O Brasil é o 2º país com mais casos de hanseníase, perdendo para a Índia, que tem o maior número de notificações. Anualmente, são registrados cerca de 30 mil novos casos da doença – a título de comparação, é praticamente o mesmo número de casos de HIV e AIDS notificados no Brasil a cada ano.
Sugestão de entrevistado
Claudio Guedes Salgado, dermatologista, hansenologista, doutor em Imunologia de Pele pela Universidade de Tóquio, professor titular da Universidade Federal do Pará, seu laboratório fica em uma antiga colônia de internação compulsória de pacientes de hanseníase, hoje um hospital e unidade de pesquisa, a mesma que foi visitada pelo papa João Paulo II em 1980. Dr. Claudio palestra no Brasil e exterior, colabora com estratégias de enfrentamento à doença com o Ministério da Saúde, com governos estrangeiros, tem estreito relacionamento e colaboração com a relatora Alice Cruz das Nações Unidas para a Relatoria Especial para a Eliminação da Discriminação das Pessoas Afetadas pela Hanseníase e seus Familiares. Ele ainda é autor de um estudo publicado inovador mundialmente que abre portas para novas pesquisas em busca da cura para a hanseníase.
Hanseníase no Brasil
A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH), entidade fundada em 1948, alerta que há uma endemia oculta de hanseníase no país e que os números reais sejam de 3 a 5 vezes maiores.
A doença tem cura e tratamento é gratuito – a medicação é doada pela OMS ao Brasil. Ainda assim, o Brasil é um país que diagnostica tardiamente a hanseníase, depois que o paciente já convive com a doença por anos e apresenta sequelas irreversíveis e incapacitantes. O diagnóstico precoce evitaria milhões de reais em benefícios pagos pelo INSS por afastamentos temporários ou permanentes por hanseníase.
Antigamente conhecida como lepra, o brasil adotou o termo hanseníase na tentativa de minimizar o estigma contra pessoas afetadas pela doença e também seus familiares.
Em tratamento, o paciente deixa de transmitir – hanseníase é provocada por um bacilo e o paciente pode apresentar manchas esbranquiçadas ou avermelhadas na pele, diminuição ou perda de sensibilidade, pois o bacilo ataca os nervos e é comum o paciente se machucar e não sentir. O diagnóstico é clínico.
O Brasil passou a ocupar, recentemente, o 1o lugar em taxa de detecção da doença.
Desde o início da pandemia, o Brasil passou a sofrer desabastecimento de medicamentos e a SBH tem discutido com autoridades brasileiras e organismos internacionais sobre o problema para evitar que pacientes em tratamento e novos diagnosticados fiquem sem medicamentos.
Campanha Todos Contra a Hanseníase
Para alertar a população, a SBH desenvolve, desde 2015, a campanha nacional Todos Contra a Hanseníase, que acontece em todo o país durante todo o ano, mas intensifica ações no mês de janeiro em virtude da oficialização do Janeiro Roxo, pelo Ministério da Saúde, desde 2016, para ações de conscientização sobre a doença.
Em parceria com agências reguladoras de transporte, concessionárias de estradas divulgarão em painéis luminosos das rodovias mensagens sobre o tema. O VT da campanha também será veiculado por emissoras de TV em todo o país a título de utilidade pública. A SBH mantem parceria com várias instituições para conscientizar sobre a doença. Além disso, a campanha Todos Contra a Hanseníase é parceira oficial do World NTD Day – Dia Mundial das Doenças Tropicais Negligenciadas – https://worldntdday.org/ .