A mesada é uma ótima ferramenta para inserir as crianças e jovens no universo financeiro. No entanto, há alguns erros cometidos pelos pais/responsáveis nessa hora que podem fazer com que o efeito seja contrário, dando exemplos ruins para a nova geração.
Se bem aplicada, ao invés de ser um incentivo ao consumo, a mesada se torna um meio de educar financeiramente os jovens, que, em um futuro próximo, podem se tornar consumidores conscientes e sustentáveis. Com um cenário econômico instável e a proximidade do fim do ano (Natal e férias), o momento é extremamente propício para refletir e tratar sobre questões que envolvam a relação desse público com o uso do dinheiro. Para ajudar os pais e responsáveis nessa tarefa, o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira, listou alguns dos principais erros na implementação da mesada. Outros princípior podem ser encontrados no seu novo livro Mesada não é só dinheiro – Conheça os 8 tipos e construa um novo futuro (Editora DSOP).
1. Desequilíbrio:
A criança não deve guardar todo o seu dinheiro para os sonhos. Ela precisa separar 50% de sua mesada para o consumo cotidiano e se dar o direito de comprar algo que deseja – sem excessos. Por incrível que pareça, a disciplina rígida que alguns pais impõem dentro de casa pode acabar transformando seus filhos em crianças obsessivas com o dinheiro e, consequentemente, em futuras pessoas avarentas.
2. Violação:
Os pais não podem, de forma alguma, usar o dinheiro que a criança vem guardando para os seus sonhos como empréstimo. Essa recomendação pode parecer absurda, mas existem muitos casos, no âmbito familiar, em que os pais ou responsáveis mexem no cofrinho do filho ou retiram algum valor da caderneta de poupança da criança para pagamento de uma conta da casa ou mesmo para uso particular.
3. Ruptura:
Nunca atravesse as etapas de esforço e crescimento de seu filho. Jamais compre o objeto de sonho dele antes que a criança consiga juntar o dinheiro para conquistá-lo. Isso fará com que ele registre na mente, para o resto da vida, a ideia de que não precisa lutar para conquistar as coisas que deseja.
4. Permissão:
Aprenda a dizer não, é para o bem da criança. Enquanto implanta a mesada, você vai se deparar com a seguinte situação: a criança vai gastar todo o dinheiro antes de o mês terminar. É natural, ela está aprendendo e vai pedir mais quando isso acontecer. Mas ela deve vivenciar as consequências de seus atos.
5. Desmedida:
A mesada não pode ser usada nem como prêmio, nem como castigo. Há pais que, por impulso, decidem não dar mesada por um período de tempo ao filho, por mau comportamento ou notas baixas, por exemplo. Ou então, dão a mesada porque o filho fez alguma atividade doméstica. A mesada deve ser respeitada e jamais virar uma moeda de troca ou “barganha” entre pais e filhos.
6. Remuneração:
A mesada não é salário. Salários são pagos para quem trabalha e criança não pode e não deve trabalhar. Esse é um dos conceitos que nunca é demais reforçar, para que as coisas fiquem realmente claras. Salário é salário, mesada é mesada!
7. Sonegação:
Os adultos devem ensinar as suas crianças, desde cedo, que tudo que compramos deve vir com nota fiscal, desde um chocolate até uma bicicleta. Portanto, não deem o exemplo errado para os seus filhos, negociando uma compra sem nota fiscal para obter desconto.
Bahia Notícias