Uma mulher da cidade de Capim Grosso, no norte da Bahia, denunciou policiais militares por tortura e agressão contra os filhos, após os militares invadirem a casa da família, no bairro José Mendes de Queiroz. A Polícia Militar disse que instaurou uma sindicância para apurar a conduta dos envolvidos.
A situação aconteceu no dia 29 de agosto. Jucide Silva Oliveira conta que a família estava em casa, reformando uma parede do imóvel, quando parou para almoçar. Neste momento, os PMs chegaram procurando um homem conhecido como Marcelo, só que ninguém sabia quem era essa pessoa.
Ainda segundo a mulher, os policiais não acreditaram e passaram torturar os dois filhos dela, para que eles falassem. Os militares usaram uma mangueira para enforcar um dos filhos de Jucide, que acabou desmaiando na ação. Os rapazes também tiveram os cabelos e chinelos cortados pelos PMs, além de serem agredidos.
A dona de casa conta ainda que os policiais revistaram toda a casa dela, mesmo sem apresentarem um mandado judicial, e não encontraram nada. Quando os militares saíram da residência, a família gravou um vídeo em que Jucide desabafa e mostra um dos filhos, Joedson, 21 anos, visivelmente abalado.
“Meu filho aqui, olha. Estava almoçando, botaram para correr. Bateram nele, enforcaram até desmaiar, cortaram o chinelo. O outro está com o pé quebrado, tem dois meses que não sai de dentro de casa, doente, com o pé quebrado”, falou.
O desabafo de Jucide circulou na internet e causou comoção nas redes sociais, por causa do relato da truculência e tortura empregada pelos policiais na ação. Ainda nas imagens, a dona de casa faz um apelo para as autoridades, para que orientem os policiais nas abordagens.
“Vocês têm que orientar quando eles vêm atrás de pobre, porque não é todo mundo que é vagabundo não. Aqui não tem vagabundo, é tudo pai de família, trabalhador. Enforcaram pais de família com mangueira, sem ter necessidade nenhuma. Entraram dentro de casa, olharam tudo e não acharam nada. Porque a gente é pobre, não pode morar aqui não. Eles têm que aprender a fazer o trabalho deles direito, porque a gente é pobre, mas não é cachorro, não”, desabafou.
Nesta terça-feira (8), a dona de casa falou com a equipe da TV Bahia. Jucide contou que ela está sendo apoiada por membros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Bahia, e que quer justiça pelo que aconteceu com os filhos dela.
“Eu estou aqui a procura de Justiça. Eles entraram em minha casa sem mandado, enforcaram meus filhos com mangueira, cortaram chinelos, cortaram os cabelos de meus filhos. Eu estou com um filho acompanhado por psicólogos. A gente está consciente de nossos direitos, que não é assim. Porque a gente é de uma família pobre, de um bairro que tem muitos negros, inclusive meus filhos são negros, e a gente está passando por tudo isso. Eu não quero que nenhuma mãe passe pelo que eu passei. A gente está sendo acompanhado pela Ordem dos Advogados da Bahia, que está nos dando a maior força, e eu tenho certeza que a gente vai ter a justiça”, disse Jucide
Além de informar que abriu sindicância, a Polícia Militar disse também que não compactua com comportamentos que fujam à técnica policial e reforçou que todas as denúncias serão devidamente apuradas.
G1