O modelo de atenção integral à saúde, com valorização da Medicina de Família e Comunidade, tende a se fortalecer
A exponencial evolução tecnológica está modificando as práticas de cuidado com a saúde. A medicina do futuro será reflexo dos avanços nas áreas genética, robótica e nanotecnologia. A carreira médica deixará de ser promissora? Qual será o papel do médico nos próximos dez anos?
“A Medicina de Família e Comunidade (MFC), especialidade médica centrada no atendimento integral às pessoas, famílias e comunidades, será cada vez mais valorizada”, opina o Daniel Albuquerque, superintendente de Provimento em Saúde, da Central Nacional Unimed. Para ele, no futuro o médico se tornará uma espécie de “coach ou mentor de saúde, o profissional que irá coordenar a equipe multidisciplinar, responsável por práticas preventivas e terapêuticas”.
Com o avanço tecnológico, os computadores, robôs e equipamentos de última geração serão responsáveis pelo diagnóstico, análise de dados e tratamento de doenças. “Ao passo que os médicos terão a responsabilidade de acompanhar as pessoas, as famílias e as comunidades ao longo do tempo e de forma integral”. Esse acompanhamento deve ser feito por equipes que integram nutricionistas, psicólogos, enfermeiros.
Médico cardiologista, Daniel Albuquerque é Mestre em Educação Física e Fisiologia do Exercício. “Se eu estivesse conversando com estudantes de medicina neste momento, com certeza lhes diria para aprender mais sobre atenção integral à saúde, investindo em Medicina de Família e Comunidade”.
Na Europa, Canadá e Oceania, em países que possuem sistemas de saúde mais acessíveis para toda a população, o foco é a atenção primária (ou cuidados primários de saúde) e o número de médicos com residência com foco na atenção integral é maior em relação às demais especialidades, no Canadá cerca de 50% das vagas e residências são para MFC.
Inteligência artificial, robôs, dispositivos e sistemas especializados são cada vez mais utilizados para diagnóstico e tratamento. No futuro o médico será desnecessário? A presidente do Sindicato dos Médicos do Estado da Bahia (Sindimed-BA), Ana Rita de Luna, acredita que “nada vai substituir a relação médico-paciente, que será cada vez mais próxima”. Não será desnecessário, mas a projeção será muito repaginada.
Ela reconhece as grandes transformações que ocorrem na carreira médica, mas afirma que a tecnologia é uma grande aliada. “Como em todas as áreas, os profissionais de saúde terão de investir permanentemente em atualização. A telemedicina e outros procedimentos inovadores são áreas de atuação do médico, eu vejo as mudanças e a evolução tecnológica com otimismo”, resume. O melhor profissional será aquele que souber formar um dueto harmônico com essas tecnologias.