Médico ginecologista, especialista em endometriose e cirurgia minimamente invasiva, Alexandre Amaral explica que sentir dor não é normal e que, em alguns casos, pode ser sintoma de alguma doença
Apesar de naturalizada pela sociedade como algo normal, a cólica menstrual – dor causada pela contração do útero antes e durante a menstruação – pode ser um sinal de alerta para algum problema de saúde, principalmente quando é forte ou vem acompanhada de outros sintomas, como náusea, diarreia, dor de cabeça e, em alguns casos, até desmaio. De acordo com o médico ginecologista, especialista em endometriose e cirurgia minimamente invasiva, Alexandre Amaral, os sintomas dolorosos no período da menstruação acontecem devido a contração uterina, que ocorre no processo de descamação do endométrio.
“Durante o período menstrual, o organismo produz em excesso a prostaglandina, substância que faz o útero se contrair para o sangue poder sair. Essa ação elimina o endométrio e pode resultar em dores e desconfortos durante o ciclo menstrual”, explica Alexandre.
Contudo, nem toda mulher sente essas cólicas, e nem toda mulher sente cólicas fortes. Segundo especialistas, de 30% a 50% das mulheres têm menstruações dolorosas. Portanto, as dores e desconfortos na região pélvica precisam de uma investigação adequada quando passam a impactar o dia a dia e demandar a utilização de medicamentos, como analgésicos.
De acordo com o ginecologista, as dores intensas e muitas vezes incapacitantes durante o período da menstruação podem sinalizar doenças como endometriose, adenomiose, miomatose uterina e inflamações pélvicas, entre outras. “Como são doenças inflamatórias, o diagnóstico precoce é fundamental para prevenir a progressão do quadro e garantir o bem-estar da paciente”.
Nesse cenário, o médico ressalta a importância do acompanhamento regular ginecológico, com a realização dos exames preventivos. “Existem muitos fatores que podem estar relacionados à cólica intensa. Somente diante de uma avaliação ginecológica criteriosa para identificar a causa e orientar o tratamento mais adequado para cada caso. Muitas pacientes levam anos para receber um diagnóstico e iniciar o tratamento correto por acreditarem que menstruação é sinônimo de sofrimento e isso não deve ser banalizado”, avalia Alexandre.