Muitas pessoas acreditam que uma simples “mentirinha” no currículo não tem nenhum problema, mas essa prática pode ter resultados perigosos para a carreira delas.
“Mentir no currículo é a pior escolha que um profissional pode fazer em sua carreira. Não há nada pior do que esse tipo de atitude”, afirma Lucas Oggiam, diretor da Page Personnel, empresa global de recrutamento especializado em profissionais de nível técnico e suporte à gestão, unidade de negócios do PageGroup.
O diretor também diz que os longos anos para criar uma reputação firme e ser respeitado no ramo em que trabalha podem se perder em questões de minutos ao se fraudar um currículo.
O professor Carlos Decotteli, nomeado para assumir o Ministério da Educação, deixou o cargo após incoerências aparecerem no seu currículo.
Quando um profissional é pego com mentiras no documento seu nome fica “sujo” ao olhar das empresas contratantes e muitos questionamentos são levantados.
As consequências são imediatas e futuras. Caso isso aconteça durante uma entrevista de emprego, o candidato, por exemplo, é eliminado automaticamente da seleção.
“A reputação desse profissional fica seriamente abalada e colocada em dúvida pelos recrutadores. Como indicaremos um executivo para uma empresa que tem um caráter duvidoso?”, questiona Oggiam.
Outro resultado é a demissão. “Se esse funcionário não foi sincero e notadamente não terá condições de desenvolver as atividades a que se propôs, certamente será demitido”, acrescenta o diretor.
Impressionar os recrutadores responsáveis pela triagem é o que leva as pessoas a mentir nos currículos, segundo Edson Carli. O CEO do grupo DOMOPAR diz que esse processo é falho por considerar de maneira literal as informações apresentadas.
Lucas Oggiam credita as mentiras ao desejo de passar em um determinado processo seletivo e ao ego.
Edson compara a importância da transparência no currículo com a mesma que também se deve ter no LinkedIn.
“Sabemos que as contratações não levam em conta somente o currículo. Ele é a porta de entrada”, afirma Carli.
1- Nível de idioma: forjar a fluência em determinada língua é uma das mentiras mais comuns encontradas.
“Os candidatos costumam inflar a fluência e domínio de uma língua. Isso é muito ruim porque conseguimos descobrir durante a entrevista. Quem não tiver essa aptidão não passará no processo seletivo”, orienta Oggiam.
2- Formação não concluída: outra prática comum por parte dos candidatos é incluir informações de cursos que não foram concluídos.
3- Datas de admissão e desligamento: mudar datas de períodos de trabalhos antigos também é visto nos currículos. “Tem muito candidato que mente nesse campo porque teme que sua passagem por uma empresa tenha sido muito rápida e essa informação pode comprometer sua candidatura”, diz Lucas Oggiam.
Outra artimanha utilizada, de acordo com o consultor, “é manipular o tempo de permanência entre uma empresa e outra, abreviando ao máximo esse intervalo. Candidatos fazem isso normalmente para mostrar que não estão muito tempo afastados do mercado de trabalho”.
A pedido do R7, Oggiam e Carli listaram algumas dicas para quem está fazendo o primeiro currículo ou quem está à procura de emprego.
1- Informações precisas: de acordo com Lucas Oggiam, o documento deve ser objetivo e possuir informações relevantes para o cargo que almeja.
“O simples é belo. Coloque as palavras chave adequadas e seja específico quanto a suas habilidades. Por exemplo, não existe idioma intermediário. Ou você fala ou não”, completa Carli.
2- Tópicos necessários: independente da área que atua, alguns assuntos são necessários em todos os currículos.
“Formação acadêmica e certificados, nível de fluência em outros idiomas, passagens profissionais com datas e suas principais realizações são os principais itens que recrutadores buscam”, afirma Oggiam.
3- Tenha mais de uma versão de currículo: “não tenha somente uma versão de currículo. Monte sempre de acordo com a vaga em disputa. Pense com a cabeça do elemento que faz a triagem”, aconselha Carli.
4- Referências ajudam: Edson aconselha a trabalhar as referências, pois, por vezes, a opinião de terceiros conta muito mais do que o que está escrito.
“Avise as pessoas que citou como referência que você está em um processo. Ninguém é obrigado a lembrar de ninguém”, explica Edson.
5- Seja sincero: Por fim, mas não menos importante, a honestidade e transparência é fundamental. “Considere que tudo será pesquisado e validado. Se não concluiu uma universidade, diga que não concluiu. Se não é fluente em um idioma, não use a palavra fluente”, finaliza o CEO.
R7