** Apesar de perder um pouco de participação nacional, a Bahia manteve, em 2019, o 7o maior valor da produção agrícola entre os estados, gerando R$ 19,326 bilhões;
** O recuo no valor agrícola no estado, entre 2018 e 2019, foi puxado pelos grãos, sobretudo pela soja, cuja produção caiu 15,8% e gerou um valor 16,8% menor;
** Com menores produções de soja e milho, São Desidério deixou de ser o município brasileiro com maior valor de produção agrícola, ficando em 3o lugar, atrás de Sorriso e Sapezal (ambos em Mato Grosso);
** A Bahia tem 6 municípios entre aqueles com os 50 maiores valores de produção agrícola do país, segunda maior participação, ao lado de Goiás e Mato Grosso do Sul; Mato Grosso lidera, com 22 municípios;
** Fruticultura baiana retoma crescimento em 2019, e estado assume liderança no valor nacional da produção de manga, com destaque para Juazeiro e Casa Nova;
** Com R$ 589,5 milhões, em 2019 Juazeiro passou a ser o segundo município brasileiro com maior valor de produção de frutas, subindo uma posição nesse ranking;
** Mucugê tem o maior valor de produção da batata-inglesa do país e Ibicoara assume o terceiro lugar.
Depois de ter registrado o maior crescimento percentual do país, entre 2017 e 2018 (+27,4%), o valor da produção agrícola baiana recuou em 2019 (-1,7%), levando o estado a perder um pouco de participação no total gerado pela agricultura brasileira, de 5,7% em 2018 para 5,4% em 2019.
Ainda assim, a Bahia manteve, no ano passado, a sétima colocação entre as unidades da Federação no ranking do valor da produção agrícola nacional, gerando R$ 19,3 bilhões (frente a R$ 19,7 bilhões em 2018). Foi o segundo maior valor da produção agrícola no estado, em toda a série histórica da Produção Agrícola Municipal (PAM), do IBGE, iniciada nos anos 1970.
No Brasil como um todo, a agricultura gerou, em 2019, um valor de R$ 361 bilhões, 5,1% a mais do que em 2018 (R$ 343,410 bilhões).
Mato Grosso (R$ 58,4 bilhões, 16,2% do total) passou a liderar o ranking estadual de valor gerado, ultrapassando São Paulo (R$ 55,6 bilhões, 15,4%). Em terceiro lugar, ficou o Rio Grande do Sul (R$ 40,9 bilhões, 11,3%), também superando o Paraná. Os três primeiros estados apresentaram aumentos frente a 2018.
A PAM investiga 64 produtos em todos os municípios do país, a partir de fontes secundárias de informação (associações de produtores, órgãos públicos e entidades diversas ligadas à agricultura, entre outras). Desses, 45 são cultivados na Bahia, e 16 apresentaram queda no valor de produção entre 2018 e 2019.
Os cereais, leguminosas e oleaginosas, grupo de 15 produtos comumente chamados de grãos, são commodities responsáveis por quase R$ 6 em cada R$ 10 gerados pela agricultura brasileira (58,9% do total, ou R$ 212,6 bilhões) e baiana (58,3% ou R$ 11,3 bilhões).
Foram justamente eles que puxaram a queda do valor da produção agrícola no estado em 2019. Em 2019, o valor da produção baiana de grãos foi de R$ 11,3 bilhões, 7,8% menor que o de 2018 (R$ 12,2 bilhões).
Com isso, o estado caiu da sexta para a sétima posição em termos de participação no valor gerado por esses produtos em todo o país, sendo superado por Mina Gerais. A Bahia respondeu por 5,3% do valor da produção brasileira de grãos, que chegou a R$ 212,6 bilhões em 2019. Um ano antes, respondia por 6,1%.
A produção de soja teve as maiores quedas absolutas na Bahia. O volume colhido recuou 15,8% entre 2018 (6,3 milhões de toneladas) e 2019 (5,3 milhões de toneladas), o que representou menos 997,2 mil toneladas em um ano. Já o valor de produção recuou 16,8%, passando de R$ 7,1 bilhões para R$ 5,9 bilhões, de um ano para o outro (menos R$ 1,2 bilhão).
Houve uma pequena diminuição da área plantada com soja no estado (-1,7%, chegando a 1,6 milhão de hectares), mas o que mais impactou na redução da produção e do valor do grão, entre 2018 e 2019, foi a queda no rendimento médio, que passou de 3.936 kg/hectare para 3.359 kg/hectare (-14,7%). A retração foi influenciada sobretudo por fatores climáticos: falta de chuvas entre dezembro e janeiro e elevadas temperaturas ao final do ciclo da cultura.
