probióticos são os iogurtes naturais e fermentados, como a kombucha e o kefir, já os prebióticos estão presentes em alguns alimentos, como cebola, tomate, aveia e banana.
“A nutrição funcional leva em consideração a importância da integridade fisiológica e funcional do trato gastrintestinal e é um dos principais fatores para manter o equilíbrio microbiano. A utilização dos alimentos probióticos e prebióticos está aumentando como forma de prevenção de um conjunto de doenças relacionadas ao intestino”, avalia Carolina.
Intestino saudável = cérebro saudável
A nutricionista destaca ainda que problemas nesse equilíbrio da microbiota impactam no corpo inteiro, causando desde problemas gástricos, como gases, diarreia ou prisão de ventre, até doenças cardiovasculares, síndromes metabólicas e desordens do sistema nervoso central.
“Se uma pessoa come um alimento estragado, a inflamação formada no intestino mata as bactérias benéficas, causa os sintomas gástricos e interfere diretamente no funcionamento do cérebro. Agora imagine um desequilíbrio menor e constante acontecendo ao longo de uma vida inteira, é isso que muita gente faz com uma alimentação desbalanceada, focada em fast foods, refrigerantes, biscoitos, doces e industrializados com aditivos que fazem mal às bactérias intestinais, aumentam a inflamação e comprometem a imunidade”.
Saúde da Mulher e intestino
Até para a saúde da mulher, um intestino doente pode ser muito ruim, revela a nutricionista. A ingestão de muitos carboidratos e poucas fibras faz com que bactérias ruins se proliferem nos intestinos. “Essas bactérias produzem uma enzima que, em vez de eliminar o excesso de estrogênio (como fazem as bactérias boas), o reabsorve. Assim, a pessoa que não se alimenta adequadamente tem maior propensão a ter endometriose, câncer de mama, entre outras doenças do aparelho feminino. Além disso, pode ter cólicas menstruais excessivas e tendência à obesidade ginecóide, que é o ganho acentuado de peso nos quadris, glúteos e coxas”, comenta.
Os riscos dos medicamentos para emagrecer
Assim como a alimentação desbalanceada e inflamatória, outros fatores podem desequilibrar o funcionamento intestinal, como estresse, uso indiscriminado de antibióticos ou medicamentos para emagrecer. “Muitas vezes a diminuição do funcionamento intestinal ocorre por conta de medicações para emagrecer. O Ozempic por exemplo, muito procurado recentemente para essa finalidade, diminui o esvaziamento e lentifica o intestino, afetando todo o organismo. Até que ponto vale a pena emagrecer ao custo de arriscar a própria saúde?”, alerta a nutricionista.