Huguinho se assustou como todos os soteropolitanos, baianos, nordestinos e brasileiros nos primeiros momentos do apagão da tarde desta quarta-feira. As comunicações também foram atingidas. Nada de celular, internet, zap, redes sociais, netflix… Desespero total… Teve crianças que depois de semanas tiraram a cara da telinha do iphone e olharam para os pais sem reconhecê-los.
Huguinho pesou logo se tratar de uma invasão extraterrestre. Sempre imaginou que a Terra um dia seria ocupada e saqueada por ETs e que o ataque começaria com o corte brutal de energia e dos meios de comunicação, deixando isolados todos os terráqueos, facilitando assim o extermínio da raça humana com disparadores de laseres quer desintegrariam e dizimariam os homo-sapiens.
A sensação de que o juizo final teria chegado parecia se confirmar com o barulho insistente de hélices e, os gritos – embora de algumas direções ouvia-se nitidamente Bora Bahêa Minha Porra. Pensou até se tratar do último suspiro de alguns fanáticos torcedores tricolores.
Meninos soltos nas ruas brincando como crianças. Viu que alguns inclusive pararam diante de uma bola e ficaram a admirá-la sem entender para que servia aquele balão arredondado…
Huguinho ainda acreditava na invasão extraterreste e passou a tentar convencer os amigos e vizinhos a se armarem e defenderem o planeta juntamente com ele, que já estava de posse da faca de cozinha e de um badogue que guardara de quando ainda era criança.
Por volta das 19h30, quando a energia começou, aos poucos a retornar, Huguinho passou a repensar a história e ouviu de um vizinho que o apagão teria sido artimanha do time do Vitória, lá no Ceará, para impedir a realização da partida, como já tinha feito duas vezes no ano.
A luz voltou e do Imbuí, bairro onde reside, ouviu de diversas direções gritos insistentes de Bora Bahia Minha Porra. A invasão extra-terrestre não aconteceu, mas teve certeza que mesmo que venha a acontecer ninguém vence esses tricolores chatos em vibração.
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