Apesar de ter uso recomendado pelos fabricantes de veículos há décadas, o aditivo para radiador, que deve ser misturado à água do sistema de arrefecimento, ainda causa dúvidas. Muita gente sequer o utiliza, por desconfiar de seus efeitos ou por puro desconhecimento. Se esse é seu caso, é melhor dar uma chance ao produto: o aditivo para radiador cumpre papel importante no motor do carro.
Primeiramente, vale destacar que o aditivo para radiador reduz a temperatura de congelamento e eleva o ponto de ebulição da água. Assim, ela passa a ferver em temperatura mais alta. Além disso, o aditivo para radiador tem como função impedir que as galerias do motor sofram corrosão em decorrência do contato com a água.
Antônio Alexandre Ferreira Correia, engenheiro de produtos da Petrobras Distribuidora, explica que a água, mesmo tratada, tem cloro ou flúor, além de outros minerais. Esses elementos, quando entram em contato com as paredes metálicas do motor, sofrem reações químicas. O resultado é a formação de uma espécie de crosta ferruginosa, que dificulta a troca de calor entre o bloco e o fluido.
Outra finalidade é lubrificar a bomba d’água do veículo. “A água é um bom refrigerante, mas um mau lubrificante”, diz Correia. Ao trabalhar por longos períodos sem lubrificação adequada, essa bomba costuma apresentar defeito e precisar de substituição. Se o fluido estiver contaminado por ferrugem, o desgaste é ainda maior.
Aditivo para radiador é especificado pelo fabricante do carro
O aditivo para radiador é um composto químico chamado de etilenoglicol, cuja base é o etileno. Porém, os produtos têm fórmulas e propriedades distintas. Há, por exemplo, os orgânicos e os inorgânicos, que também se subdividem. Saber qual deles é o mais adequado ao seu carro é simples: basta consultar o manual.
“O proprietário deve sempre seguir a recomendação do fabricante do veículo”, afirma o engenheiro da Petrobras Distribuidora. Isso porque o motor é projetado para funcionar com um aditivo para radiador que tem determinadas características. Se o motorista altera a especificação, o desempenho do sistema de arrefecimento também muda.
O engenheiro Henrique Pereira, membro da Comissão Técnica de Motores Ciclo Otto da SAE Brasil, atenta para outra questão: “não se deve misturar produtos de marcas diferentes”, pondera. Ele adverte que, se o aditivo para radiador tiver baixa qualidade, poderá até mesmo propiciar a formação de resíduos nas galerias de arrefecimento.
Pereira recomenda o uso de produtos à base de etilenoglicol e considera-os suficientes para prevenir corrosão e assegurar bom funcionamento geral. Ele desaconselha a aplicação de aditivos adicionais, disponíveis no mercado. “Alguns fabricantes prometem benefícios a mais, porém dá pra desconfiar dessas promessas”, pontua. “Existem tanto produtos bons quanto ruins à venda”, sintetiza.
Correia também julga que os aditivos para radiador à base de etilenoglicol bastam para o motor. “De modo geral, o fluido já tem todas as propriedades necessárias. Ele explica que esses produtos evoluíram ao longo do tempo e são capazes de proporcionar todos os benefícios necessários.
‘Nunca usei! Posso colocar o aditivo para radiador agora?’
De acordo com Correia, proprietários que não utilizam o aditivo para radiador não devem temer problemas ao adotá-lo. “O etilenoglicol vai impedir que as impurezas aumentem”, declara. “Ele não tem poder de limpeza; sua função é proteger contra corrosão, permitir lubrificação e aumentar o ponto de ebulição”, ratifica. Desse modo, receios de que sujeira se solte e cause entupimento são infundados.
O especialista da Petrobras Distribuidora destaca que existem produtos próprios para limpeza, cuja utilização pode ser necessária caso haja muita ferrugem no sistema de arrefecimento. Porém, eles são aplicados apenas para eliminar as impurezas e devem ser retirados na sequência. Após esse procedimento, o reservatório deve ser preenchido com etilenoglicol e água.
Mistura com água desmineralizada
O aditivo para radiador não é utilizado puro, e sim misturado à água. A proporção entre um e outro líquido a ser utilizada também é definida pelo fabricante do veículo, assim como o prazo de troca. Além disso, a água deve ser desmineralizada, ou seja, sem minerais em sua composição. “O motorista nunca deve utilizar água da bica”, avalia Correia.
Pereira também indica o uso de água desmineralizada ou, no mínimo, tratada, misturada ao etilenoglicol. Ele acrescenta que, eventualmente, pode ser preciso completar o nível do reservatório. Mas alerta que variações muito grandes ou constantes são sinal de vazamento. “Nos carros mais modernos, o fluido se mantém estável”, afirma.
Caso seja realmente constatado algum problema, o engenheiro da SAE Brasil aconselha a substituição de todo o fluido, formado pelo etilenoglicol e a água. Além disso, vale lembrar que o sistema funciona sob pressão e, por isso, o reservatório só deve ser destampado com o motor frio.
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