Por Christiano Silva Britto
A escritora Adriana Falcão, o ator Dary Reis, o sanfoneiro Dominguinhos, o jogador de futebol Heleno de Freitas, o cineasta Luís Person, o sambista Martinho da Vila. O que há em comum entre eles, mesmo sendo de áreas tão diversas, é a data de aniversário. A esse rol, não pode faltar o genial músico Walter Smetak, que, se estivesse vivo, completaria 104 anos neste domingo.
Em 8 de dezembro do ano passado, grupo de smetakianos fez homenagem à memória do músico suíço na abertura da exposição “Tropicália: régua e compasso”, no Palacete das Artes, que se localiza no bairro da Graça. “Fiquei espantada com a quantidade de jovens na exposição. O interesse com que eles iam até os instrumentos de Smetak. Queriam tocar, mexer”, comentou Bárbara Smetak, uma das participantes do evento e um dos filhos do homenageado.
Para quem ainda não conhece o acervo, a exposição permanente “Smetak, o Alquimista do Som” – inaugurada desde 2009 no Centro Cultural Solar Ferrão, Pelourinho – oferece a oportunidade de conhecer a proposta da Plástica Sonora. De acordo com o pesquisador Marco Scarassatti, “ Plástica Sonora é o entrelaçamento de três componentes para uma arte espiritual, preparatória para o mundo que está por vir. O instrumento como veículo; a doutrina como conteúdo; e a improvisação como aplicação”.
Violão de microtom, violão eólico, vina, diversos tipos de chori, bicéfalo, flautas de êmbolo, pistom cretino, entre outros, são exemplos de instrumentos incomuns que surgiram após a imersão de Walter Smetak na Sociedade Brasileira de Eubiose e que manifestam a Plástica Sonora.
Acervo literário
Smetak não apenas construiu instrumentos musicais à margem do convencional. Escreveu 32 livros, os quais dois deles foram publicados: “O retorno ao futuro, ao Espírito”, em 1989, e “Simbologia dos Instrumentos”, em 2001. O maestro Tuzé de Abreu, que estudou e compilou grande parte da obra escrita de WS, tece algumas observações: “O [livro] mais famoso, ‘Simbologia dos Instrumentos’, tem algumas informações, fotos, desenhos que podem ser do interesse de músicos e estudantes de música. Os demais eu acho incompreensíveis para a maioria”. A fim de conhecer melhor essa produção, praticamente inédita, Edson Migracielo dedica atenção especificamente às obras literárias, com pesquisa em curso.
Outras publicações
A biografia “Walter Smetak: Som e espírito”, da jornalista Jéssica Smetak Paoli, publicada em 2013, por ocasião do centenário de seu avô, ainda se mantém a única no mercado editorial. Mas cogita-se, em breve, um novo trabalho biográfico, na praça, a ser elaborada por João Santana Filho, amigo da família Smetak.
Fora do campo biográfico, Marco Scarassatti é autor de “Walter Smetak: o alquimista dos sons”.
Réplicas pelo mundo
Conforme se acompanha na comunidade “Réplicas Sonoras Smetak”, pela rede social Facebook, alguns instrumentos de Smetak foram replicados pelo luthier Vergílio Lima e encaminhadas a Frankfurt, na Alemanha, para serem utilizadas pelo grupo Esenble Modern em suas apresentações musicais na Europa e, em breve, no Brasil.