Pandemia adia procura por médico em caso de acidentes domésticos

Médico relata caso de idosa que sofreu uma queda, fraturou o fêmur e só procurou o hospital após 2 meses por medo de contágio pelo coronavírus

O  Brasil registrou redução de 11.671 internações por acidentes domésticos entre janeiro e abril deste ano em comaração com o mesmo período de 2019: a quantidade foi de 313.150 para 301.479 – uma diferença de aproximadamente 4% -, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Entre os acidentes mais comuns estão quedas, queimaduras e afogamentos.

A razão mais provável para essa diminuição é que as pessoas estejam adiando a procura por atendimento médico por medo de contágio pelo novo coronavírus, segundo o clínico-geral Érico Oliveira, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

“Está havendo uma subprocura por serviços de saúde e temos visto isso no dia a dia, mas a presença de aldultos em casa também pode inibir que isso [acidente doméstico] aconteça”, afirma.

“No entanto, o mais provável é que as pessoas estejam vindo ao hospital somente em situações insustentáveis. As pessoas ficam tolerando a dor em casa por receio”, analisa.

No dia 30 de abril, último mês considerado pelo levantamento, o Brasil ultrapassava a China e se tornava o décimo país mais afetado pela pandemia de covid-19, com 5.901 mortes e 85.380 casos de infecção pelo novo coronavírus, segundo a pasta.

O médico destaca que a demora em procurar os hospitais impede o tratamento de situações importantes e, consequentemente, gera um aumento das sequelas causadas pelo acidente.

Ele mesmo presenciou casos de pessoas que caíram, fraturaram ossos e só procuraram ajuda especializada meses depois, como aconteceu com uma idosa que está internada há cerca de dez dias.

“Ela teve uma queda em casa, fraturou o fêmur [osso da coxa, o mais longo do corpo humano] e só foi ao hospital dois meses depois por medo de pegar coronavírus”, relata. “Certamente, por causa dessa demora, vai ficar mais tempo hospitalizada do que precisaria”, acrescenta.

Queda é o acidente mais comum e perigoso

Segundo Oliveira, os grupos mais suscetíveis a acidentes domésticos são crianças e idosos – sendo que estes são mais vulneráveis a quadros graves. Dentre os acidentes, a queda é o mais comum e também o que traz mais risco de complicações, pois muitas vezes causam lesões na cabeça e ortopédicas.

A afirmação dele se confirma com os dados do Ministério da Saúde: quedas são a maior causa isolada de internação no período de janeiro a abril deste ano (138.250) e do anterior (140.990).

O maior número de pessoas internadas por quedas em 2020 está na faixa etária dos 50 aos 59 anos (19.283), Já em 2019 adultos entre 30 e 39 anos lideram as hospitalizações nessa categoria (19.127), mas aqueles que têm a partir de 50 anos vêm logo atrás (19.035).

Quando procurar o médico?

A orientação para quem sofre um acidente doméstico é ficar atento aos sinais. Sangramento, inchaço e dor excessiva indicam a necessidade de procurar atendimento profissional. Oliveira ressalta que os sintomas mais graves em caso de traumas na cabeça são sonolência e disfução mental.

“Se você tem certeza que não precisa ir ao médico, a chance maior é de que não precise mesmo. Mas se existe alguma dúvida, o melhor é procurar uma unidade de saúde”, aconselha.

“Entendo que a situação amedronta, mas após 4 meses de pandemia todo mundo já sabe quais são as situações mais perigosas de contaminação. O hospital é um ambiente seguro para se estar, há mecanismos de isolamento para casos suspeitos e prevenção de contágio. Se você tem algum problema de saúde que requer tratamento, ficar em casa não é uma boa decisão”, conclui.

R7

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