A Tailândia suspendeu, nesta segunda-feira (7), os planos de deportar a jovem saudita Rahaf Mohammed al-Qunun, 18, que foi presa em Bangkok depois de fugir de sua família durante férias no Kuwait e se trancou em quarto de hotel no aeroporto para impedir que autoridades de imigração a expulssassem do país.
Rahaf está no aeroporto internacional de Bangkok desde sábado, quando chegou em um voo do Kuweit. Ela afirma ter medo de ser assassinada se voltar para a família, que não pôde ser encontrada para comentar as acusações de abuso feitas pela jovem.
Agora, autoridades tailandesas planejam se reunir com representantes da Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) para discutir o caso, disse a repórteres o chefe de imigração da Tailândia, Surachate Hakparn.
Hakparn havia negado mais cedo alegações de Rahaf de que ela estaria sendo detida a pedido da Arábia Saudita.
O Ministério de Relações Exteriores saudita também negou as acusações de Rahaf de que a embaixada do reino teria confiscado seu passaporte, dizendo em publicação no Twitter que a jovem foi parada no aeroporto por violar as leis de imigração da Tailândia.
Denúncias feitas pelo Twitter
Nesta segunda-feira, Rahaf publicou no Twitter um vídeo em que aparece bloqueando a porta de seu quarto de hotel com uma mesa e um colchão.
A saudita disse à Reuters que fugiu do Kuwait enquanto sua família visitava o país do Golfo e que planejava viajar da Tailândia para a Austrália para pedir asilo, mas foi detida após desembarcar em Bangkok e informada que seria deportada.
“Meus irmãos e minha família e a embaixada saudita estarão me esperando no Kuweit”, disse Rahaf por mensagens de texto e voz enviadas de seu hotel no domingo.
“Eles vão me matar”, disse. “Minha vida está em perigo. Minha família ameaça me matar pelas coisas mais triviais.”
Questionada sobre porque está buscando refúgio na Austrália, ela disse: “Abuso físico, emocional e verbal e por ficar presa dentro de casa por meses. Eles ameaçam me matar e me impedem de continuar minha educação.”
A cultura saudita e a política de guardiões exige que mulheres tenham a permissão de um parente homem para trabalhar, viajar, se casar e até ter acesso a alguns tratamentos médicos.
No ano passado, o país muçulmano altamente conservador suspendeu uma proibição que impedia mulheres de dirigir.
R7