Com uma campanha publicitária que convoca os “viciados em selfie”, os “zumbis de celular” e os “gamers”, o Exército Britânico quer convencer os millenials — jovens nascidos a partir de 1995 — a se alistarem e preencher um déficit nas Forças Armadas de uma das maiores potências militares do mundo.
Os millenials costumam ser alvo de críticas por serem considerados uma geração com pouco compromisso comunitário e muito autocentrados. Chegam a ser chamados pelos britânicos de “me me me millenials” — na tradução literal, “eu, eu, eu, millenial”.
A campanha do Exército tenta reverter esta percepção e apontar características dos diferentes tipos de millenials que seriam bem-vindas na carreira militar. Por exemplo, a “fé em si mesmo” dos “eu eu eu”, ou a “força de vontade” dos gamers, ou ainda a “autoconfiança” dos “viciados em selfie”.
Inspiração em cartaz histórico
Em jornais, revistas e outdoors, a campanha usou como base um histórico cartaz da Primeira Guerra Mundial, em que um oficial do Exército aparece sob os dizeres “Seu país precisa de você”.
Na publicidade moderna, o slogan ganhou versões como “Engraçadão da turma, seu Exército precisa de você — e da sua inteligência”.
“O exército vê as pessoas de forma diferente e estamos orgulhosos de olhar para além dos estereótipos e identificar o potencial dos jovens, da compaixão à autoconfiança”, declarou o major-general Paul Nanson, diretor da Academia Militar de Sandhurst.
Déficit de 5.500 soldados
De acordo com números apresentados ao Parlamento em outubro, o Exército teria cerca de 77 mil soldados treinados, 5.500 a menos do que a meta de 82.500 militares.
A campanha surge após o Ministério da Defesa publicar estes números, que demonstrariam a pouca eficiência da estratégia adotada anteriormente de contratar uma empresa de recursos humanos para fazer o alistamento de novos recrutas.
Em 2012, o governo britânico anunciou a contratação da Capita, uma grande gestora externa de RH. No entanto, ainda de acordo com os dados apresentados ao Parlamento, a empresa foi responsável por trazer apenas um em cada dez novos recrutas.
Apesar da criatividade, a campanha, que custou 1,5 milhão de libras (algo em torno de R$ 7,5 milhões), recebeu críticas.
Parte dos britânicos, um povo conhecido por seu humor refinado, acredita que a campanha passa a mão na cabeça dos jovens e se parece mais com publicidade para vender doces do que para alistar militares.
R7