A soja tem a maior produção e gera o maior valor da agricultura baiana. O estado é o quinto produtor nacional do grão, respondendo, em 2019, por 4,7% das 114,3 milhões de toneladas colhidas em todo o Brasil.
Com recuos na soja e no milho, São Desidério deixa de ser o município brasileiro com maior valor de produção agrícola, ficando em 3o lugar
A menor produção e o menor valor gerado pela soja afetaram de forma importante o desempenho das cidades agrícolas do Oeste da Bahia. Entre 2018 e 2019, Formosa do Rio Preto e São Desidério foram os municípios brasileiros com as maiores quedas absolutas no valor da produção.
Nesse período, o valor da agricultura de Formosa do Rio Preto caiu 20,8%, de R$ 2,7 bilhões para R$ 2,1 bilhões (menos R$ 551,4 milhões), e o de São Desidério recuou 12,4%, de R$ 3,6 bilhões para R$ 3,2 bilhões (menos R$ 449,9 milhões).
São Desidério deixou de ser o município brasileiros com maior valor de produção da agricultura, posição que havia ocupado em 2018. Caiu para o terceiro lugar, superado por Sorriso/MT (R$ 3,946 bilhões) e Sapezal/MT (R$ 3,381 bilhões).
A produção de soja em São Desidério se reduziu em 19,0%, totalizando 1,3 milhão de toneladas em 2019, com um valor da produção de R$ 1,4 bilhão, 20,9% menor que o de 2018. O município deixou de ser o terceiro maior produtor da oleaginosa no país, caindo para a sexta posição.
O milho também teve uma produção significativamente menor no município, em 2019, chegando a 338,5 mil toneladas (-39,3% que em 2018), com um valor de R$ 170,2 milhões, 39,6% abaixo do gerado em 2018.
O resultado de 2019 só não foi pior para São Desidério por causa do aumento na produção e no valor do algodão herbáceo. A cotonicultura destacou-se no município, substituindo a soja como maior valor da produção: R$ 1,5 bilhão, com crescimento de 2,7% em relação a 2018.
Foram produzidas 592,7 mil toneladas, consolidando a posição de São Desidério como segundo segundo maior produtor de algodão herbáceo do país, tanto em quantidade quanto em valor, abaixo apenas de Sapezal.
Formosa do Rio Preto caiu de 5o para 11o município brasileiro com maior valor total da produção agrícola, entre 2018 e 2019, também em razão dos recuos no volume colhido e no valor das safras de soja e milho.
Em 2019, foram produzidas 1,311 milhão de toneladas de soja no município, 20,6% a menos que em 2018, a um valor de R$ 1,443 bilhão, 21,7% menor que no ano anterior. Com isso, ele perdeu uma posição no ranking nacional de produtores de soja, passando do segundo para o terceiro lugar. Já a produção de milho caiu 36,8%, chegando a 174,1 mil toneladas, e teve valor 36,2% menor que em 2018 (R$ 87,9 milhões).
Bahia tem 6 municípios entre aqueles com os 50 maiores valores de produção agrícola do país, segundo maior número, ao lado de GO e MS
Apesar do desempenho negativo de lavouras importantes, em 2019 a Bahia se manteve como o segundo estado com mais municípios entre aqueles com os 50 maiores valores da produção agrícola do país.
Nesse grupo, 6 são baianos, mas todos perderam posições em relação a 2018: São Desidério (de 1o para 3o), Formosa do Rio Preto (de 5o para 11o), Barreiras (de 17o para 19o), Luís Eduardo Magalhães (de 24o para 28o), Correntina (de 18o para 31o) e Riachão das Neves (de 35o para 49o).
Mato Grosso tem o maior número de municípios entre os 50 maiores valores gerados pela agricultura (22). A Bahia fica em segundo lugar, com o mesmo quantitativo de Goiás e Mato Grosso do Sul (6).
No ranking baiano de valor da produção agrícola, os dez municípios mais bem colocados foram os mesmos em 2018 e 2019, mas houve trocas de posições entre eles. Luís Eduardo Magalhães subiu de 5o para 4o, ultrapassando Correntina, e Juazeiro subiu de 8o para 7o, superando Jaborandi.
Fruticultura volta a crescer em 2019, e Bahia assume liderança no valor nacional da produção de manga, com destaque para Juazeiro e Casa Nova
As frutas também formam um grupo de 21 produtos agrícolas com importante valor econômico para a Bahia. E, depois de dois anos em queda, viram esse valor voltar a aumentar.
