A comunidade do Solar do Unhão, mais conhecida como Gamboa de Cima, vai festejar, no próximo sábado, 28 de janeiro, a quarta edição do presente ecológico para Iemanjá.
O evento tem início marcado para as 9h, com um café da manhã sendo servido para a comunidade, e chega ao seu ponto alto às 11h, com um cortejo religioso em homenagem a Iemanjá, rainha do mar, Oxum, dona dos rios e das águas doces, e ao caboclo Marujo.
Assim como nos outros anos, a ação é uma iniciativa promovida pelo Museu Street Art Salvador (Musas), pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), entidade nacional do movimento negro, e conta com a participação ilustre do afoxé feminino Filhas de Gandhy e de grupos de baianas da cidade.
Coordenador-geral do CEN, o historiador Marcos Rezende explica que o balaio arriado para Iemanjá é formado apenas por objetos não-poluentes, mantendo a relação tradicional e essencial entre o candomblé e a proteção dos elementos do meio-ambiente.
Objetos como sabonete e perfume, comumente jogados no mar pela população para saudar a orixá, ficam de fora do presente ecológico. “Esse presente nos remonta às origens da tradição das religiões afro-brasileiras, onde muito mais importante do que presentes caros eram a fé, as cantigas e as boas energias depositadas ali por aqueles que não têm bens materiais”, afirma Rezende.
Ele comemora a continuidade da já tradicional festa, feita anualmente antes do 2 de fevereiro. A antecipação ao dia oficial dedicado a Iemanjá, explica o ativista, é uma estratégia para conscientizar as pessoas de que elas não devem poluir o meio ambiente.
“O presente ecológico é uma forma educativa de saudar nossa ancestralidade. As pessoas precisam cuidar da natureza e buscar o equilíbrio das energias”, define.
FÉ E MILAGRE
A preparação para o presente começa nesta sexta-feira, às 5h, quando pescadores da comunidade Solar do Unhão entrarão no mar para pescar em homenagem à Iemanjá. Todo o peixe fisgado servirá para fazer uma grande moqueca para a comunidade, ao meio-dia de sábado. No ano passado, mais de 50 quilos de pescados foram servidos pelos organizadores após a entrega do presente.
Este ano, a festa comemora ainda um milagre atribuído aos orixás. Há duas semanas, um dos organizadores do presente, o grafiteiro Júlio Costa, e um jovem da comunidade saíram para velejar e, devido a problemas técnicos, ficaram à deriva no mar durante toda a madrugada. Ele só foi encontrado pela Capitania dos Portos horas depois, por volta das 6h da manhã, na Ilha de Itaparica, para onde as ondas o levarem. Por isso a homenagem ao caboclo Marujo, protetor dos marinheiros.
O QUE: Entrega do presente ecológico para Iemanjá
QUANDO: 28 de janeiro (sábado), a partir de 9h
ONDE: Comunidade Solar do Unhão (Gamboa), Avenida Contorno