Na próxima segunda-feira (8), terá início o julgamento do segundo impeachment do ex-presidente dos EUA, Donald Trump. O republicano não é o primeiro mandatário norte-americano a enfrentar um processo semelhante no Senado, mas é o único a passar por isso duas vezes e o primeiro a responder já após deixar o cargo.
O impeachment de Trump foi aprovado pela Câmara dos Representantes no último dia 13 de janeiro, por incitação à insurreição. Ele é acusado de ter incentivado uma multidão de seus apoiadores a invadirem o prédio do Capitólio, sede do Congresso dos EUA, no dia 6, durante a sessão de contagem dos votos do Colégio Eleitoral que deu a vitória na eleição de 2020 ao democrata Joe Biden. A invasão terminou com 5 mortos na violência e duas pessoas se mataram depois.
Trump promoveu um comício perto da Casa Branca no fim da manhã do dia 6 e disse aos seus apoiadores que “tomassem o poder”. O ex-presidente afirmou, durante mais de dois meses após a eleição, que teria sido derrotado por Biden com o uso de uma fraude eleitoral em larga escala que, no entanto, ele jamais conseguiu provar.
Caso seja condenado — algo que ainda não é certo, já que o Senado tem 50 integrantes republicanos e 50 democratas e são necessários 67 votos para a condenação —, Trump corre o risco de perder seus direitos políticos. Seria, nesse caso, um resultado inédito, já que todos os outros julgamentos de impeachment na história do país terminaram em absolvição.
Andrew Johnson é considerado um dos piores presidentes da história dos EUA. Alçado ao cargo após o assassinato de Abraham Lincoln, em 1865 ele buscou perdoar os estados do Sul, derrotados na Guerra de Secessão, e se recusou a assinar uma emenda constitucional reconhecendo a cidadania dos escravos recém-libertos. A Câmara aprovou o impeachment por ele desrespeitar o Congresso se recusar a manter Edwin Stanton como secretário da Guerra e no Senado Johnson ficou a apenas um voto da condenação, mas venceu.
Richard Nixon não entra na lista dos presidentes que sofreram impeachment, mas merece uma menção por ter sido o primeiro (e único) a renunciar ao cargo, justamente para não ser removido pelo Congresso. A queda de Nixon começou em 1972, quando estourou o escândalo de Watergate, no qual se descobriu um esquema em que funcionários do governo sabotaram o partido Democrata, além de ter plantado escutas na Casa Branca. Sem apoio no Congresso, ele deixou o cargo em 9 de agosto de 1974.
O impeachment de Bill Clinton começou com uma acusação de assédio sexual, quando ele ainda era governador do Estado do Arkansas. Com a divulgação de declarações da ex-estagiária Monica Lewinsky, de que ela e o presidente teriam tido relações sexuais na Casa Branca, Clinton foi acusado de perjúrio e obstrução de Justiça. O impeachment foi aprovado na Câmara dos Representantes, de maioria republicana, mas não obteve a maioria absoluta para que ele fosse condenado, em 12 de fevereiro de 1999.
O primeiro impeachment de Trump aconteceu por conta da denúncia de que ele havia pressionado o governo da Ucrânia a encontrar provas para incriminar Hunter Biden, o filho de Joe Biden, por supostos incidentes de corrupção no país. O afastamento foi aprovado pela Câmara em dezembro de 2019, mas no julgamento no Senado, os republicanos derrubaram todas as propostas para ouvir testemunhas e analisar provas. O presidente foi absolvido em 5 de fevereiro de 2020.
R7