Os setores de energia e utilities, composto por empresas de serviços públicos, são considerados alguns dos mais resilientes diante da crise gerada pela pandemia da Covid-19. Isso porque, ao mesmo tempo em que a demanda por energia nas empresas caiu em função dos decretos de isolamento social, houve o aumento do consumo residencial, seja pelo home office ou o entretenimento em casa. No Brasil, o setor passou por crises anteriores como o racionamento no início dos anos 2.000 e mais recentemente com a redução da oferta de energia pela redução das chuvas e do nível dos reservatórios.
Estudo global da PwC aponta de que forma as concessionárias de energia elétrica estão lidando com a repentina mudança no consumo e como poderão usar esse desafio para a geração de novos modelos de negócios.
O levantamento, realizado pela PwC no Reino Unido, mostrou que houve uma queda no consumo de energia elétrica de 19% na semana do dia 6 de abril deste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado. Além disso, com a queda nos rendimentos das empresas e de muitas pessoas, o pagamento de contas de serviços públicos foi impactado – semelhante ao que vemos no mercado brasileiro, com impactos financeiros principalmente nas distribuidoras de energia.
Apesar de ser considerado um serviço essencial e não ter paralisado as atividades, a pesquisa revela que a redução da demanda, combinada com a alta penetração de energias renováveis, impactou e causou instabilidade no setor, que precisa se reestruturar para vencer os desafios. Segundo o estudo, é necessário desenvolver novos produtos e serviços, incluindo o gerenciamento da demanda, estabelecimento de tarifas por tempo de uso e pensar em tecnologias de armazenamento de energia elétrica. No Brasil por suas dimensões geográficas e temas regulatórios esse gerenciamento da demanda se torna ainda mais complexo.
Durante a pandemia da Covid-19, no entanto, são altos os níveis de confiança nas concessionárias de energia elétrica, especialmente dos integrantes do grupo de risco (pessoas acima de 65 anos): cerca de 82% deles confiam que o fornecedor dará suporte, se necessário. Esse dado coincide com as baixas taxas de troca de concessionária pelos clientes no país. No Brasil, essa troca de concessionária ainda não é viável para a maioria dos cliente residências, mas as concessionárias têm atendido a necessidade da sociedade sem cortes na entrega da energia.
No Reino Unido, os desafios enfrentados durante a pandemia —como a diminuição da força de trabalho e da cadeia de suprimentos em projetos de infraestrutura— têm afetado as metas de custo e cronogramas de implantação de novos projetos. Entre eles, podem ser citadas novas construções nucleares, instalações eólicas offshore, atualizações de rede e implantação de medidores inteligentes. No Brasil, o cenário é mais desafiador pois o setor trabalhava com expectativas de crescimento da demanda com a retomada da economia e os programas de infraestrutura anunciados pelo governo em 2019.
A pandemia também tem acelerado o desenvolvimento de sistemas energéticos do futuro. O estudo da PwC aponta que esse fator pode lançar o setor para a próxima etapa da transição energética em direção à meta de emissão zero de carbono até 2050. Segundo dados da National Grid —empresa responsável pela gestão da rede britânica de geração e distribuição elétrica—foi o período mais longo, desde 1822, que o sistema elétrico da Grã-Bretanha operou sem a necessidade de acionar usinas de carvão. A demanda foi suprida por 39% de fontes renováveis, 30% de gás natural, 21% de energia nuclear e 11% importações. O Brasil tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo em função da utilização das hidrelétricas, contudo, também vive o crescimento das energias renováveis como a solar, eólica e o gás natural.
Aprendizados do setor com a pandemia da Covid-19
A pandemia da Covid-19 levou a mudanças rápidas e significativas nas práticas de trabalho, comportamento do cliente e demanda por tecnologia em todo o setor de energia elétrica. Essa indústria se reinventou rapidamente e gerou uma significativa transformação de tecnologias e recursos, sobretudo nas estratégias de comunicação com o cliente.
Em longo prazo, as empresas de energia e serviços públicos, que efetivamente desenvolverem essas transformações forçadas pela pandemia, terão êxito. O estudo revela que as empresas devem usar a tecnologia para entender e responder melhor a seus clientes, trabalhadores, ativos e parceiros da cadeia de suprimentos. O foco no cliente passou a ser o novo mantra dos CEOs das empresas de Utilities.
O aumento da demanda por energia elétrica em casa—devido às medidas de isolamento social e a geração de energia renovável – são algumas das oportunidades para o crescimento do setor. O estudo também aponta que a crise econômica gerada pela pandemia pode acelerar a transição para uma geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, além da introdução de novos produtos e serviços, como tarifas por tempo de uso e tecnologia de armazenamento.
Como o setor vai responder às transformações geradas pela pandemia
Em curto prazo, as empresas de energia e serviços públicos devem se concentrar em manter a continuidade dos negócios e garantir a sustentabilidade financeira. A pesquisa aponta
A primeira é priorizar funcion