Os cirurgiões dentistas Danilo Ferraz, Raphael Cangussu e Davi Ferraz explicam como tratar a doença e evitar que o problema se agrave e gere danos irreversíveis
O cuidado adequado com a higiene bucal inclui não apenas escovação e uso de fio dental diariamente como também a realização de visitas regulares aos consultórios de dentistas. Negligenciar essa rotina de cuidados com a saúde e bem-estar pode motivar o desenvolvimento de diversos problemas bucais e afetar a saúde de todo o corpo. A gengivite é um exemplo de complicação que compromete a saúde da boca e gera diversos desconfortos para o paciente no dia a dia, que pode evoluir para doenças mais graves se a causa não for tratada.
Por isso, os cirurgiões dentistas e sócios do Ateliê Cangussu & Ferraz, Danilo Ferraz, Raphael Cangussu e Davi Ferraz, explicam como prevenir e tratar a gengivite, condição que, segundo o Ministério da Saúde, atinge 2,2 milhões de brasileiros na fase adulta, e evitar problemas irreversíveis como a periodontite. De acordo com os dentistas, o primeiro passo para cuidar do problema é entender como ele funciona, para dessa forma buscar uma avaliação com um dentista ao identificar o primeiro sintoma.
“A gengivite é uma inflamação na gengiva que ocorre quando o biofilme bacteriano, conhecido popularmente como placa bacteriana, que é uma película fina que adere à superfície dos dentes, se deposita no sulco gengival quando a higiene da boca não é realizada de forma adequada. Em outras palavras, o acúmulo de resíduos de alimentos nas regiões da gengiva, principalmente, entre os dentes, gera esse problema, devido, muitas vezes, à falta de escovação e uso do fio dental”, esclarece Raphael, dentista especialista em periodontia e implantodontia.
Quando a gengivite ocorre, em geral não dói, mas há alguns sinais/sintomas que podem ajudar a identificar o problema e antecipar o tratamento, afirma Danilo. Segundo o dentista, que é ortodontista e protesista, “inchaço, vermelhidão e sensibilidade na região da gengiva, assim como sangramento espontâneo ou durante a escovação e uso do fio dental são alguns indicativos do problema que demandam uma atenção especial”.
Gengivite x periodontite
Embora a gengivite seja de fácil tratamento, sendo resolvida, normalmente, por meio de profilaxia profissional e remoção dos cálculos dentais (conhecidos também como tártaro) que favorecem o acúmulo do biofilme bacteriano, bem como pela adoção de métodos adequados de higiene oral, Davi destaca que a condição precisa ser cuidada o quanto antes para não evoluir para uma periodontite. Segundo o protesista e reabilitador oral, os danos causados pela evolução do problema podem não ser reversíveis.
“A vantagem de iniciar imediatamente o tratamento da gengivite é que se trata de um problema totalmente reversível. Assim, rapidamente é possível alcançar a cura. Contudo, quando o paciente não dá a devida atenção ao problema e deixa de ir ao dentista quando os primeiros sinais aparecem, o quadro pode evoluir para uma forma mais grave da doença, a periodontite. Nesse caso, o paciente passa a ter uma condição passível apenas de controle e não de cura, semelhante ao que ocorre com o paciente diabético ou hipertenso. Existem as medidas para estabilizar a doença, mas nunca de forma a reverter o quadro por completo”, alerta Raphael.
Com a perpetuação dessas injúrias teciduais num prazo maior, a consequência vai desde a retração gengival, perda óssea mais avançada, passando pelo amolecimento dos dentes, movimentação patológica (doentia) dos mesmos, chegando até a perda desses dentes.
Na Periodontite, Raphael explica que, em linhas gerais, a agressão bacteriana começa a vencer a resistência do organismo a ponto de causar inflamação tecidual num nível tal que gera a reabsorção (perda) do osso que sustenta os dentes. “Com essa perda óssea e a falta de inserção das fibras que ligam os dentes ao osso alveolar, a doença vai progredindo. Isso impossibilita uma higiene adequada por parte do paciente por conta do defeito já estar num ambiente subgengival (embaixo da gengiva), ou seja, fica inacessível para uma limpeza que não seja profissional. Até mesmo dentistas clínicos que não atuem de forma especializada na área da Periodontia, normalmente fazem uma limpeza mais superficial, deixando de realizar a intervenção correta, que seria uma abordagem de tratamento periodontal mais completo”, salienta o periodontista.
Nesse cenário, é fundamental que os pacientes se consultem com um dentista de forma periódica e mantenham a higiene oral para prevenir esses e outros problemas, destacam os dentistas. “É muito importante destacar que a ida ao dentista não deve acontecer apenas no momento da dor de dente ou de outro desconforto. As consultas preventivas de rotina são essenciais para prevenir inúmeras doenças que, se não forem tratadas precocemente, podem gerar danos irreversíveis, como a perda de um dente”, ressaltam os dentistas.