Cerca de 105 detentos fugiram da Penitenciária de Segurança Máxima Romeu Gonçalves Abrantes, o PB1, em Jacarapé, na zona sul de João Pessoa (PB), na madrugada desta segunda-feira (10). Até as 4h, 19 presos haviam sido recapturados.
De acordo com informações da SEDS (Secretaria de Estado de Defesa Social), a fuga ocorreu após uma ação de diversos indivíduos armados com fuzis e explosivos. Cerca de 20 homens chegaram e dispararam várias vezes contra as guaritas e o portão principal, que foi derrubado. Houve troca de tiros entre os suspeitos e os agentes penitenciários.
As diligências para recapturar os fugitivos prosseguem — até as 4h desta segunda, 19 presos haviam sido recapturados. O secretário de Estado da Administração Penitenciária, Tenente-Coronel Sérgio Fonseca de Souza, adiantou que um inquérito policial já foi instaurado para apurar a fuga.
Refém
Em 2012, membros do Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba receberam voz de prisão e ficaram presos durante três horas durante visita à Penitenciária Romeu Gonçalves de Abrantes. O caso ocorreu no dia 28 de novembro.
A partir de denúncias de parentes dos presos e de funcionários do presídio, o conselho decidiu fazer uma visita à penitenciária, onde constatou que os internos estavam em situação degradante. De acordo com a ouvidora da Secretaria de Segurança Pública do estado, Valdênia Paulino, em duas salas estavam amontoados cerca de 80 homens, muitos deles nus, sem acesso à água, com alimentação reduzida e situação precária de higiene — eles dividiam apenas uma privada.
O acesso a um desses espaços foi negado pela administração do presídio e o conselho passou para os presos uma máquina fotográfica para que eles registrassem a situação. Nesse momento, foram acusados pela direção da penitenciária de terem repassado um celular aos presos. Um grupo de policiais deu ordem de prisão ao grupo e os manteve presos por três horas, até que um promotor do estado interveio e conseguiu a liberação.
Valdênia acredita que a ação da direção do presídio tinha como objetivo impedir a divulgação das imagens que comprovavam a situação degradante dos presos. “As imagens demonstravam que os presos estavam em condições sub-humanas. Eles não sofriam espancamento físico, mas a lei é clara: submeter alguém a condições degradantes também configura tortura. As fotos eram uma prova material e a nossa prisão foi uma tentativa de silenciar as denúncias”, diz.
O conselho divulgou um relatório sobre a situação da Penitenciária Romeu Gonçalves de Abrantes, que está disponível no site do Ministério Público Federal do estado. Fazem parte do grupo membros do Ministério Público Estadual, do gabinete do governador e da Ordem dos Advogados da Paraíba.
R7