O bairro de Valéria, local de uma operação em que morreram um policial federal e quatro homens na manhã desta sexta-feira (15), em Salvador, fica às margens da BR-324 e da BA-528, e é disputado por facções por ser próximo a saídas de capital baiana. Além disso, o local abriga empresas de transporte de cargas e algumas fábricas.
A região está situada à margem direita da rodovia BR-324, no sentido da Feira de Santana-Salvador, próxima dos bairros de Águas Claras e Palestina.
É o primeiro bairro da capital baiana para quem acessa pela rodovia e está localizado a cerca de 20 quilômetros do Centro. Valéria é composta de conglomerados de loteamentos. Os mais conhecidos são o Derba, Boca da Mata, Nova Brasília e Lagoa da Paixão.
Segundo informações da Prefeitura de Salvador, na década de 20, o então governador Antônio Aragão prometeu construir uma estrada que ligaria Valéria à cidade de Feira de Santana, projeto que não veio a ser concretizado.
Nessa época o bairro pertencia ao município de Lauro de Freitas, que fica na Região Metropolitana de Salvador. A região foi anexada a Salvador em 25 de setembro de 1969, através de um projeto da Câmara dos Deputados.
A prefeitura de Lauro de Freitas chegou a recorrer da decisão, mas em março de 1973, entregou o bairro a Salvador.
Histórico de violência
Valéria fica em um ponto considerado estratégico para o tráfico de drogas e é palco de constantes confrontos entre facções criminosas de atuação local e nacional.
O bairro fica em uma região que margeia duas rodovias, a BR-324 e a BA-528, conhecida como Estrada do Derba, onde ocorre a operação desta sexta. Além disso, a localidade está em um dos limites de Salvador, próximo ao município de Simões Filho, e têm uma extensa área de matagal.
Operação desta sexta
Entenda abaixo pontos da operação realizada nesta sexta-feira (15), em Valéria:
Desde agosto, a Polícia Federal participa de operações na Bahia como parte de um acordo de cooperação entre o governo estadual e federal para reprimir a criminalidade no estado.
- 👉 Um policial federal e quatro homens morreram em um confronto. Outros dois agentes da corporação ficaram feridos;
O policial Lucas Monteiro Caribe chegou a ser socorrido com os outros dois agentes (um da Polícia Civil e outro também federal) para o Hospital Geraldo Estado (HGE), na capital baiana, mas chegou à unidade sem vida. Não há detalhes sobre o estado de saúde dos outros policiais.
Os outros dois homens que morreram são suspeitas de fazer parte do grupo criminoso que trocou tiros com os policiais.
- 👉 De acordo com a secretaria da segurança da Bahia, um grupo criminoso está escondido em uma região de mata fechada, do bairro periférico da capital baiana;
- 👉 Equipes das Polícias Federal, Militar e Civil cumprem ordens judiciais na capital baiana, à procura de foragidos, armas, munições e entorpecentes;
- 👉 Cerca de 100 policiais de unidades ordinárias e especializadas das forças federal e estadual participam da operação integrada;
- 👉 Por causa da ação, um intenso engarrafamento foi formado nas regiões da Estrada do Derba, Estrada Velha de Paripe e na Avenida Afrânio Peixoto, conhecida como Suburbana;
- 👉 Segundo a Secretaria de Mobilidade de Salvador (Semob), os ônibus do transporte público da capital baiana tiveram o itinerário desviado;
- 👉 Helicópteros do Grupamento Aéreo (Graer) da Polícia Militar realizam varreduras na região de Valéria e do subúrbio ferroviário à procura dos suspeitos;
Governador da BA fala sobre operação em bairro de Salvador e lamenta morte de policial
Nesta sexta, o governador Jerônimo Rodrigues apresentou novas viaturas na cidade de Feira de Santana, a 100 km de Salvador. Perguntado sobre a operação integrada em Salvador, ele lamentou a morte do policial federal.
“Eu quero me solidarizar com a Polícia Federal, que perdeu um homem na iniciativa de uma operação, em Valéria. É uma iniciativa da polícia em desmontar a atuação do crime organizado na Bahia”, disse Jerônimo Rodrigues.
De acordo com o governador da Bahia, a determinação dele, do secretário de segurança Marcelo Werner, do presidente Lula e do ministro Flávio Dino é de que a polícia “não dê trégua” para os criminosos.
“Nós não queremos e determinamos que sejam trazidos corpos. Queremos presos, para que a gente possa, a partir da prisão deles, garantir mais informações e fazer uma operação com sucesso”, afirmou.
Insegurança na Bahia
Governador da Bahia fala sobre crise da segurança pública no país
A Bahia vive momento de insegurança nos últimos meses, com troca de tiros entre policiais e homens armados e apreensões de armas pesadas. No início deste mês, o secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, admitiu que a guerra entre facções é a principal responsável pela violência no estado.
Um mês antes, a PF e a Secretaria de Segurança Pública da Bahia lançaram a ‘Força Integrada de Combate ao Crime Organizado’. No desfile do 7 de setembro, o governador do estado negou que vai pedir intervenção federal para a segurança pública do estado, após os casos de violência registrados em Salvador.
No entanto, Jerônimo Rodrigues admitiu a possibilidade de adotar a medida futuramente, caso entenda que isso seja necessário. “Se precisar, não terei problema, mas não há ambiente agora para a gente poder duvidar [da segurança da Bahia]. Não é preciso a intervenção do governo federal no estado da Bahia. Estamos tranquilos e firmes com isso”, disse.
G1