Depois de apelo das bancadas da Bahia e de Sergipe, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou, durante reunião na Câmara, que irá adiar a hibernação da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia -FAFEN-BA e FAFEN–Sergipe para a partir de 30 de junho. Presente na audiência, que ocorreu na tarde desta terça-feira (27/03), a deputada Alice Portugal (PCdoB/BA), que foi a primeira parlamentar a denunciar o fechamento da FAFEN-BA, desmontou o argumento da Petrobras sobre os motivos de interromper as atividades das fábricas. Os dirigentes da estatal alegam que os prejuízos verificados em ambas as unidades não justificam seu funcionamento.
Em seu discurso, Alice destacou que os fertilizantes são insumos essenciais para a produção agrícola, fato que obriga qualquer nação a tratar sua produção como questão de Segurança Nacional. O fechamento da FAFEN-BA e das demais fábricas de fertilizantes do país, faz parte do plano de desinvestimentos da Petrobrás.
“Ficou evidente aqui que a política de desinvestimento é a matriz nuclear do atual governo. Apesar do esforço do presidente da Petrobras em dizer que Temer não sabia do fechamento das fábricas, a venda dos ativos das subsidiárias da Petrobras é uma realidade. O processo de entrega iniciou-se com a venda das jazidas do Pré-sal, quebrando a exclusividade da estatal, e a concentração da Petrobras será óleo e gás, não mais alimentando sua própria indústria. É uma visão colonizada e de entrega total das riquezas nacionais. Temos um Brasil exportador de commodities e retraído na construção da sua tecnologia”, disse Alice.
A deputada destacou ainda que com a paralisação das atividades da FAFEN-BA, 700 postos diretos de trabalho serão fechados e haverá impactos em toda cadeia produtiva do setor. Os produtos da Fábrica são utilizados como matéria-prima em outras empresas do Polo Petroquímico de Camaçari. A amônia, por exemplo, é necessária para a produção da Oxiteno, Acrinor, Proquigel, IPC do Nordeste e PVC; já a ureia é utilizada na Heringer, Fertpar, Yara, Masaic, Cibrafertil, Usiquímica e Adubos Araguaia; o gás carbônico, na Carbonor, IPC e White Martins.
Na reunião, o vice-governador da Bahia, João Leão, e o governador de Sergipe, Jackson Barreto, defenderam o não fechamento das FAFENS e afirmaram que abrem mão de parte de impostos para manterem as fábricas em funcionamento. Eles garantiram que farão concessões para que não haja o fim das atividades das fábricas.
Ao final da audiência, ficou definido que uma comissão será formada para discutir saídas que possam evitar este desastroso desinvestimento.