Foi convocado para esta segunda-feira (31), pela oposição venezuelana, um protesto contra a Assembleia Nacional Constituinte, devido às eleições que ocorreram na tarde de ontem (30), no país. Segundo o Ministério Público da Venezuela, dez pessoas morreram durante confronto entre manifestantes e as forças de segurança, entre elas, um sargento e dois adolescentes.
A eleição começou sem a participação da oposição. Até a véspera, vários governos internacionais pediram ao presidente Nicolás Maduro que cancelasse a polêmica Constituinte, para evitar o risco de uma guerra civil, no entanto, Maduro reforça que a proposta dele é a única solução pacífica para a crise em uma Venezuela dividida, que há mais de um ano, enfrenta recessão, desabastecimento, e uma inflação superior a 700%.
O primeiro a votar foi o atual presidente, às 7h (horário de Brasília), “pela paz”. No fim do dia – um dos mais violentos desde o início da nova onda de protestos, em abril – o governo comemorou a vitória. Cerca de 8 milhões de venezuelanos (41,5% do eleitorado) participaram da votação. A oposição, que fez campanha pelo boicote, acusa o governo de manipular as cifras e alega que o número de eleitores não passou de 3 milhões.
Segundo os opositores, a reforma constitucional não passa de uma manobra de Maduro para ampliar seus poderes e se perpetuar no cargo. Os 545 constituintes são governistas – até porque a oposição não apresentou candidatos, nem votou. E eles terão poderes para dissolver o Parlamento, de maioria opositora, além de definir quando e como serão realizadas novas eleições.
Medidas latino-americanas
Vários governos anunciaram no domingo que não reconhecem a Assembleia Constituinte da Venezuela. O governo estadunidense ameaçou adotar novas medidas, que podem incluir a redução de suas importações de petróleo – o maior produto de exportação venezuelano.
“Seguiremos adotando medidas duras e enérgicas contra os artífices do autoritarismo na Venezuela, incluindo aqueles que participem da Assembleia Nacional Constituinte”, disse um comunicado divulgado ontem pelo Departamento de Estado norte-americano.
O Peru convocou para o próximo dia 8 uma reunião de chanceleres de 11 países (Brasil, Argentina, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá e Paraguai) para discutir a “violenta repressão” na Venezuela, que em quatro meses de protestos resultou na morte de mais de 100 pessoas. Os governos da Bolívia e de El Salvador manifestaram apoio à Assembleia Constituinte venezuelana.