O Centro de Defesa da Criança e Adolescente (Cedeca), em Salvador, completou 30 anos na segunda-feira (13). O momento, entretanto, não é de celebração, mas de preocupação. Isso porque a entidade sem fins lucrativos, que atua na prevenção e no atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual, enfrenta dificuldades financeiras para manter as atividades.
Segundo Luciana Reis, coordenadora do Cedeca, o convênio da entidade tinha com o governo do estado foi encerrado e, agora, eles contam com o apoio de voluntários para continuar atuando.
“Uma parceria que a gente tem ao longo de mais de 20 anos e que a gente agradece, mas a gente precisa de uma política pública continuada, no sentido de atendimento integral às vítimas de violência, seja ela de homicídio ou sexual”, afirma Luciana.
Em maio, a entidade criou uma vaquinha virtual para conseguir arcar com as despesas e continuar com os atendimentos às crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Isso porque o Cedeca tem uma dívida de R$ 53 mil com a Receita Federal e, se não pagar a dívida, pode perder a certidão negativa da Receita Federal, que permite a realização de convênios com a prefeitura e com o governo do estado.
Em nota, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) informou que, com o fim do contrato com o Cedeca, um novo edital de seleção pública será publicado na próxima semana
Disse ainda que as crianças e adolescentes vítimas de violência e violação de direitos na Bahia contam com uma ampla rede de apoio, estando amparadas pelos diversos serviços oferecidos pelo governo do Estado e municípios.
Mesmo com dificuldades, o Cedeca está fazendo um trabalho chamado de Monitoramento do Bem Estar das Famílias Atendidas pelo Cedeca, a partir da parceria, do apoio e do entendimento dos técnicos institucionais, advogados, psicólogos e assistentes sociais.
“Está sendo feito de forma gratuita, dentro dos seus tempos limites, fazendo essas ligações e esse monitoramento, semanais ou quinzenais, a depender das situações e dos casos, para que essas famílias não fiquem completamente desassistidas. É até desumano pensarmos que, por falta de recursos, a gente deixe crianças e adolescentes mais vulneráveis do que as situações de vulnerabilidade nas quais elas se encontram”, conta Luciana.
Segundo ela, durante o período da pandemia, os casos de violência têm se potencializado.
“É como se a rede de agressores não dormisse. Então a gente precisa pensar que quando a gente fala dos crimes que envolvem a dignidade sexual de crianças e adolescentes, esses violadores de direitos procuram forma de se adaptar à conjuntura. Com a pandemia, não é diferente”, conta.
“É importante também considerarmos que crianças e adolescentes também estão em casa, muitas delas, com seus agressores. Então como é que a gente pode minimizar esses impactos ocasionados pela pandemia? Porque as violências elas vão desde negligência a maus tratos, até mesmo perda da vida, que seria o grau máximo”, afirma Luciana.
Para fazer as doações, a instituição conta com uma divulgação nas redes sociais. Pelo Instagram, página no Facebook.
O Cedeca está com as linhas telefônicas suspensas momentaneamente, então um email foi disponibilizado para receber as denúncias (comunicacaocedeca@gmail.com).
G1