Durante este mês é celebrado o “Agosto Dourado”, campanha nacional de conscientização da importância do leite materno nos primeiros anos de vida dos bebês. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aconselha a amamentação de forma exclusiva por seis meses sem a necessidade de qualquer complemento, como água e chás.
Segundo um estudo de indicadores de aleitamento materno do Ministério da Saúde, no Brasil, o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses abrange 45,8% dos bebês, 52,1% das crianças de até 12 meses e 35,5% em bebês de até 24 meses. Apesar de ter registrado um crescimento, os números no país estão abaixo da meta da OMS, que é atingir até 2030, 70% de aleitamento exclusivo nos seis primeiros meses.
A professora de Enfermagem da Unijorge, enfermeira obstetra e consultora de aleitamento materno, Railene Pires, destaca que a prática tem extrema importância para a saúde e o desenvolvimento tanto do bebê quanto da mãe. “Além de fornecer todos os nutrientes necessários para o crescimento, o leite materno também é rico em anticorpos que ajudam a proteger o bebê contra diversas doenças, como diarreia, infecções respiratórias e alergias”, acrescenta a especialista.
O aleitamento traz também inúmeros benefícios para quem amamenta, pois ajuda o útero a voltar ao seu tamanho normal mais rapidamente após o parto, reduz o risco de hemorragia pós-parto, pode proteger a mãe contra o câncer de mama e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Além disso, é um momento importante para criar laços afetivos entre mãe e filho.
A profissional explica que algumas técnicas auxiliam para uma amamentação adequada, como certificar a pega do bebê e se a criança está sugando efetivamente. “Apesar da sucção ser um ato reflexo, o bebê precisa aprender a retirar o leite do peito. O mais importante é a pega correta, pois irá prevenir fissuras e dor”, aponta. Outras recomendações são o uso de roupas que permitam uma boa movimentação, posição confortável da mãe e do bebê, que deve estar sempre de frente para a mama e com a barriga encostada na barriga da mãe.
Antes de iniciar a amamentação, a mulher deve observar se a mama está muito cheia, em caso positivo, será preciso massagear e ordenhar. A massagem é realizada com o dedo indicador e médio, fazendo movimentos circulares começando pela aréola e seguindo por toda mama. A mãe deve levar o bebê ao peito e não o peito ao bebê, e procurar a posição que for melhor para os dois, sendo as mais utilizadas, a tradicional, a invertida e a deitada.
A especialista esclarece também uma preocupação muito comum que é saber se o bebê mamou suficiente. A professora explica que quando o bebê consegue se alimentar ele vai apresentar os sinais de saciedade. “Quando ele começa a mamada está tenso com as mãozinhas fechadas, à medida que ele vai se alimentando, as mãos começam a abrir, o bebê também pode soltar o peito quando está saciado”, ressalta. Cerca de cinco dias após o parto, o bebê alimentado terá a troca de seis a oito fraldas molhadas por dia e irá ocorrer a mudança na coloração do mecônio, que é a primeira eliminação intestinal.
“A amamentação pode apresentar desafios iniciais para ambos, e em casos de dificuldades, é altamente recomendado que a mãe procure ajuda o mais rápido possível, com orientação de obstetras, pediatras, enfermeiras e consultoras de aleitamento. O suporte adequado pode fazer toda a diferença para que este momento seja gratificante para a mãe e o bebê, conclui a professora Railene.