Em 2019, a fruticultura baiana gerou R$ 3,1 bilhões, o que representou 8,6% do valor da produção nacional (R$ 35,7 bilhões) e o segundo maior montante dentre os estados, abaixo apenas de São Paulo (R$ 11,5 bilhões).
Frente a 2018, o valor da produção da fruticultura na Bahia cresceu 12,8%, o que representou mais R$ 349,4 milhões em um ano. Foi uma taxa de crescimento bem superior à nacional (+6,6%).
O bom desempenho do setor frutícola baiano em 2019 fez municípios do estado subirem no ranking nacional do valor da fruticultura. Os maiores destaques foram para Juazeiro e Casa Nova, ambos no Norte da Bahia.
Com R$ 589,5 milhões em 2019 (53,7% a mais que em 2018), Juazeiro passou de terceiro a segundo município brasileiro com maior valor de produção da fruticultura, atrás apenas de Petrolina/PE (R$ 1,6 bilhão, +20,2%).
Já Casa Nova passou de 12o para 9o município brasileiro com maior valor da produção de frutas, que chegou a R$ 298,6 milhões em 2019, 41,3% maior que o gerado em 2018.
A Bahia ainda tem um terceiro município ente os 20 maiores valores da produção da fruticultura: Bom Jesus da Lapa (14o lugar, com R$ 227,5 milhões).
O bom desempenho da fruticultura em Juazeiro e Casa Nova foi puxado fortemente pela produção de manga, que teve o principal destaque positivo entre as frutas baianas.
De 2018 para 2019, a Bahia foi o estado com maior crescimento absoluto tanto na quantidade colhida de manga quanto no valor gerado por ela. Assim, embora o estado tenha se mantido como o segundo maior produtor da fruta (em toneladas), ultrapassou Pernambuco e recuperou o posto de maior valor de produção de manga no país, no ano passado.
A safra baiana de manga foi de 442.233 toneladas em 2019, com um crescimento de 16,9% (mais 63,9 mil toneladas) em relação a 2018; e gerou um valor de R$ 652,4 milhões, 54,4% maior que o de 2018 (mais R$ 229,8 milhões).
Juazeiro é o maior produtor de manga na Bahia e o segundo maior do país. O município colheu 179.353 toneladas da fruta em 2019, 20,9% a mais que em 2018 (mais cerca de 31 mil toneladas), que geraram um valor de R$ 338,6 milhões, 63,4% superior ao do ano anterior (mais R$ 131,3 milhões). Petrolina/PE segue liderando na produção e no valor da manga, com 369 mil toneladas em 2019, que geraram R$ 405,9 milhões.
Frente a 2018, Juazeiro teve, porém, os maiores aumentos absolutos do país, tanto no volume colhido quanto no valor gerado pela fruta.
Casa Nova passou a ser o terceiro município com maior valor de produção de manga no país, em 2019 – ocupava a quinta posição em 2018. Livramento de Nossa Senhora também subiu uma posição nesse ranking, de sétimo para sexto lugar. E Curaçá entrou na lista dos dez municípios brasileiros com maior valor de produção na manga em 2019, na 10a posição (era 14o em 2018).
Mucugê tem maior valor de produção da batata-inglesa do país e Ibicoara assume o terceiro lugar
Além de contribuir para a geração de riqueza, a agricultura também tem importância fundamental na produção de alimentos. Dentre eles, vale destacar na Bahia, em 2019, a batata-inglesa.
O estado é o quinto maior produtor de batata-inglesa do país. Colheu, no ano passado, 300.257 toneladas e, embora o volume tenha sido um pouco menor do que em 2018 (-1,6% ou menos 4,9 mil toneladas), o valor de produção cresceu 46,6%, chegando a R$ 610 milhões em 2019 – também o quinto maior do país.
Essa taxa de crescimento do valor de produção (+46,6%) representou mais R$ 193,2 milhões gerados em um ano, o terceiro maior aumento absoluto no valor entre os produtos cultivados na Bahia, abaixo apenas dos verificados para a manga e o algodão.
A região da Chapada Diamantina reúne os maiores produtores de batata-inglesa da Bahia, com destaques nacionais para Mucugê e Ibicoara.
Com uma safra de 197.400 toneladas, que geraram R$ 384,9 milhões em 2019, Mucugê é o maior produtor de batata-inglesa da Bahia e o segundo maior do país, atrás de Perdizes/MG (215.500 toneladas). O município também tem o maior valor de produção de batata do Brasil.
Já Ibicoara, segundo maior produtor de batata da Bahia e sétimo do Brasil, registrou safra de 102.800 toneladas em 2019, gerando um valor de R$ 225 milhões, o que fez o município passar a ser o terceiro do país em valor de produção da batata (em 2018, ocupava a quarta posição).