Conheça os queijos brasileiros premiados no Mundial do produto

 

 

Queijo é motivo de orgulho nacional na França. Entre 300 e 400 tipos do produto são produzidos naquele país, dizem as estatísticas informais francesas, o que os leva a repetir, sempre que podem ou desejam acariciar o próprio ego – o que, diga-se, não é raro – a seguinte máxima: “aqui é possível comer um queijo diferente a cada dia do ano”.Diante dessa realidade, disputar um torneio internacional de qualidade de queijo em solo francês, como estrangeiro, e voltar para casa com um desempenho fartamente elogiado até pelos outros competidores, é algo digno de ser considerado uma façanha.

Foi exatamente o que ocorreu com os produtores brasileiros inscritos na quarta edição do Mondial du Fromage et des Produits Laitiers, a “copa do mundo” dos queijos e produtos leiteiros, que acaba de ser realizada na cidade francesa de Tours.

Os critérios da equipe julgadora envolveram textura, sabor e aparência. O Brasil inscreveu 127 dos 952 queijos analisados no Mundial, vindos de 23 países, entre eles pesos pesados da tradição queijeira como Itália, Holanda, Alemanha, Bélgica e Estados Unidos, além, claro, da França.

Nada menos do que 58 queijos brasileiros ganharam medalhas. Quatro ficaram entre os 30 premiados na categoria importante do concurso, a super ouro. Sete produtores levaram o ouro, 21 a prata e 26 o bronze (veja a lista de premiados no final da reportagem).

Um ponto curioso da participação brasileira foi o “show” particular dos produtores mineiros, particularmente os da Serra da Canastra e do Serro, regiões com Indicação de Procedência (IP) e produtos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural imaterial brasileiro.

Cinquenta das medalhas brasileiras foram para Minas Gerais, 24 delas para queijeiros da Canastra, incluindo três super ouros. O quarto foi conquistado pela Leiteria e Laticínios Pardinho Artesanal, das Fazendas Sant’anna, de Pardinho (SP), de um produtor que, ironicamente, se chama Bento Abreu Sodré de Carvalho Mineiro.

“Essas premiações aumentam o interesse no Brasil e funcionam como atestado de qualidade para exportação”, resume o presidente da Associação dos Produtores da Canastra (Aprocan), João Carlos Leite, premiado com um bronze no Mundial. “O futuro está nos países asiáticos, sobretudo na China, que até a década de 1980 praticamente não consumia queijo. Eles poderão ter um mercado de produtos lácteos de US$ 16 bilhões (R$ 61,5 bilhões) em 2020. O governo brasileiro precisa tratar nossos produtos de forma estratégica”, reivindica.

Conheça os quatro queijos super ouro e a lista dos outros 54 premiados:

Curado Fazenda Santuário do Mergulhão – Aprocan – Numa bela propriedade, que abriga dois quilômetros do Rio São Francisco, Silmar de Castro fabrica um canastra tradicional delicado, úmido, amarelo suave, feito com leite cru de excelente qualidade. Ótimo com café, goiabada, geleia picante, temperada ou de pimenta e doces cremosos. Silmar ganhou duas medalhas: o super ouro, com um maturado por três a quatro meses, e a prata, para um com quatro a cinco meses de maturação.

Queijo do Ivair Rótulo Preto Reserva – Aprocan –  Ivair José de Oliveira e sua mulher, Lúcia, são os principais especialistas da Serra da Canastra na fabricação do queijo “mofado”. O mofo branco, natural e benéfico para a saúde, surge na bonita casca rugosa da peça durante o processo de maturação. O Rótulo Preto, premiado com o super ouro, é feito com leite cru retirado à tarde, mais gorduroso, e maturado por 25 dias em média. Vai muito bem com vinhos brancos encorpados, tintos de média estrutura e cervejas IPA. E faz bom papel em receitas com carne e no contraste com alguns doces. O casal ganhou também uma de bronze com o Rótulo Verde, feito com leite colhido de manhã e 35 dias de maturação. Combina com compota, geleia, café e vira ingrediente nobre numa omelete. Nas lojas, custam entre R$ 120 e R$ 140 o quilo.

