No Brasil, em 2016, as mulheres ocupadas dedicaram aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos cerca de 73% a mais de horas do que os homens (18,1 horas contra 10,5 horas).
A maior desigualdade na distribuição de horas gastas nessas atividades está na região Nordeste, onde as mulheres ocupadas dedicam cerca de 80% a mais de horas do que os homens, alcançando 19,0 horas semanais contra 10,5 horas para eles.
O recorte por cor ou raça indica que as mulheres pretas ou pardas são as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e/ou aos afazeres domésticos, com o registro de 18,6 horas semanais em 2016 – frente a 17,7 horas para as brancas. Entre os homens, o indicador pouco varia quando se considera a cor ou raça ou região de residência.
Por outro lado, a proporção de pessoas trabalhando em tempo parcial (até 30 horas semanais) é maior entre as mulheres (28,2% trabalham em parcial) do que entre os homens (14,1%).
Também nesse caso, as desigualdades regionais são marcantes. No Nordeste, 36,9% das mulheres trabalham menos de 30 horas semanais, percentual bem próximo da região Norte (36,8%) e muito superior aos verificados nas demais regiões (26,5% no Centro-Oeste; 24,2% no Sudeste; e 24,1% no Sul).
São as mulheres pretas ou pardas que, no país como um todo, mais exerceram ocupação por tempo parcial (31,3% delas), enquanto 25,0% das mulheres brancas se ocuparam desta forma, em 2016. Para os homens, somente 11,9% dos brancos se ocuparam por tempo parcial, ao passo que a proporção de pretos ou pardos alcançou 16,0%.
Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos acabam por trabalhar em ocupações com carga horária reduzida – o que também pode implicar menor remuneração e menor presença em cargos gerenciais, dois outros indicadores analisados no estudo.
Mulheres baianas dedicam o dobro de horas que os homens aos cuidados com a casa e outras pessoas da família
Na Bahia, em 2016, as mulheres (trabalhando fora ou não) dedicavam pouco mais que o dobro de tempo dos homens aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos conjuntamente. Nessas tarefas, elas despendiam 21,4 horas por semana contra 10,3 horas semanais para os homens.
O estado tem uma das maiores desigualdades entre horas dedicadas por mulheres e homens aos afazeres domésticos e cuidados: cerca de 11 horas, a 6ª maior entre as 27 unidades da Federação.
Também há diferenças no tipo de afazeres domésticos mais realizados por mulheres e homens. No caso delas, as tarefas mais citadas são preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar louça; e cuidar da limpeza ou manutenção de roupas e sapatos. No caso deles, os afazeres mais relatados são cuidar da organização do domicílio (pagar contas, contratar serviços, orientar empregados, etc.); e fazer compras ou pesquisar preços de bens para o domicílio.
Taxa de fecundidade das adolescentes caiu na Bahia, entre 2011 e 2016, mas ainda é maior que a média nacional
Um indicador que permite monitorar a proteção das meninas, adolescentes e jovens é a taxa específica de fecundidade das mulheres de 15 a 19 anos de idade.
Em 2016, na Bahia, 6 em cada 100 adolescentes nessa faixa etária foram mães, o que se traduz numa taxa de fecundidade de 61,1 nascimentos para cada 1.000 mulheres de 15 a 19 anos de idade.
Embora tenha havido uma redução da fecundidade adolescente em relação a 2011, quando, no estado, quase 7 em cada 100 mulheres de 15 a 19 anos foram mães (taxa de 69,9 nascimentos para cada mil mulheres nessa idade), o indicador na Bahia ainda está acima da média nacional (de 56,0 nascimentos por mil).
Entre as grandes regiões, Sudeste (45,4 por mil) e Sul (45,6 por mil) tinham as menores taxas de fecundidade adolescente, perto de metade da verificada na região Norte, onde está a maior taxa do país: quase 9 em cada 100 adolescentes foram mães em 2016 (taxa de 85,1 por mil). Entre os estados, a maior taxa de fecundidade adolescente foi encontrada no Acre (97,8 por mil) e a menor, no Distrito Federal (38,6 po mil). A Bahia tinha a 15ª maior taxa.
