O caso de um morador de rua de 66 anos que contraiu a covid-19 em Boston, nos Estados Unidos, se tornou tema de um artigo publicado no The New England Journal of Medicine.
A disseminação do vírus por pessoas assintomáticas acarreta implicações, sobretudo, para populações vulneráveis, incluindo aquelas em abrigos para sem-teto. Além disso, moradores de rua apresentam uma alta incidência de doenças cardíacas e pulmonares crônicas, fatores de risco para a covid-19, de acordo com o artigo.
Idoso e em situação de vulnerabilidade, o homem ainda apresentava uma série de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, obesidade e sequelas não especificadas de um AVC (acidente vascular cerebral) que sofreu nove anos atrás.
Dias antes de receber o diagnóstico, o paciente foi a uma clínica dedicada a moradores de rua para avaliação de tosse seca e coriza e relatou que não havia tido contato com ninguém infectado pela covid-19. O médico lhe orientou o uso de ibuprofeno e supressores de tosse associados a repouso e hidratação, e o paciente retornou ao abrigo.
Sete dias depois, com o apoio da autoridade estadual de saúde pública, foi lançada uma campanha para testar os moradores do abrigo. Um swab nasofaríngeo foi obtido do paciente e, dois dias depois, o teste retornou positivo para covid-19.
A equipe do abrigo foi notificada do resultado, e o paciente foi transferido à ala “medical respite care” da covid-19. O termo se refere a uma ala de tratamento médico de curto prazo para pessoas sem-teto que estão doentes demais para permanecer na rua ou em um abrigo, mas que não demandam atendimento hospitalar.
O paciente relatou que não se sentia bem, com tosse, congestão nasal, fadiga, dor de cabeça e dor de garganta. Sua temperatura marcava 38,1 ºC.
Nos cinco dias seguintes, persistiram a febre, a tosse e o mal-estar intermitente, e sua saturação de oxigênio chegou a abaixo de 90% – os níveis de oxigênio de uma pessoa saudável variam entre 98% a 100%.
No sexto dia, a temperatura do paciente diminuiu para 37,3º C, a saturação de oxigênio foi estabilizada em 98% e a frequência da tosse diminuiu. Nesse dia, houve uma discussão sobre quando dar alta ao paciente na unidade de triagem médica.
A decisão de dispensar um paciente da ala de covid-19 para um abrigo é tomada em conjunto com a Comissão de Saúde Pública de Boston e de acordo com as diretrizes para liberação de sintomas apresentadas pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos.
Segundo a orientação, a alta pode ser considerada para um paciente com covid-19 se pelo menos dez dias tiverem transcorrido desde o início dos sintomas e o paciente estiver completamente assintomático por três dias completos.
R7