O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, criticou o que ele chama de disfuncionalidade (mau funcionamento, incoerência, contradição) na discussão sobre a participação da seleção na Copa América, que será realizada no Brasil a partir de 13 de junho.
“Não vou entrar nessa discussão. Eu acho que faz parte dessa disfuncionalidade que nós estamos vivendo. Eu sou do tempo que o jogador de futebol quando era convocado para seleção brasileira era considerado uma honra. O técnico, ele não quer mais, o Cuiabá está precisando de um técnico, não tá? Vai lá, sai, pede o boné. Acho que isso é uma discussão nesse momento totalmente disfuncional”, criticou Mourão.
A realização da Copa América se tornou uma questão política no Brasil em um momento em que os índices de mortes pelo novo coronavírus seguem altos. Segundo o Ministério da Saúde, de sábado para domingo, 873 pessoas morreram em função da covid-19. O total de óbitos chegou a 473.404. Até o momento, menos de 11% da população (23.1 milhões de pessoas) haviam recebido as duas doses da vacina, que garantem imunização completa.
No fim de semana, a Conmebol fez uma reunião por videoconferência que contou com a participação do presidente Jair Bolsonaro. Novamente, ele manifestou apoio à realização do evento no país. No entanto, há indicativos de que o elenco da seleção brasileira pode se recusar a participar. Líderes da equipe prometeram se pronunciar após o jogo da próxima terça-feira (8), contra o Paraguai, em Assunção, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo.
Para o vice-presidente, a discussão não faz sentido, uma vez que outros torneios internacionais ocorrem no Brasil durante a pandemia. “Porque estamos com ‘n’ torneiros sendo realizados aqui dentro do Brasil. Nós temos inclusive torneio de ginástica olímpica, préolímpica, com delegações de tudo quanto é lugar competindo aqui em ambiente fechado. Ninguém falou nada.”
Mourão lamentou, ainda, a “politização” do torneio. “Não vale a pena [misturar política e futebol]. Vamos lembrar que em outros momentos, durante o período que havia uma contestação maior aqui no Brasil durante o governo de presidentes militares, ninguém deixou de servir a seleção brasileira. Bobagem isso aí”, disse o general da reserva do Exército.
Sobre o afastamento temporário do presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Rogério Caboclo, acusado de assédio moral e sexual contra uma ex-funcionária da entidade, Mourão lembrou que problemas na alta cúpula da confederação não são novidades.
“Isso é um assunto interno da CBF. Um afastamento por um motivo baixo nível, vamos colocar assim. Isso é problema interno da confedereção, alías, não é novidade. Já tivemos outros presidentes da CBF com problemas.”
R7