Bahia tem menor percentual de mulheres no Congresso Nacional (4,8%)
Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2017, a Bahia tinha o menor percentual de mulheres ocupando cadeiras no Congresso Nacional, entre os 25 estados que tinham ao menos uma representante feminina entre deputadas ou senadoras.
Com 1 mulher entre os 3 senadores e outra entre os 39 deputados, a Bahia somava 2 parlamentares mulheres para um total de 42 cadeiras, o que representava 4,8%.
Tocantins, com 4 mulheres entre as 11 vagas no Congresso Nacional (36,4%), Roraima e Amapá, cada um com 3 mulheres para 11 vagas (27,3%), eram os estados com maior participação feminina no Legislativo nacional. Por outro lado, Paraíba e Mato Grosso não tinham nenhuma representante feminina no Legislativo federal.
A participação feminina na bancada baiana no Congresso (4,8%) ficava bem abaixo da média nacional (11,3%). No cenário internacional, o Brasil (com 10,5% de deputadas mulheres) ocupava, em dezembro de 2017, a 152ª posição entre os 190 países que informaram à União Interparlamentar (IPU, na sigla em inglês) o percentual de cadeiras ocupadas por mulheres em suas câmaras baixas (câmaras de deputados). Foi o pior resultado entre os países sul-americanos.
Bahia é o segundo estado do país em proporção de mulheres como professoras de ensino superior (50,8%)
Se a representatividade feminina é pequena entre os parlamentares baianos, o mesmo não se verifica entre os professores de universidades, faculdades e centros de ensino superior no estado.
Em 2016, segundo dados do Ministério da Educação, pouco mais da metade dos professores de ensino superior na Bahia eram mulheres. Elas representavam 50,8% (10.130 em números absolutos) dos 19.925 docentes do ensino superior no estado – o segundo maior percentual do país, abaixo apenas do Piauí (51,4%).
No Brasil como um todo, as mulheres eram 45,6% dos 397.611 professores do ensino superior (ou 181.127 em números absolutos). São Paulo (41,6%) e Distrito Federal (42,9%) eram os estados com as menores participações femininas entre os docentes universitários.
Bahia tem terceiro maior percentual de mulheres na Polícia Militar (13,9%)
Ainda na seara da vida pública e tomada de decisão, um dos indicadores a observar é a proporção de policiais mulheres. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (ESTADIC), do IBGE, em 2013, no país, as mulheres representavam 13,4% do efetivo ativo das polícias Militar e Civil – eram 72.843 dos 542.890 policiais dessas corporações.
Na Bahia, somando-se os efetivos das duas forças, em 2013, 15,4% eram mulheres (5.658 do total de 36.699 policiais militares e civis), oitavo maior percentual entre os estados. O estado com a menor participação de mulheres no somatório dos efetivos policiais militar e civil era o Rio Grande do Norte (5,1%), e o que tinha a maior participação era o Amapá (23,4%).
Em todas as Unidades da Federação, a participação feminina era menor na Polícia Militar do que na Polícia Civil, mas a Bahia tinha o terceiro maior percentual de mulheres na Polícia Militar: 13,9% ou 4.325 dos 31.039 policiais militares no estado eram mulheres – participação também acima da média nacional (9,8%). Amapá (20,4%) e Roraima (14,6%) lideravam na participação feminina na Polícia Militar, em 2013.
Em termos absolutos, o número de policiais militares mulheres na Bahia (4.325) só perdia para o efetivo feminino de São Paulo, de 9.878 mulheres (que representavam 11,0% dos policiais militares paulistas).
Já na Polícia Civil, enquanto, no país como um todo, 26,4% do efetivo eram mulheres, na Bahia a participação ficava abaixo da média (23,6% ou 1.333 mulheres entre os 5.660 policiais civis) e era a oitava menor entre os 27 estados. Amazonas (47,5%) e Espírito Santo (36,5%) lideravam.
Além de atender à meta de integrar as mulheres à vida pública, a presença feminina no corpo policial está prevista dentre as medidas de assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar – atendimento este que se dá, via de regra no âmbito da Polícia Civil.