Lideranças de bairros populares de Salvador e a equipe da Central Única das Favelas (CUFA) na Bahia estão empenhadas em desenvolver ações para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade durante o isolamento social provocado pela pandemia do coronavírus.
Autoridades das gestões municipal e estadual já manifestaram preocupação com a população que mora nas favelas, onde o coronavírus deve fazer mais estragos.
A CUFA está desenvolvendo um trabalho nacional de combate ao vírus. Em Salvador, a organização se articulou com 74 lideranças e 21 instituições, em um esforço para arrecadar dinheiro, alimentos e itens de higiene para quem precisa.
Márcio Lima, que atua como coordenador da CUFA na Bahia, explica como funciona o grupo.
“Nós temos um grupo chamado ‘CUFA contra o vírus’. A gente mapeou as lideranças que estão fazendo ações para arrecadar alimento, levar material de higiene pessoal e álcool em gel para ajudar essas pessoas”, conta.
O grupo atua basicamente em três frentes para conseguir as doações. A primeira é através de uma “vaquinha” online, na qual as pessoas podem fazer suas doações.
Há, também, quatro pontos de coletas espalhados pela cidade.
- Centro Cultural Alagados [R. Silvino Pereira – Uruguai]
- Paróquia de São Jorge, no Jardim Cruzeiro
- Casa do Povo, em Sussuarana [R. Abelardo Barbosa, 11-33]
- Itinga [cruzamento da avenida Fortaleza com a avenida Gerino de Souza Filho]
O ponto de Itinga é um galpão, que estava desativado. Lá, em horários marcados, são recebidas as doações e são higienizadas. O galpão fica no cruzamento da avenida Fortaleza com a avenida Gerino de Souza Filho.
Por fim, a organização aciona empresários e funciona como uma ponte entre eles e as lideranças populares, que então repassam as doações para as famílias, como explica Danúbia Santos, Coordenadora do núcleo Sussuarana da CUFA.
“Procuramos lideranças que já estavam atuando nessa redução do impacto do coronavírus nas favelas. A partir dessa parceria, a CUFA entra fazendo a ponte entre as instituições para que a gente possa arrecadar o máximo de coisas”, contou.
De acordo com Márcio Lima, algumas empresas já sinalizaram positivamente em relação às doações.
“Hoje a gente estava em contato com alguns empresários para saber como eles podem contribuir. A gente fez um mapeamento das favelas mais afetadas pelo coronavírus”, disse.
Mães da Favela
O público-alvo preferencial da ação da Central Única das Favelas são as mulheres, mães que são chefes de família, que trabalham como diaristas ou autônomas e são diretamente afetadas pela pandemia.
Para elas, foi pensado o projeto “Mães da Favela”, que prevê um auxílio em dinheiro.
“A gente está com um projeto chamado ‘Mães da Favela’, onde a gente vai estar com essas mulheres que são chefes de família, com uma bolsa de R$ 120. A gente fez o mapeamento dessas mulheres que não recebem bolsa família, que não recebem nenhum tipo de auxílio, e vamos estar também fazendo essa contribuição para ajudar as famílias”, disse Márcio Lima.
A campanha, que começou há pouco mais de uma semana e só agora está “ganhando fôlego”, como aponta Danúbia Santos, arrecadou R$ 2 mil na vaquinha online e cerca de 500 cestas básicas.
Cartão de desconto Casa do Povo
Um dos locais onde a CUFA atua é Sussuarana, onde Val do Povo, que é dono de uma farmácia, criou um cartão que dá descontos ao morador que comprar em estabelecimentos do bairro.
Para isso, basta ir até a associação, apresentar a documentação e realizar o cadastro. A partir daí, é só ir às compras. De acordo com Val, a medida é uma forma encontrada para estimular o comércio do bairro.
“A ideia é fortalecer os comerciantes da região. Boa parte do que vende em shopping, do que vende nessas lojas, a gente entende também vende aqui no comércio local”, disse.
Por enquanto, são dez os estabelecimentos cadastrados onde o morador encontra o desconto. A meta, porém, é aumentar esse número.
Tem farmácia que dá desconto de 5% a 30%; em autoescola, tem desconto de R$ 150 na primeira habilitação.
G1