Canastra Queijaria Vale da Gurita – Aprocan – Canastra produzido pelo arquiteto e empresário Arnaldo Adams Ribeiro Pinto, paulista de Ribeirão Preto, em uma belíssima fazenda da região. Macio, pouco ácido, levemente picante e muito versátil. Combina com goiabada, compotas, carnes e geleias tradicionais ou temperadas. Harmoniza muito bem com café, cerveja e vinho branco com acidez presente. Bem curado, pode ser usado no lugar do parmesão. Nos empórios, custam entre R$ 90 a R$ 100 o quilo.

Queijo Cuesta 8 meses – Leiteria e Laticínios Pardinho Artesanal, Fazendas Sant’Anna – Feito com leite cru da raça zebuína indiana Gir, fica oito meses no espaço de maturação. O sabor é marcante, mas sem agressividade, com destaque para os toques amendoados e amanteigados. Acompanha bem vinhos brancos com boa acidez, de preferência minerais. No prato, faz boa companhia a compotas, geleias e mel. E substitui com maestria os queijos italianos na massa à carbonara. Trezentos dos 2 mil quilos de queijo produzidos por este fabricante são desta categoria. O preço do quilo, nos empórios, varia de R$ 160 a R$ 190.

Confira os 54 medalhistas de ouro, prata e bronze:

Ouro
Mineirinho – Alexandre Honorato
Queijo Canaã – Associação dos Produtores Artesanais de Queijos do Serro (Apaqs)
Vale da Gurita Super – Aprocan
Rancho 4R 180 dias – Aprocan
Claudinei Donizete 60 dias – Fazenda Bela Vista
Nevoa Tronco de Pirâmide – Rancho das Vertentes
Cruzilia 300 – Laticínios Cruzilia

Prata
Sertanejo – Carlos Pereira Adelmo Apaqs
Maria Nunes Meia Cura – Apaqs de Sena Brandão Christiane
Turvo Grande Mofado – Apqs Marques de Pinho Deobaldino
Santana – Apaqs Santana dos Santos Lindomar
Dona Laia – Apaqs Simões Jorge Marilia
Queijo do Zé Mário – Aprocan
Santuário do Mergulho Extra Curado – Aprocan
Roça da Cidade Real Meia Cura – Aprocan
Vale Encantado – Aprocan
Capão Grande Meia Cura – Aprocan
Pingo de Amor Meia Cura – Aprocan
Pingo de Amor Curado – Aprocan
Pingo de Amor 22 Jours – Aprocan
Queijo do Marajó – Fazenda São Victor
Queijo Mandala 12M – Leiteria e Laticínios Partinho Artesanal Ltda
Ruda – Carolina Pereira
Kefir – Queijaria Bela Fazenda Sinueiro
Serra dos Arachás – Serra dos Arachás
Alagoa Pequena – Queijo D’Alagoa
Requeijão – Laticínios Cruzilia
Queijo Craveiro – Carolina Peirera de Moraes

Bronze
Rio das Pedras – Apaqs
Elber Miranda Idanir Paixão – Apaqs
Curupira – Tulio Madureira da Silva – Apaqs
Quilombo Casca Lavada – Ivacy Pires dos Santos – Apaqs
Queijo do Serjão – Aprocan
Queijo do Valtinho – Aprocan
Tradição da Canastra Curado – Aprocan
Rancho 4R 60 dias – Aprocan
Queijo do Ivair Curado – Aprocan
Queijo Dinho 25 dias – Aprocan
Queijo do Miguel Extra Curado – Aprocan
Porto Canastra Curado – Aprocan
Queijo do Claudio – Aprocan
Beira da Serra – Aprocan
Queijo da Santa Curado – Aprocan
Guilherme Henrique Silva – Aprocan
Queijo Minas Artesanal – Cooperativa do Serro
Claudinei Donizete 45 dias – Fazenda Bela Vista
Claudinei Donizete 120 dias – Fazenda Bela Vista
Quejio Vitória – Fazenda Vitória
Serra do Pico – Laticínio Grupiara
Dona Nega Queijo Minas Curado – Minas Cheese Ireland’s Homemade
Honey Moon Queijo Minas Curado – Minas Cheese Ireland’s Homemade
Dagano – Laticínios Cruzilia
Queijo Datas Guzerá – Queijaria Datas Richard
Império – Queijo Bicas da Serra

 

 

R7

VejaTambém

Mais Notícias

Próxima Postagem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas Notícias